sábado, 28 de dezembro de 2019

Maurício Norberto Friedrich (Trovas Avulsas)


1
A vida, às vezes, malvada,
traiçoeira, inconsequente;
nos tira a pessoa amada
e não tem pena da gente.
2
Almejem sempre a vitória,
em todos empreendimentos,
que ficarão na memória,
pelos seus merecimentos.
3
Amar-te, pra mim, foi vício,
doença que não tem cura;
e este foi grande suplício
que me levou à loucura.
4
Amor é doce tormento!
Amor é vício sem cura!
É o amor um linimento
entre a razão e a loucura!
5
Ao Novo Tempo a vitória,
neste concurso de paz:
pois, já bem merece a glória
quem pela trova assim faz.
6
Ao ter fé em Nosso Senhor,
levo a vida em linha reta,
pois, com fé, esperança e amor,
minha vida se completa.
7
Ao ver a Lua Bailando,
com tanto brilho e esplendor,
eu já me ponho rezando:
- Obrigado, meu Senhor!
8
Aposentou-se o freguês…
e a pobre esposa reclama
que, banho, é só um por mês,
mas, sem tirar o pijama!
9
As marcas que a tua ausência,
deixou em meu coração,
são as marcas da pungência
da nossa separação.
10
As trovas de um trovador
são belas, ricas em rimas
pois são feitas com amor,
verdadeiras obras primas!
11
Bailando sempre a procura
do néctar de belas flores,
o beija-flor, com ternura
não se importa com as cores.
12
Beber da fonte hipocrátlca
para o médico é um dever,
é a fórmula democrática
da medicina exercer!
13
Casamento - ação esperta!
Isto já está definido,
onde uma parte está certa
e a outra é sempre o marido!
14
Com grande amor e trabalho,
carinho e dedicação,
do meu amor eu me valho,
pra fisgar teu coração!
15
Combater, do fumo o vício
para o médico é um mister:
exaltar seu malefício
como a ética requer!
16
Combater com veemência
o triste vício do fumo,
sem dó e sem clemência,
pra saúde andar no rumo!
17
Compondo versos eu sonho,
que trovador, inda, serei
e, nos versos, que componho
no teu nome já pensei!
18
Contigo sinto que a vida
tem sentido e fulgor,
pois teus carinhos, querida,
dão esteio ao meu amor!
19
Cuida, ao contar um segredo,
em quem tu vais confiar:
é a liberdade, bem cedo,
que, ao certo, vais entregar...
20
Da singeleza nos vem
mensagem de amor e de paz;
é a mensagem de Belém
que um anjo de Deus nos traz!
21
Dando fim às duras penas,
nossa princesa c'oa mão,
com dois artigos, apenas,
aboliu a escravidão...
22
Daquele beijo roubado,
em pausa de tua festa,
sinto o gosto adocicado,
o bom sabor que me resta.
23
Desta vida, na escalada,
cada degrau tem a altura,
muito bem delimitada
no tamanho da cultura.
24
Descrente, sou eu, de tudo...
muito mais sou de sereia
mas, é no verão, contudo,
que vejo tanta na areia!
25
Distante de ti, amor,
noites insones, eu passo
fazendo a Deus um clamor:
pra ver-te, um dia, em meu braço!
26
Do amor, divino expressar,
a encantadora seresta
faz da janela um altar,
de apaixonados, em festa.
27
É indizível a tristeza,
dum sabiá na gaiola;
cabisbaixo e sem beleza
nem à amada, cantarola!
28
É Natal! Que cante o sino
para ao mundo anunciar
a vinda do Deus Menino
que hoje veio nos salvar!
29
É nobre de coração,
o médico pediatra:
dá amor, carinho e afeição,
à toda criança que trata!
30
Já no ocaso desta vida,
com tanta conta a ajustar,
peço a Deus, seja abatida
a despesa... por te amar!
31
Lembranças da mocidade
são um espelho em que a gente
só vê, com tanta saudade,
o passado... no presente!
32
Lembro de ti, com saudade,
nos tempos que longe vão;
tu eras felicidade,
dentro do meu coração!
33
Lindos traços, no teu rosto,
que harmonizam a beleza,
me fazem exclamar com gosto:
-Tu és, sim, minha princesa!
34
Pobre é a nação sem cultura,
sem heróis e sem memória,
cujo povo não procura
resgatar a sua história!
35
Poesia, versos de amor
nascidos no coração;
versos em que o rimador
exprime a sua paixão.
36
Poeta! Sou trovador!
Que todos possam saber:
faço trovas por amor,
faço trovas por prazer.
37
São Francisco, nas veredas,
feito um pobre vagabundo,
despido de suas sedas,
encheu, de amor, este mundo!
38
Saudade é uma dor silente
que nos ataca e vem mansinha;
entra no coração da gente,
toma posse e ali se aninha!
39
Saudade, saudade e meia,
é o que sinto de você;
meu coração serpenteia,
- só você é que não vê!
40
Saudade! Triste amargor!
Dolorosa e tão pungente,
a nos causar tanta dor;
só a entende quem a sente!

Fonte:
Luiz Hélio Friedrich. Maurício Norberto Friedrich. Família Friedrich em Trovas. Curitiba/PR: Centro de Letras do Paraná, 2018.

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