segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

J. G. de Araújo Jorge (Líricas) 3


LÍRICA Nº 31

Depois que te encontrei,
não basta a palavra amor -
para dizer o que sinto.

Só pedindo o silêncio de Deus
para confessar-me.

LÍRICA Nº 32
   
Depois que te foste,
sou como um cais vazio.

Faltam bandeiras, faltam apitos, faltam amarras,
falta o navio.

LÍRICA Nº 33

Livres nos encontramos,
e algo acima de nós
nos fez um do outro
e nos escravizou...

Agora, livres novamente
somos dois pássaros
que já não sabem voar
fora da gaiola...

LÍRICA Nº 34
   
Nas lembranças deste amor,
no pensamento,
surges tantas vezes
como um luar se gastando inutilmente
sobre velhas ruínas...

LÍRICA Nº 35

Nesta dor funda e persistente,
apagada e sombria
como uma brasa,
resta apenas a lembrança
de que um dia nos consumimos
em altas chamas efêmeras...

LÍRICA Nº 37

Tenho a impressão
de que até no teu pensamento
voltas o rosto à minha passagem...

Será o medo de me reconheceres,
ou a desconfiança da tua coragem?

LÍRICA Nº 41
   
Depois que tudo acabou,
penso que foi melhor não ter te conhecido
antes...

Na verdade,
antes
eu tivesse te conhecido depois...

LÍRICA Nº 42
  
Sempre que te encontro, é para sempre.
Sempre que me afasto, é para nunca.

E já que nunca mais te encontro,
é para sempre.

LÍRICA Nº 44
   
Sim, fui poeta muitas vezes...

Me lembro daqueles momentos de silêncio
em que nos encontrávamos
para falar de amor...

LÍRICA Nº 45

Havia em mim uma fonte de ignorada ternura
que ansiosa descobriste...

Estranho que a tenhas abandonado
quando tão sedenta te mostravas...

Fonte:
J. G. de Araújo Jorge. Os Mais Belos Poemas Que O Amor Inspirou. vol. 3. SP: Ed. Theor, 1965.

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