quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Atílio Andrade (Poemas Avulsos) 2


ABELHAS

Voam num frenético  zumbido 
das flores colhem sem "estresse "
e parecem terem sumido
mas, voltam na mesma flor sem GPS.

Colhem o néctar, o pólen
e para colmeia  vão  levar
e mais tarde vão além
em mel, cera, própolis, transformar.

Abelhas existem são doces
outras também  assassinas,
vieram de longe, alguém  trouxe.

Enfeitam os jardins e ensinam
com seu trabalho, polenizador e escravo,
como se beija a rosa perto do cravo.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

A BRUXA DO AMOR

Vassoura na mão
Gritando , empurrando
Fervendo na ação
Jurando , jorrando
Eterno amor...

Na encruzilhada da dor
Onde inferniza o trotar
Sem jeito, no olhar
Sincero de quem
Não  sabe de onde vem
A felicidade a jorrar
Nas bruxarias, a mostrar.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

MOMENTO

Plem... plem... plem
Rasga um sino. Morre o sol no horizonte.
Uma coruja avança. O Silêncio
No agouro da noite.
O dia pouco a pouco se consome,
Vem a noite!
Com passos firmes em meio ao luto das trevas…
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

PRIMAVERA

Até que em fim
Sorri o jardim
Onde dançam os sabiás
Entre as folhas e flores
Fazem ninhos cá e lá
Dando adeus ao que já era
Vivendo a alegria da primavera
E no bailado açucarado
Vão empilhando seu canto
Voando pra todo lado.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

RIO TEJO

De onde estou o mundo vejo  
Brilhando  lá fora pelo clarão
Luzes a iluminar o ímpar Tejo
Fechado estou, sufoca o coração

Um besouro escorrega pela
Janela entreaberta e foge
Voando, rasante atropela
A brisa que perfuma o hoje

E cruzando, caracóis de ruas
Pelo Tejo, buscando o mar
Um veleiro navega às escuras

Abrindo horizontes a sonhar
Lembranças portuguesas carrega
E ao mundo o exemplo delega
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

TEATRO

Nossa vida é um teatro
Onde interpretamos nossos dias
Lindos, perfumados, criativos de fato
Felizes, sorridentes, amargos ou frias
De acordo com os acontecimentos
Onde as interpretações nos levam
A saciar ilusões contidas nos passos
Ou na construção de ideias
No desespero entre os laços
Do fazer e fugir
Do querer e fingir
Do ver e não crer
Ou não querer saber...
Do acontecer ou do fracasso , enfim:
Somos surpreendidos neste teatro
Onde nosso coração ateia fogo
E , sopramos a fumaça
Que bem perto passa...
E nos dá vida nesse jogo.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

VAZOU

A lua está cheia
E por trás das nuvens clareia
Fazendo brilhar no chão a areia
Que pouco a pouco alumeia
Meus passos, num vai e vem, sem eira
No mundo bem na beira...
E no amor que vazou da gibeira
Não entendi teu olhar, besteira,
Definitivamente dei bobeira.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 
Fonte: Revista Carlos Zemek – Arte e Cultura  https://revistacazemek.blogspot.com/

Nenhum comentário: