Escrever um romance de suspense (ou melhor, de qualquer gênero) é uma tarefa complicada. Pensando assim, você pode organizar as suas ideias no papel antes de começar de fato para não se perder. Depois, crie personagens, vítimas, suspeitos e protagonistas para dar o pontapé inicial na narrativa!
PENSANDO NA ESTRUTURA DO ROMANCE
1 – Decida onde o enredo vai acontecer.
A ambientação da história nem sempre é tão importante no início, a menos que você tenha uma ideia geral de onde quer que ela aconteça de fato. Essa ambientação inclui o local, a data, a época do ano, a região geográfica e até o clima.
Pense no clima (não de tempo) que você quer dar à história, que é bastante influenciado pelo local onde ela acontece.
Por exemplo: um suspense ambientado em São Paulo no início do século XIX seria muito diferente de outro, ambientado no interior de Minas Gerais no início do século XX.
Outro exemplo: os romances estrelados por Sherlock Holmes criam toda uma ambientação soturna a partir da Era Vitoriana e de Londres.
2– Organize a narrativa.
A narrativa inclui todos os passos do romance, indo do início ao fim. Geralmente, ela tem oito etapas: inércia, gatilho, busca, surpresa, escolha crítica, clímax, inversão e resolução (embora esses nomes variem de autor a autor).
– Na inércia, tudo ainda está na normalidade. Você pode começar contando o dia a dia do detetive, de uma testemunha ou de qualquer ponto de vista que queira abordar.
– O gatilho, por sua vez, é o evento que dá o pontapé inicial à busca (geralmente, um assassinato em suspenses).
– A surpresa está nas complicações que surgem a cada momento da narrativa. Em um romance de suspense, as surpresas podem acontecer quando urgem novas provas do crime, novas motivações para o que aconteceu, novos suspeitos e assim por diante.
– A escolha crítica é o ponto crucial da história do protagonista. É nesse momento que ele tem que decidir como vai agir para terminar o enredo — e, muitas vezes, a decisão não é fácil e define o caráter do personagem. De forma geral, essa decisão leva ao clímax, momento em que a ação e a tensão chegam ao ponto máximo.
Por exemplo: o detetive pode começar a perseguir o suspeito para capturá-lo.
– A inversão e a resolução mostram como os personagens mudaram e o que caracteriza a nova realidade deles.
3 – Coloque intrigas no cerne da história.
Você tem que deixar o leitor com a pulga atrás da orelha o tempo todo. Dá até para começar o enredo com um cadáver e detetives investigando a cena, mas é muito mais interessante fazer o leitor se questionar o que está acontecendo desde o início.
Crie uma situação hipotética improvável. Por exemplo: um enredo em que uma mulher tire os seus filhos do seu testamento e deixe tudo para um homem que está no leito de morte; logo depois, alguém é assassinado. Isso é interessante, dá um gosto de quero mais e não é exatamente corriqueiro.
4 – Monte um esqueleto da progressão do enredo.
Depois de decidir os passos básicos da narrativa, passe a montar um esqueleto mais detalhado dela. Avance de capítulo a capítulo, sempre escrevendo uma descrição breve do que vai acontecer para não se perder na hora de colocar tudo no papel pela última vez.
Por exemplo: escreva "Capítulo 1: apresentar a protagonista, a detetive Rebeca Novaes. Começar em casa, mostrando ela se arrumando para o trabalho. O telefone toca e ela descobre que houve um homicídio".
DICA DE ESPECIALISTA
Comece com a pergunta à qual o personagem principal tem que responder. A escritora e roteirista Lucy Hay afirma: "O roteiro de um suspense é complexo. No geral, ele começa com um crime ou uma pergunta a que alguém tem que responder. Além disso, há um personagem que assume o 'papel' de detetive no centro narrativo. Essa pessoa não precisa literalmente trabalhar com investigação, mas deve ter motivação para sanar a dúvida que tem em mente".
5 – Dê pistas físicas, verbais e temáticas ao leitor.
Essas pistas se encaixam em três categorias: físicas, verbais e temáticas. As pistas físicas são: gotículas de sangue, rastros de DNA que podem ser analisados, marcas de pegadas etc.; as verbais são as coisas que os personagens dizem uns aos outros; as temáticas são aquelas que têm a ver com trejeitos e características desses personagens, como um vilão que só usa preto ou tem um tique nervoso.
Você pode criar essas pistas de duas formas diferentes: imediata, como quando o assassino deixa cair um objeto pessoal na cena do crime (que o leitor nota ou não), e futura, como quando os investigadores fazem um teste com uma amostra de DNA e o leitor demora um pouco para ser informado do resultado.
Também existe uma diferença no nível de sutileza. Algumas pistas são bastante óbvias, como quando o assassino deixa a arma na cena do crime. Outras são mais sutis, como quando a roupa que a vítima está usando ajuda na resolução do homicídio.
Você não precisa incluir todas as pistas nos estágios iniciais do planejamento, mas pelo menos pense em alguns pontos indispensáveis ao longo do romance. Também não adianta tentar enfiar tudo em uma só cena.
6 – Estude a fundo o tema do enredo.
Você tem que saber do que está falando para convencer o leitor. Por exemplo: se pretende escrever um suspense que traga rituais bíblicos ou pagãos, estude esse assunto de maneira aprofundada.
Você pode pesquisar na internet, mas não se esqueça de usar também recursos como a biblioteca pública local.
Dá para descobrir bastante com uma pesquisa básica, mas contar com a experiência é ainda melhor. Por exemplo: participe de algum ritual que tenha a ver com a história que você quer escrever.
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continua…
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