Lisboa/Portugal
O dia acordou envergonhado.
Como se estivesse a despertar de um sonho que o tempo transformou em pesadelo.
Um tempo medido por uma bitola imensuravelmente desgovernada.
Os olhos cansados pestanejam vermelhos de incompreensão.
Nesse sonho a noite velava pelo descanso de dois corpos subnutridos pela correria incessante dos dias.
Velava também pelo sorriso angelical da criança no meio de ambos, habituada a ter o seu mundo num espaço muito exíguo, despido de qualquer ostentação.
São sonos acostumados a escutar sirenes rasgando o ar da noite com o seu lamento estridente. Corpos correndo para abrigos enquanto projetam sombras fantasmagóricas nas paredes, por entre gritos e imprecações.
Nesta noite, um silvo aterrador precedeu uma explosão de luz que projetou destroços em todas as direções.
Desta vez a sirene não quis acordar a noite.
E o sonho, esse transformou-se em sono eterno.
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