sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Lucy V. Hay (Como Escrever um Mistério de Assassinato) – 2

CRIANDO OS PERSONAGENS

1 – Crie uma ficha individual para cada personagem. 

Você pode criar uma ficha para cada personagem importante da narrativa — para nunca se esquecer da função deles. Inclua descrições físicas, um pouco da história de vida (até o que aconteceu antes do início do enredo), com o que eles trabalham, o que estudaram e como é a sua personalidade. 

Você pode incluir também as idiossincrasias e peculiaridades dos personagens.

Consulte essas fichas para nunca se confundir ou esquecer de detalhes dos personagens.

Crie personagens que não só sejam agradáveis, mas mereçam empatia. Personagens bonzinhos demais nunca ficam tão interessantes assim. Pense em sujeitos complexos, com qualidades e defeitos, mas que chamem a atenção do leitor.

Por exemplo: pode ser que o personagem viva chegando atrasado, não tenha uma boa relação com a mãe e odeie os colegas de trabalho. Inspire-se até em conhecidos seus!

Um personagem pode despertar empatia de diversas formas. Por exemplo: talvez ele esteja tendo problemas financeiros ou seja a vítima do crime; talvez seja uma pessoa altruísta, mesmo que tenha os seus momentos de egoísmo.

O personagem Sherlock Holmes, um dos mais famosos protagonistas de suspenses da literatura, não é necessariamente agradável. No entanto, ele é interessante e capta a atenção dos leitores por ser inteligente e bom no que faz.

2 – Inclua vários suspeitos. 

Geralmente, não adianta colocar só um suspeito na história. Qual é a graça disso? Pense em cinco ou seis personagens que possam ter cometido o crime.

A história fica muito mais interessante quando há diversos suspeitos, já que o leitor tem que tentar descobrir quem é o criminoso real.

3 – Pense nas motivações dos suspeitos. 

Cada pessoa enquadrada como suspeito deve ter uma motivação forte e plausível o bastante para ter matado a vítima. Caso contrário, o texto vai ficar chato de ler. Fuja do óbvio, como usar a herança que o morto deixaria como motivação para todos os suspeitos.

Veja alguns exemplos legais de motivações: se um suspeito queria guardar um segredo, outro queria ficar com milhões da vítima e um terceiro estava com inveja dela etc.

4 – Crie um assassino verossímil. 

A pessoa que de fato for culpada pelo homicídio deve ter plena capacidade de cometer o crime, seja física ou emocionalmente. Caso contrário, o leitor vai se sentir enganado. Por exemplo: um homem velho e mirrado provavelmente não conseguiria pegar um cadáver e jogá-lo ponte abaixo, mesmo que estivesse cheio de adrenalina.

5 – Entre na mente do detetive. 

Muitas vezes, um romance de suspense tem como protagonista o detetive que investiga o crime. Você pode contar a história do ponto de vista dele (algo bem intenso, mas profissional) ou optar pela terceira pessoa (onisciente), desde que conheça o personagem central de cor e salteado.

Pense nos seguintes termos: o detetive é uma pessoa completamente lógica? Ou ele se deixa levar pela intuição de vez em quando? Ele é analítico e observador ou dá mais atenção ao panorama geral do crime? Quais são as suas idiossincrasias? O que o ajuda a pensar? Ele tem algum vício? Problemas familiares?

São esses pequenos detalhes que tornam o personagem mais real. Por exemplo: Sherlock Holmes é um personagem lógico e nunca confia em palpites. Contudo, ele é tão lógico que tem dificuldade para manter boas relações sociais — afinal, não é muito emotivo. Dentre as suas peculiaridades estão: precisar sempre se sentir superior a alguém, tocar violino e fazer experimentos para descobrir mais sobre como resolver crimes.

6 – Pense na vítima (ou vítimas). 

Você pode começar o enredo com a vítima já morta e, depois, desvendar os detalhes da vida dela aos poucos. Se preferir, apresente-a viva no começo e só mostre o assassinato em seguida.

Pense em como a vítima pode contribuir com a história em vida. Por exemplo: se o personagem é simpático e agradável, o leitor vai ficar mais empenhado em ver o assassino atrás das grades. Por outro lado, se ele é a antipático e desprezível, o leitor pode até nem julgar as ações do criminoso.

Pense em uma história de fundo para a vítima. Fale dela aos poucos para o leitor se identificar (ou não) com esse personagem. 

Você pode até transformar um dos possíveis suspeitos como segunda vítima mais adiante.
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continua…

Fonte: Wikihow. https://pt.wikihow.com/Escrever-um-Mist%C3%A9rio-de-Assassinato

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