ESTRADA DA VIDA
Francisco Neves Macedo
Nossa vida, grande estrada,
cada curva nova opção,
quem prefere a contra-mão,
vai cair numa enrascada...
Se a jornada está pesada,
ponha Deus na “direção”.
Ele é a grande solução
e a certeza da chegada.
Não parar no “acostamento”
que camufla o sofrimento,
seja na volta ou na ida.
Ouça o grande Condutor
e acharás para onde for:
“Caminho, Verdade e Vida”
UM DILEMA
Thalma Tavares
Vivo um dilema terrível
entre a virtude e o pecado.
Quem dera fosse possível
voltar inteiro ao passado
Assim meu pecado horrível
seria, então, anulado
e eu, num milagre incrível,
voltaria imaculado.
Então não mais pecaria.
Sem transgressões não teria
remorsos a me culpar....
Mas quando tu apareces,
e me abraças e me aqueces,
eu quero mesmo é pecar.
MEU FILHO
Humberto – Poeta (SP)
No seu bercinho, sereno,
dorme o meu filho adorado...
é tão meigo e tão pequeno,
é tão róseo e delicado!
Às vezes ri em sono pleno
entre os véus do cortinado...
Que ventura, ou bem terreno
fá-lo rir, despreocupado?
Tão belo e doce sorriso,
talvez nem no paraíso
outro igual se tenha dado!
E ao vê-lo assim,me confranjo,
perdoa-me, Deus, ter ousado
do teu céu roubar um anjo!
SONETILHOS DA INFÂNCIA
Thalma Tavares
Dizem que eu era abelhudo,
que em tudo punha o olhar,
e depois de olhar em tudo
punha-me a sós a cismar,
que era magro, melenudo,
e andava sempre a sonhar,
que o sonho era o meu escudo,
meu refúgio, meu altar.
Mas, que apesar da incerteza
de uma vida de pobreza,
vivi com muita alegria...
Tive um lar feliz e amigo
que além de ser meu abrigo,
era abrigo da poesia.
––––
Em minha infância encantada,
sensível à dor alheia,
chorei a flor esmagada
e fiz castelos na areia.
Fiz rodas com a meninada
em noites de lua cheia.
Andei na relva orvalhada
rolando a bola de meia.
Fui até rei dos folguedos
e espantei todos os medos
que a pobreza me trazia.
E além dos livros, da bola,
eu levava na sacola
sonhos, trovas e poesia.
MUNDOS
Pedro Ornellas
Criamos sempre, em criança,
cismando, ingênuos, a sós,
cheio de paz e esperança,
um mundo dentro de nós!
Porém o tempo que avança
rude, implacável, veloz,
logo transforma a bonança
em tempestade feroz!
A inveja, o ciúme, a maldade,
a mentira e a falsidade,
juntam forças sem demora...
e aquele pequeno mundo,
vira presa, num segundo,
do mundo mau que há lá fora!
MANUELA
Gislaine Canales
Manuela, neta querida
trouxeste paz e alegria,
mais luz deste à nossa vida
numa encantada magia!
Tu ganhaste, ao ser nascida
um nome, que em Teologia,
é “Deus comigo”, e elucida
tua grande simpatia!
Tenhas em teu coração
muita bondade e carinho
e vivas apaixonada!
Viver feliz é a emoção
que abranda sempre o caminho,
e és Manuela, muito amada!
JAZINHA
Amilton Maciel
Modesta, muito quietinha,
Religiosa de verdade,
é a lembrança da Jazinha,
que eu trago da mocidade.
N´hora do terço ela vinha
rezá-lo com piedade,
mas, finda a "Salva-Rainha",
procurava atividade:
Em casa era a costureira,
Quituteira... E a educadora
que nos moldou o caráter.
Doou-se a vida inteira...
Oh! titia encantadora,
que, sem ter filhos, foi "mater."!
TIZIU
Amilton Maciel
Ouvindo um psiu, psiu...
esta manhã bem cedinho,
me acordei com um passarinho
que nem sei de onde surgiu.
Só sei que, dando pulinho,
a cada psiu, o tiziu
em meu peito descobriu
um lugar para o seu ninho...
E ao ver que eu me levanto
só para vê-lo com apreço
em seu negror reluzente,
Ele mais canta e eu me encanto!
E orando a Deus, agradeço
tão mavioso presente!
PEREGRINAÇÃO
José Lucas de Barros/RN
Foi numa tarde de estio
que eu saí de mundo afora,
pagando caro, toda hora,
o meu louco desafio.
Fiquei longe do meu rio,
pelo qual meu peito chora.
Ai, campos de doce aurora,
de sol bonito e bravio!
Por esses dias tristonhos,
minha bagagem de sonhos
foi ficando pela estrada.
Salvei muitas esperanças,
mas, na mala das lembranças,
há tempos não cabe nada.
MOMENTOS
Pedro Ornellas
*Nota
Agradecendo ao poeta Octávio Venturelli ao receber um de seus livros.
Pensava no amigo e, creio
que lendo meus pensamentos,
despachou pelo correio
um pacote de acalentos!
Tão simples, sem paramentos,
porém de vida tão cheio!
E eu sinto que ao ler “Momentos”
meus bons momentos releio!
O autor do livro, um “cachorro”
que à saudade me compele
sabendo que disso eu morro...
Pelo mimo precioso
obrigado, Venturelli
(ou será que é Venturoso!?)
Fonte:
Pedro Ornellas
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