segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Antonio Manoel Abreu Sardenberg (Poesia, Soneto e Trova IV) Especial 3 em 1


Contraste
ANTONIO MANOEL ABREU SARDENBERG


Você é fogo, a chama mais ardente,
Semente a germinar em pleno cio,
É luz que o sol espalha suavemente,
É toque de prazer, é arrepio...

É água cristalina da nascente
Que corre lentamente para o rio,
Paixão que vem assim, tão de repente,
Deixando o coração por quase um fio.

Você é o meu passado mais presente...
Calor a me aquecer durante o frio,
Loucura que enlouquece loucamente!

Você é como um sonho inocente,
É brisa mansa em manhã de estio
E muitas vezes temporal fremente!

Amante é quem ama
LUIZ GILBERTO DE BARROS
(Luiz Poeta)

Somos amantes sem sê-lo,
Mesmo epidermicamente,
Somos mesmo sem sabê-lo,
Somos amantes na mente.

Se um corpo alheio, ao vê-lo,
Sentimos um calor fremente
E, num átimo, por tê-lo,
Ansiamos de repente...

Mesmo estando tão presente
A pessoa que nos ama,
Mesmo estando até na cama
Em carícias envolventes...

Traímos o que nos sente,
Sem todavia traí-lo,
Sentimos o amante ausente,
Sem entretanto senti-lo.

E não depende da gente
Lembrar alguém no momento
Do amor mais forte e envolvente,
Repleto de sentimento.

Traímos no pensamento,
Sem toques e sem contatos,
Portanto, se não há ato,
Não traímos, tão-somente.

Se em pensamentos traímos...
Traímos! ...mas quem reclama ?
Porque, quando nos unimos,
Amante é aquele que ama.

TROVAS
A. A. DE ASSIS (Maringá/PR)

Mesmo soltas e espalhadas,
as pétalas são formosas;
porém somente abraçadas
é que elas se tornam rosas!
****************
Curvada ao peso da idade,
a vovó, serena e bela,
distrai o tempo e a saudade
entre o novelo e a novela...
****************
Xô inverno... vá-se o frio...
volte depressa o calor...
que as rosas já estão no cio,
à espera do beija-flor!
****************
Os cisnes
JÚLIO SALUSSE

1872 / 1948

A vida, manso lago azul algumas
Vezes, algumas vezes mar fremente,
Tem sido para nós constantemente
Um lago azul sem ondas, sem espumas,

Sobre ele, quando, desfazendo as brumas
Matinais, rompe um sol vermelho e quente,
Nós dois vagamos indolentemente,
Como dois cisnes de alvacentas plumas.

Um dia um cisne morrerá por certo:
Quando chegar esse momento incerto,
No lago, onde talvez a água se tisne,

Que o cisne vivo, cheio de saudade,
Nunca mais cante, nem sozinho nade,
Nem nade nunca ao lado de outro cisne!

Delírio
ANTÔNIO MANOEL ABREU SARDENBERG


Fera ferida de morte,
Ave presa na gaiola,
Errante, sem tino, sem norte,
Cantador sem ter viola.

Vida sem eira, nem beira,
Noite sem brisa a soprar,
Fogo brando de fogueira,
Peixe morto à beira mar!

Sino sem tanger seu toque,
Vontade ardente de ter,
Imagem sem foco ou enfoque,
Pedra atirada em bodoque,
Aprendiz sem aprender.

Passo sem rumo ou espaço,
Cena que virou rotina,
Fama que virou fracasso,
Água parada da tina!

Rio sem leito ao relento,
Pipa perdida no ar,
Corpo pedindo acalento,
Alma louquinha pra amar.

TROVAS
ADEMAR MACEDO (Natal/RN)

Na vida o que me conforta,
está nesta frase bela:
“Deus jamais fecha uma porta,
sem que abra uma janela”!
***************

Entregue ao próprio abandono,
eu vi na rua um menino,
igualmente um cão sem dono
sem lar, sem pão, sem destino...
***************

Eu beijei tantas “donzelas”
nesta minha vida, a esmo,
que quando me lembro delas
sinto nojo de mim mesmo!...
***************

Apoteose
ANTONIO MANOEL ABREU SARDENBERG
São Fidélis/ RJ

Na bruma densa de um mar revolto,
Em manhã fria de um inverno intenso,
Sinto um medo aprisionado e envolto
Na cena fria de um terror imenso.

As ondas fortes entram pela praia
Lambendo a areia fina e cristalina,
A espuma branca vem beijar a saia
Já desbotada da pobre menina.

Do céu pesado com nuvens escuras
Faíscam raios, vêm as trovoadas,
As gaivotas fogem em revoadas...

E os meus olhos saem à procura
Do Criador, o nosso Deus Supremo,
Na apoteose de um pavor extremo!

Num dia de Chuva
MARIA NASCIMENTO S. CARVALHO

Rio de Janeiro/RJ

Num dia de chuva,
o trovão bramia,
o mar se agitava,
e o sol se escondia
nas nuvens cinzentas
dos ermos do dia...

Num dia de chuva,
a lua dormia,
o frio gelava,
o vento gemia,
e, em sonho, eu vagava
nos ermos do dia...

Num dia de chuva,
de céu sem estrelas,
eu sentia medo
saudade eu sentia,
e a luz se embaçava
nos ermos do dia...

Num dia de chuva,
de tarde sombria,
eu te divisava
em tudo que via,
mas não te encontrava
nos ermos do dia...

Num dia de chuva,
a morte matava,
e mais aumentava
a dor que trazia,
mas não recuava
nos ermos do dia...

Num dia de chuva ,
eu, triste, rezava ,
e a reza amainava
a minha agonia...
E a chuva lavava
os ermos do dia...

Num dia de chuva,
quando eu mais rezava,
minha fé crescia...
E a vida ensinava
que, nem DEUS parava,
nos ermos do dia.

TROVA

Eu não troco as ilusões
pelos caminhos mais certos.
Meu sonho de abrir portões
despreza portões abertos.
ARLINDO TADEU HAGEN
Juiz de Fora/MG

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