sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Aníbal Lopes (Praça da Jorna)

Praça da Jorna do Couço
Não busquei lá trabalho
nem discuti o preço da jorna
mas nas lembranças que baralho
há muita memória que retorna

Gente apinhada na minha lembrança
procurando desesperada, o que fazer
rua cheia de pouca esperança
alguns voltando sem nada trazer

Deambulam sortudos de faina garantida
contrastando com os de fraca procura
todos fazendo pela vida
e a vida para todos sendo dura

Escolhe-se o braço mais forte
hábil no manejo do cabo da enxada
de fora ficam os da má sorte
herdeiros de uma alma magoada

Aluga-se força produtiva
sob a égide do manageiro
não chega a paga furtiva
a quem encheu o celeiro
––––––––––-
Nota
Praça da Jorna = A «praça de trabalho» ou «praça de jorna» é pois um mercado de mão-de-obra, a que vão assalariados e proprietários rurais (ou os seus delegados: os capatazes), e em que os primeiros, como vendedores, oferecem a sua força de trabalho, e os segundos, como compradores, oferecem o salário ou jorna, que é a paga de um dia de trabalho (jornal).
(Soeiro Pereira Gomes, in http://voarforadaasa.blogspot.com/2008/12/blog-post.html)

Fontes:
Poema enviado por Lino Mendes
Imagem =http://andarurbano.blogspot.com/2008/11/praa-de-jorna-feira-das-vaidades.html

Nenhum comentário: