quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Ialmar Pio Schneider (Livro de Sonetos II)

SONETO 4243
POETA

 Ressurge a primavera fulgurando,
 e os pássaros soluçam pelos ares.
 São novos sonhos, cálidos cantares,
 são novas ilusões, um novo bando...

 Poeta, se teus cânticos calares,
 oh! com tristeza ficarás cantando
 nos gorjeios das aves, pelo brando
 vento que passa pelos verdes mares !...

 Tua ausência será na primavera,
 quando disseste um dia: - Ah! quem me dera,
 morrer numa tardinha rubra e calma

 e entrar cantando lá no paraíso,
 meus cantos, pobres cantos sem sorriso,
 que acalentam na terra as mágoas d alma !...

SONETO 15362
SONETO HENDECASSÍLABO


Não me importa que velha sejas agora,
 nem que tenhas perdido todo teu viço,
 meu coração, ainda, meu bem, te adora,
 pois foste em meu triste viver, um feitiço !...

 Mal nos conhecemos ontem, e por isso,
 faltou aquele lampejo que vigora,
 para que um amor assuma o compromisso,
 de ver se concretizar a qualquer hora...

 Um dia nos encontramos e fizemos
 de conta que nunca nos tínhamos visto,
 mas eu sei que nós dois, no entanto, sofremos

 a fim de conter o que nos ia n´alma...
 Tudo é passado... Perdoa-me se insisto
 em não te olvidar... e de perder a calma !

SONETO 16061:
SONETO HEXASSÍLABO


 Por quanto tempo ainda
 há de permanecer,
 aquela luz infinda
 que me fez renascer?

 Eu sei que vou viver,
 lembrando a jovem linda
 do meu alvorecer,
 enquanto o amor não finda...

 É por esse motivo
 que poetizando vivo,
 quer seja noite ou dia;

 e se enfrento a tristeza,
 poderei, com certeza,
 encontrar alegria…

SONETO 15637:
SONETO ENEASSILÁBICO

Apesar de só, eu me contenho
 para não turvar o dia claro;
 pois, há muito tempo meu empenho,
 é conseguir na luz, amparo.

 Sei o quanto ser feliz é raro
 e por isto humildemente venho
 pedir a Deus o clarão de um faro
 que me conduza a um bom desempenho...

 Amei e fui amado e por isso
 acredito no amor, no feitiço
 que representa esta Divindade...

 Vou morrer, um dia, não sei quando,
 mas minh´alma vai viver sonhando,
 que só no sonho há felicidade !

SONETO 15982:
SONETO EM REDONDILHA MENOR (5 sílabas poéticas)


 Se tens esperança,
 procures alguém
 que a tenha também
 pra tua confiança;

 porque não convém
 entrar numa dança
 na qual não se alcança
 algum querer bem.

 Assim a existência
 com tua paciência,
 irás desfrutar

 e por muitos anos,
 sem ter desenganos,
 poderás amar…

SONETO 15626
SONETO TRISSILÁBICO


Porventura
 conseguiste
 vida dura,
 sem ser triste?

 Se perdura
 e persiste,
 a ventura
 já existe...

 Vai em frente
 bem consciente
 do sucesso,

 pois, terás
 muita paz
 e progresso…

SONETO 15614
SONETO DISSILÁBICO


Quisera
 te amar;
 na espera
 sonhar...

 Um lar,
 quem dera,
 te dar,
 pantera !

 Depois
 viver
 feliz

 os dois
 e ter
 que eu quis !

SONETO 7993
SONETO À FILHA


 Eu canto o amor à filha que é inocente
 e floresce no lar junto dos pais;
 estudiosa, querida, inteligente,
 guardo-a no coração cada vez mais...

 Quantas vezes perdida a fé, descrente,
 passei por horas duras, infernais,
 mas um carinho dela e já contente
 esquecia os tormentos tão cruciais...

 Em nossa casa simples e modesta
 representas um rútilo tesouro
 que nos alegra e que tanto brilha;

 e agradecendo a Deus só me resta
 dizer que tens um coração de ouro
 e que és o alicerce da família…

SONETO 7861
SONETO A UMA FADA


 Fazes de conta que jamais me viste
 e eu também finjo que não te conheço;
 nossa união terminou sem ter começo
 e eu continuo, como sempre, triste.

 O que tu prometias não cumpriste;
 mas esquece-me, então, pois eu te esqueço;
 isto conosco foi mais um tropeço;
 vamos saber qual de nós dois desiste.

 Quero descrer de ti, não mais te amar;
 porém, tudo me leva à tua presença
 e por nada te posso condenar.

 Foste uma Fada que surgiu voando
 e não trouxeste, enfim, a recompensa
 ao poeta que vive te adorando…

SONETO 7441
À SOMBRA DO COQUEIRO


 À sombra de um coqueiro eu fico a meditar,
 sentindo um doce aroma espalhado no ar,
 e as águas a cantar de uma sonora fonte,
 e o sol a se esconder ao longe no horizonte,

 e os sinos a planger em dobres doloridos,
 e as aves a soltar seus últimos gemidos,
 e a brisa a balançar os galhos do arvoredo,
 e o drama desta vida ao fim quase no enredo,

 e as horas a fugir bem como as luzes frouxas
 que já vão se apagando atrás daquelas rochas,
 produzem dentro em mim uma poesia solene

 e eu sinto em toda parte um sentimento infrene
 de amar-te para sempre enquanto persistir
 o sonho mais ardente anunciando o porvir...

SONETO 6708
PASSEIO MATINAL


 Quando o sol faz menção de aparecer
 ao longe no horizonte cor de brasa,
 eu saio do meu rancho, minha casa
 e me ponho no pingo pra correr.

 Nem que a geada estiver a embranquecer
 toda a campina branca como a asa
 da garça solitária, nada atrasa
 meu madrugar que é pra mim um dever.

 Levanto nem que chova canivete
 e parto pelo campo no meu flete,
 fazendo meu passeio matinal;

 que o prazer do gaúcho é respirar,
 profundamente, de manhã, o ar
 deste forte minuano hibernal.

SONETO 16049

Certa vez quis compor os versos nobres
 que me trouxessem, afinal, a glória
 numa epopeia que transforma a história,
 mas simples como sou fiz cantos pobres...

 À tardinha, escutando os tristes dobres
 dos sinos que lembrando a trajetória
 de quem lutou e sem obter vitória,
 serei apenas eu e meus desdobres.

 Vejo a paisagem, ora ensolarada,
 as árvores floridas da estação
 primaveril em pleno curso ainda...

 e permaneço como se mais nada
 ne interessasse neste instante vão,
 mas tão brilhante de uma luz infinda…

SONETO 16032

Dediquei-me à poesia e fiz meus versos
 p´ra amenizar tristezas e tormentos,
 pois, hoje, ao vê-los por aí dispersos,
 me recordam amores ciumentos...

 Mas, se não foram, ao meu ver, perversos,
 representam os nobres sentimentos,
 não impossíveis nem também adversos,
 apesar de sofridos e violentos.

 Outrossim, me fizeram bem e mal,
 porquanto, no contexto da existência,
 vamos formando nosso cabedal...

 E tudo que tivermos computado,
 permanece no livro da existência,
 como um fiel registro do passado…

SONETO 15992

Procurei um soneto que tivesse
 algo de amor ao coração que sofre,
 e deparei-me na primeira estrofe
 com a rima perfeita que merece.

 Mas não faz mal, o texto é como a prece
 que já rezei outrora a Santo Onofre,
 cujo segredo guardo no meu cofre
 e divulgá-lo agora não carece.

 A vida é feita de altos e de baixos
 e o sofrimento dos criados guaxos
 permanece gravado em suas almas.

 Mas Deus que tudo vê lá das Alturas,
 estende Sua bênção às criaturas
 pra que vivam na paz e sejam calmas.

SONETO 15956

Sonetos, trovas, versos e canções,
 Que admiro ler de tardezinha, quando
 O sol vai no horizonte declinando
 E as horas nos envolvem de emoções...

 Se permaneço em sonhos meditando,
 Tudo vem me lembrar desilusões,
 Que ficaram das cálidas paixões
 De um passado sentido e quase brando.

 Se naveguei por mares de loucura,
 amei demais alguém que me feriu
 com a lança desleal da falsidade...

 Desejo sepultar essa amargura
 e seguir meu caminho como o rio
 que corre livremente... Ah! que saudade !

SONETO 15938

Os versos que escrevi me trazem, hoje,
 à lembrança, aventuras que sonhei,
 mas vivo a presenciar que o tempo foge
 e aquelas metas nunca realizei...

 Posso dizer que alguém eu muito amei,
 e sem usar a culta metagoge,
 deva esquecê-la... como poderei?
 para que deste carma me despoje?!

 Mas as minhas poesias ´stão aí
 e formam os momentos que vivi,
 sempre cantando tristes madrigais...

 Se algumas penas sofro nesta vida,
 são o produto da missão cumprida,
 procurando no amor meus ideais !

SONETO 15712

Por que teria que surgir agora
 este amor impossível, malsinado,
 se meu coração hoje já nem chora,
 de tanto que ficou assaz magoado?!

 Um dia alguém partiu, foi embora;
 era donzela e muito a havia amado,
 culpa minha talvez, pela demora
 de ter àquele amor me declarado...

 Devia ser ridículo e enfrentar
 a todos na maior serenidade
 de alguém que não tem medo de sonhar...

 E penso que fui tímido demais,
 próprio do pensamento nessa idade,
 que infelizmente não retorna mais !
Fonte:
Sonetos enviados pelo autor
http://www.sonetos.com.br/meulivro.php?a=44

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