quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Caderno de Leitura (Poesias para Crianças 1)

OU ISTO OU AQUILO
CECÍLIA MEIRELES


Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.

AS BORBOLETAS
VINÍCIUS DE MORAES

Brancas
azuis
amarelas
e pretas
brincam
na luz
as belas borboletas.

Borboletas brancas
são alegres e francas.

Borboletas azuis
gostam muito de luz.

As amarelinhas
são tão bonitinhas!

E as pretas, então...
oh, que escuridão!

LEILÃO DE JARDIM
CECÍLIA MEIRELES


Quem me compra um jardim com flores?
Borboletas de muitas cores,
lavadeiras e passarinhos,
ovos verdes e azuis nos ninhos?
Quem me compra este caracol?
Quem me compra um raio de sol?
Um lagarto entre o muro e a era,
uma estátua da primavera?
Quem me compra este formigueiro?
E este sapo, que é jardineiro?
E a cigarra e a sua canção?
E o grilinho dentro do chão?
(este é o meu leilão!)

A MINHOCA
ELIAS JOSÉ


A minhoca sai da toca
e se estica e se enrosca.

O pescador quer pegar
a pobre da minhoca.

A galinha quer comer
a saborosa minhoca.

O moleque quer espremer
pra separar terra e minhoca.

A minhoca, que não é tonta,
logo se estica e se enrosca.

A terra enterra a minhoca
e ninguém viu a sua toca.

Lá de sua toca, toda torta,
torce de rir a levada minhoca.

TOLAS PERGUNTAS
ELIAS JOSÉ


Onde estará o rato
que se escondeu no meu sapato?

Onde estará o meu sapato
que escondi perto do gato?

Onde estará o gato
que miava chamando o pato?

Onde estará o pato
que nadava feito um peixe?

Onde estará o peixe
que nadou no fundo do rio?

Onde estará o rio
que caminhava para o mar?

O rio virou mar
que deixou encantados
o rato, o gato, o pato e o peixe.

CRIANÇAS LINDAS
RUTH ROCHA


São duas crianças lindas
mas são muito diferentes!
Uma é toda desdentada,
a outra é cheia de dentes...
Uma anda descabelada,
a outra é cheia de pentes!
Uma delas usa óculos,
e a outra só usa lentes.
Uma gosta de gelados,
a outra gosta de quentes.
Uma tem cabelos longos,
a outra só corta rentes.
Não queiras que sejam iguais,
aliás, nem mesmo tentes!
São duas crianças lindas,
mas são muito diferentes!

VALSA DAS PULGAS
RUTH ROCHA


As pulgas dançando
no meio da rua
dão pulos e pulos
sob a luz da lua.

No baile das pulgas
o passo é assim:
Três passos pra um lado
e entra o cupim.

Cupim dá três passos
pra lá e pra cá
e a pulga contente
toma guaraná.

Quem toca a valsinha
é o sabiá
e as pulgas pulando
pra lá e pra cá.

O GATO
MARINA COLASANTI

No alto do muro
Pulando no escuro
Miando no mato
Entrando em apuro
É o gato, seguro.

De antigo passado
E jeito futuro
Movimento puro
Ar sofisticado
É o gato, de fato.

Só pode ser gato
Esse bicho exato
Acrobata nato
Que só cai de quatro.

GALINHA D’ANGOLA
ROSEANA MURRAY


A galinha d’angola acaricia
o dia com a sua cantoria:
Tô fraco’ tô fraco’ tô fraco’
O menino tira o milho da sacola
e dá de comer à galinha d’angola
Come tudo a angolinha,
mas continua a ladainha:
Tô fraco’ tô fraco’ tô fraco’
Na beira do lago suspiro o sapo:
Que galinha mais fominha!

BEIJA-FLOR
ROSEANA MURRAY


Beija-flor pequenininho
que beija a flor com carinho
me dá um pouco de amor,
que hoje estou tão sozinho...

Beija-flor pequenininho,
é certo que não sou flor,
mas eu quero um beijinho
que hoje estou tão sozinho...

BARCA BELA
ALMEIDA GARRET


Pescador da barca bela,
Onde vais pescar com ela,
Que é tão bela,
Ó pescador?

Não vês que a última estrela
No céu nublado se vela?
Colhe a vela,
Ó pescador!

Deita o lanço com cautela,
Que a sereia canta bela...
Mas cautela,
Ó pescador!

Não se enrede a rede nela,
Que perdido é remo e vela
Só de vê-la,
Ó pescador!

Pescador da barca bela,
Ainda é tempo, foge dela,
Foge dela,
Ó pescador!

A BAILARINA
CECÍLIA MEIRELES


Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé
não conhece nem mi nem fá
mas inclina o corpo para cá e para lá.
Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.
Roda, roda, roda com os bracinhos no ar,
e não fica tonta nem sai do lugar.
Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Mas depois esquece todas as danças
e também quer dormir
como as outras crianças.

TANTA TINTA
CECÍLIA MEIRELES


Ah! Menina tonta,
toda suja de tinta
mal o sol desponta!

(Sentou-se na ponte,
muito desatenta...
E agora se espanta:
Quem é que a ponte pinta
com tanta tinta?...)

A ponte aponta
e se desaponta.
A tontinha tenta
limpar a tinta,
ponto por ponto
e pinta por pinta.

Ah! Menina tonta!
Não viu a tinta da ponte!

A FOCA
VINÍCIUS DE MORAES


Quer ver a foca
ficar feliz
é por uma bola
no seu nariz.

Quer ver a foca
bater palminha
é dar a ela
uma sardinha.

Quer ver a foca
fazer uma briga
é espetar ela
bem na barriga.
Fonte:
Caderno de Leitura: textos e poesias.

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