RASGANDO O VERSO
Solto a palavra
me faço
abraço
de mim
Abro o verso
visto o reverso
contorno sem nexo
de mim
Canto o poema
me sinto serena
humana
de mim
Revolto olhares
concebo
alimento
de mim
Abro minha boca
e na fúria louca
grito a verdade
de mim
Danço e sorrio
construo e procrio
o melhor
de mim
Quem não entender
a porta é aberta
vou esquecer
vou aceitar
porque sei
de mim
Mas nunca mais deixo
não me permito
no ar ou escrito
o que há
o que pulsa
o que vive
EM MIM!
ROUBEI SIM
Roubei de ti o coração
e não tente tomá-lo de volta
porque ele está atravancado
no mais profundo recanto do meu ser
tal como a árvore imensa enraizada
por milênios existenciais da natureza...
Eu o roubei...
naquele instante em que me deste teu sorriso
naquele instante em que me estendeste as mãos
naquele instante em que eu já era a poesia por te querer
e num chamado eterno para seguirmos juntos
as estradas da vida... já éramos nós...
Eu o roubei...
roubei o teu coração e te digo:
não hás de tê-lo de volta
porque em troca
dei-te o meu coração repleto de amor
a minha alma iluminada por teus carinhos
a minha vida inteira
para amparar-te...
para aquecer-te...
para amar-te...
amar-te... e amar-te...
eternamente...
CUIDA-ME
Quero tirar a poeira do tempo
quero varrer as folhas do vento
limpar a casa
e caminhar
Procuro não olhar pra trás
já vivi o passado
não vou por lá mais passar
Não me culpe por olhar pra frente
sou assim, as vezes bem diferente
intrigante
talvez incoerente
Não me deixe voltar
cuida-me
deixa-me cuidar
se a felicidade é urgente
eu tenho pressa no caminhar
Não vou remoer minh’alma
quero serenidade e calma
quero esse louco desejar
Não tenho pretensão demasiada
quero a calma acelerada
amo
e quero ser amada!
Tenho fome de vida
tenho pressa de criança
e...sinceramente
o medo também me invade
feroz
atroz
covarde? ...não!
Só temperamental
Minhas horas já foram longas
agora quero devagarzinho
só o meu lugar
agora quero bem de mansinho
sorrir
estar
ficar
Tento...
Um dia quem sabe aprendo
um dia quem sabe vou acertar
Enquanto isso
cuida-me
mais uma vez
enquanto isso
deixa-me cuidar
Quero o livre passarinho
o rouxinol na árvore
a prata da lua
o ouro do sol
e quando eu estiver triste
cuida-me
e quando vc estiver triste
permita-me cuidar
Minha voz reside na minha alma
assim como minha alma se reflete em meus olhos
em minha boca
em meu corpo
me calo!
E num contraste fascinante
grito!
Sem culpa
não volto
sigo
tiro a poeira do tempo
planto novas flores
rego tons e sabores
e me precipito
quem sabe...
Por isso...urgentemente...
Cuida-me
e deixe-me cuidar!
MISTURA DO AMOR
*Essa foi uma das minhas primeiras linhas. Acho que essa poesia tem sabor. Gosto do gosto dela!
Relaxe o corpo
A mente, o coração.
Deixe as emoções cavalgarem
Pelos espaços verdejantes
Viaje...
Sinta a brisa leve da manhã
Tocar seus cabelos despenteados
Ande descalço
Prove a sensação do barro nos seus pés.
Abra os braços para abraçar o cheiro
De menta da manhã.
Deite na aurora que anuncia a vida
Cheire as rosas da imaginação
Tome o mel, deguste o hortelã
Sinta na pele o toque suave da maçã.
Beba água do riacho
Ouça o canto das águas
O sussuro das árvores
A linguagem do céu azul
Banhe-se na energia dourada do sol
Role na grama, espreguice, morra de rir.
Perca-se na magia de uma fruta madura
Magia de uva, pera, laranja, limão.
Favo de mel, eucalípto, tentação
Atalho para a cereja do coração.
Viva! Se entregue à imaginação
Sonhe com paixão
Corra sem destino entre as árvores
Viaje no sabor!
Sinta a ternura de beijar a flor.
Deixe que o sabor fresco invada sua língua
Fruta molhada, sorvete, flocos de neve
Suave beijo de licor
Boca doce, gelada, refrescante
Essa é a mistura do amor!
SOLO DE AMOR
Cala a terra arada no pó
Espera a chuva no seu lugar
Quimera que fica na solidão
Ao relento dois destinos
E um só coração.
Harmonia que tira a guerra
Gira no amarelo do girassol
Planta semente e alento
Deixa vestígios na memória do vento
Antes que o sol acorde
Lembra a saudade da noite fria
Sinta brotar o pranto
Que rega a planta de calmaria
Inunda a terra de verde
com os olhos teus
pinta de vermelho as flores
com os desejos meus
Faz solo fértil com a boca tua
Semeia o ventre e a canção
Descansa no orvalho da terra crua
Colha minha doçura com tua mão
Canta vontades antes temidas
Que eu canto a imensidão
Faz poema que risca o céu
Contorne meu corpo com pincel
Traço de bem querer
Deitada na terra nua
Só tua eu quero ser!
A ARTE DE MORRER
Essência da vida.
Alma eterna.
Mistério definitivo,
Inexprimível,
Indefinível.
Respostas rejeitadas, colapso
Pergunta irrespondível
Milagre da mente
A arquitetar perguntas que desaparecem
E no saber, a experiência existencial
A semente cresce
Botão de rosa que sabe como abrir
E o conhecimento divaga
Nas raízes da mente
Na sabedoria
Você não é mais
Dentro do inexplorado
Interior da Existência
Viável à mente
Somente o silêncio
Nenhuma pergunta,
Nenhuma resposta,
Íntima sensação sem palavras
Só o incomunicável
Espada para cortar pensamentos
E todas as respostas
Escutar de corpo e alma
Os dois infinitos
Sonata de Beethoven
O coração em nostalgia
Mesmo com rota definida
Ninguém sabe onde está
Na Auto estrada da multidão
Todos estão na mesma posição
Indo a lugar nenhum
Mas na mesma direção
E então você fica só
Sua solidão total
É necessário morrer,
Cair pra renascer
Nas fontes infinitas de vida
É a arte de morrer
Cair para o coração...
Onde não há marcos de referência
Cair num abismo
Caída de amor
Uma queda
Mas caminho sólido não há
O coração não está cartografado.
O coração treme de medo
Quebrar paredes de pedra,
Libertar-se do rochoso pensamento;
Dogmas, preconceitos.
Libertar-se da prisão
Ter uma certa descontinuidade
Olhar pra trás
E Morrer...
Sentir que foi como um sonho
Uma história que jamais fora sua
E Nascer!
TEU VERBO
Singelos gestos
perfuram a grade do meu ser
Vibrantes beijos
encarceram o que sempre fingi não querer
Invadem e transformam
mutantes sentimentos
desprezam lamentos
me faz tempestade
Corro pra dentro de mim
mas esconder não consigo
deito nas corredeiras das palavras
implorando por um abrigo
Contemplo o céu de noite quente
calo com os dedos teu beijo ardente
deixo as pegadas da minha mão
na lembrança de afeto que te dei
Atravesso a calçada da vida
na procura do que ainda não sei
Navego o ritmo dos teus olhos
transpiro teu suor
Desisto de correr
Deixo-me a ti
respiro o teu ar
E morro no instante de conjugar
o verbo incessante
na rima vibrante
desse seu jeito de amar !
Fonte:
http://www.novaordemdapoesia.com/search/label/Larissa%20Fadel
http://www.novaordemdapoesia.com/search/label/Larissa%20Fadel
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