sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Vereador José Antônio Marques Almeida (Discurso em Homenagem à Carolina Ramos)

A trovadora, poetisa e contista Carolina Ramos recebeu a Medalha de Honra ao Mérito Brás Cubas da Câmara Municipal de Santos, na Sala Princesa Isabel, em homenagem proposta pelo vereador José Antonio Marques Almeida, Jama.

A santista Carolina Ramos começou sua carreira nas artes literárias em 1961. Já conquistou quase 900 prêmios no Brasil e no exterior. Levou o nome de Santos para vários cantos culturais: para Portugal, quando recebeu o Prêmio de Poesia da Academia de Música e Belas-Artes de Setúbal, em 1965; ou para Barreira, também em Portugal, ao conquistar o primeiro lugar no Concurso de Contos da Casa de Cultura da Quimigal, em 1989.

Carolina Ramos foi presidente, por três gestões, do Instituto Histórico e Geográfico de Santos e também da União Brasileira de Trovadores (Seão Santos), integrou as diretorias da Academia Santista de Letras; da Academia Feminina de Ciências, Letras e Artes de Santos;   do Grupo Encontro de Poetas de Santos; da Academia Anapolina de Letras, da Casa Juvenal Galeno, de Fortaleza; da Academia Petropolitana de Letras; do Ateneu Angrense de Letras; da Academia Pindamonhangabense de Letras; da Academia Paulistana de História; da Ordem Nacional dos Bandeirantes e do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.

Livros
Carolina Ramos publicou vários livros, entre eles: Sempre (Poesias), Cantigas Feitas de Sonho (Trovas), Espanha (Poema Épico), Trovas que Cantam por Mim (Trovas), Interlúdio (Contos), Um Amigo Especial (Conto).

Confira na íntegra o discurso Vereador José Antônio Marques Almeida:

“Poesia, sempre Poesia”. “O poeta é a mãe das artes...alô poetas: poesia! poesia poesia poesia poesia!”. “Os poemas são pássaros que chegam...não se sabe de onde e pousam...no livro que lês. Quando fechas o livro, eles alçam vôo...como de um alçapão. Eles não têm pouso...nem porto...alimentam-se um instante em cada par de mãos...e partem”. “Em meio a um cristal de ecos. O poeta vai pela rua...Seus olhos verdes de éter...Abrem cavernas na lua.” “Possuis a graça como inspiração...Amas, divides, dás, vives contente, E a bondade que espalhas, não se sente, Tão natural é a tua compaixão”.

Para início desta nossa homenagem à uma trovadora, contista, poetisa, santista ilustre trouxemos algumas boas companhias. Torquato Neto. Mário Quintana. Vinícius de Moraes. Martins Fontes.

Como escrever para quem tem o dom da palavra? Como emocionar quem fala ao coração dos homens? Como encantar quem vive do encanto?

O seu processo literário pode ser motivado por apenas uma palavra, ou impulsionado por uma emoção, ou até mesmo pelo simples desejo de conversar consigo mesma. Nas palavras da nossa própria poetisa: “Lavar a alma, dividir com o papel uma dor, uma alegria, ou mesmo um simples sonho”. E todos somos “presenteados” com esse processo humano da nossa poetisa, que também foi professora e é artista plástica.

“Jamais chore o abandono
Da primavera que finda,
Pode haver frutos no outono
Que tu não provaste ainda”.


“Nas poesias, trovas e contos, minha própria alma é que passeia pelas linhas e entrelinhas”!, nos ensina a trovadora. E nos ensina mais: a viver, mesmo que derramando algumas lágrimas, sem abandonar os sonhos. Com um coração gigante a nossa homenageada de hoje vai além dos nossos mares.

Conquista outras terras, outros corações. Fica fácil entender porque ela mereceu tantos títulos, homenagens e prêmios no Brasil, Portugal e Angola, como o Prêmio Rui Ribeiro Couto, da União Brasileira de Escritores de São Paulo. Prêmios que conquistaram os corações de cariocas, mineiros, paranaenses, gaúchos, cearenses, pernambucanos, matogrossenses e muitos mais. São mais de 900 prêmios literários recebidos!

”A grande, a maior vitória
Que até hoje consegui,
Foi remover da memória
As batalhas que perdi”.


A vitória da escritora santista é vitória da nossa Cidade também. Ganhamos muitos presentes, compartilhamos momentos de pura emoção dessa mulher que tem a literatura como sua companheira, como uma janela sempre aberta para o passado e para o futuro. Uma literatura que lhe deu amigos, a maioria mais do que amigos, mas irmãos sinceros. Se por acaso, nesse caminho, alguma coisa não valeu à pena foi transformada, temos certeza, pelas próprias mãos da nossa escritora em belos poemas, trovas e contos.

Emoções sem conta são os dias da trovadora, contista, poeta, santista ilustre! Ela nos diz que a literatura deu-lhe ternura à vida. Ela está sendo modesta. A sua literatura nos trouxe, mais do que ternura às nossas vidas, nos trouxe amor e nos ajudou e ajuda a viver.

São tantos os títulos recebidos, ou melhor, merecidos. Foi a primeira mulher a conquistar o Título e Troféu de Magnífico Trovador no Brasil. E os prêmios não cessaram. Em 2004, Notável Trovador, em Pouso Alegre, Minas Gerais. Seus serviços prestados à Cultural foram exemplarmente premiados, com a Medalha do Sesquicentenário da Prefeitura de Santos; a Medalha dos Andradas do Instituto Histórico e Geográfico de Santos; a Medalha de Sócio Honorário da Casa “Lampião de Gás” de São Paulo. Prêmio Ribeiro Couto da Secretaria de Cultura de Santos e União Brasileira de Escritores de São Paulo. Recebeu os Diplomas da Academia Paulistana de História, da Ordem Nacional dos Bandeirantes de São Paulo, do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.                                                       

”Segredos de amor...Tolice!
Ninguém consegue esconder
Aquilo que o olhar já disse
Antes de a boca dizer!”


Assim como o segredo de amor se desfaz com o olhar, o segredo de tanto amor partilhado se desfaz pelas próprias palavras da nossa trovadora, poetisa, contista e ilustre santista. Ela nos diz: “Nas poesias, trovas e contos, minha própria alma é que passeia pelas linhas e entrelinhas”.

Obrigado, Carolina Ramos por tanto amor e emoção partilhados. Obrigado, por sermos irmãos de tantos caminhos. Obrigado, pelo Sempre, Cantigas Feitas de Sonho,  Trovas que Cantam por Mim, Um Amigo Especial e tantos outros livros de poesias, trovas e contas que você nos deu ao longo de tantos anos. Obrigado, por ter feito a sua alma passear por tantas linhas e entrelinhas.

Esteja certa, nossa poetisa Carolina Ramos, os maiores ganhadores desta vida literária SOMOS NÓS!

Antes de lhe passar às mãos a  Medalha de Honra ao Mérito Brás Cubas, a comenda que esta Casa lhe outorga, como mais alto reconhecimento que esta Terra pode conceder a um filho que honra e engrandece o nome e a tradição da Cidade, permita-me, Carolina Ramos, terminar essa homenagem  citando um companheiro seu que faz uma declaração de amor à palavra... “Sim Senhor, tudo o que queira, mas são as palavras as que cantam, as que sobem e baixam ... Prosterno-me diante delas... Amo-as, uno-me a elas, persigo-as, mordo-as, derreto-as ... Amo tanto as palavras ... As inesperadas ... As que avidamente a gente espera, espreita até que de repente caem ... Vocábulos amados ... Brilham como pedras coloridas, saltam como peixes de prata, são espuma, fio, metal, orvalho ... Persigo algumas palavras ... São tão belas que quero colocá-las todas em meu poema ...

Agarro-as no vôo, quando vão zumbindo, e capturo-as, limpo-as, aparo-as, preparo-me diante do prato, sinto-as cristalinas, vibrantes, ebúrneas, vegetais, oleosas, como frutas, como algas, como ágatas, como azeitonas ... E então as revolvo, agito-as, bebo-as, sugo-as, trituro-as, adorno-as, liberto-as... Tudo está na palavra ... Uma idéia inteira muda porque uma palavra mudou de lugar ou porque outra se sentou como uma rainha dentro de uma frase que não a esperava...
” Pablo Neruda.


Fonte:
http://www.camarasantos.sp.gov.br/noticia.asp?codigo=1134&COD_MENU=102

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