sábado, 8 de fevereiro de 2014

Nilto Maciel (Contistas do Ceará) Outros Contistas : Luis Marcus da Silva

Luís Marcus (ou Marcos) da Silva nasceu em Fortaleza, 1964. Editou “Noite Empalhada”, no Almanaque de Contos Cearenses. Teve “Ociosidade” classificado (e publicado em coletânea) em 4º. lugar no I Prêmio Literário Cidade de Fortaleza. Estampou contos em jornais. Inédito em livro.

                Os contos de Luís Marcus da Silva, embora apresentem características da narrativa realista urbana, buscam o inusitado, o lado obscuro da realidade. Narrado na primeira pessoa, “Noite empalhada”, apresenta um narrador sem nome explícito, envolto em brumas, a falar para outro e, ao mesmo tempo, para si mesmo. Fala de noite, solidão, loucura e morte: “A loucura, a morte: elas sempre chegam durante a noite”. Como se delirasse: “Será que te matei ou te mataram?” Para quem conhece a cidade de Fortaleza, é fácil perceber por onde se locomove o personagem: “A 24 de Maio nos meus delírios, a saudade da outra cidade que não mais existe e uma forte atração pela morte”. Refere-se a uma rua do centro e a uma cidade que se transformou nos últimos anos numa metrópole caótica.   

                Em “Iniciação”, o mesmo caos interior a se misturar ao caos urbano e do planeta. No entanto, seu narrador se apresenta como um ser mitológico, e não como um personagem de carne e osso. Em vez de um conto realista ou intimista, uma parábola, uma alegoria, em que o narrador seria “o ser humano” e não “um ser humano”. Em “Pedrada” a violência urbana (o caos urbano) e também a violência humana são retratadas num enredo singular, em que meninos na rua atiram pedras uns em outros e terminam por atingir o rosto de uma mulher, “num talho entre os olhos e a boca”. O narrador (escondido em uma mercearia, testemunha ocular dos atos de desordem dos pequenos) não fala de si mesmo, voltado que está para os garotos e suas ações, como um repórter. Para ele, os atiradores de pedras se comportam como seres das cavernas: “A batalha primitiva continua no seu apogeu”.

Fonte:
MACIEL, Nilto. Contistas do Ceará: D’A Quinzena ao Caos Portátil. Fortaleza/CE: Imprece, 2008.

Nenhum comentário: