sábado, 2 de junho de 2018

Clarice da Costa (Crônicas) 1

Resumo da vida

Tudo se resume à "você mora longe". Queria saber o que fariam as pessoas se estivessem num período em que o meio de transportes eram as charretes. Se bem que sem internet teriam de qualquer forma sair da comodidade de suas casas. Sem falar que teriam que pedir perdão ao padre por terem beijado na boca. Só fico pensando como seriam os nudes daquela época. Na verdade nem haveria devido o fato do pudor. A cena que mais imagino é a senhorita ouvir ela ser chamada de "delícia". 

Ela tira sua luva e bate na cara do cavalheiro por desrespeito a sua honra. Também pudera comparar mulher a comida? Porque pra ser delícia ela deveria ter algum sabor! Estamos na era tecnológica e muitas coisas parecem decair. Cadê o romantismo? Cadê a coragem de se arriscar por amor? Cadê a atitude? Cadê o olhar e o gesto respeito? E há quem reclame do fato de se estar sozinho. 

O celular tem sido mais importante que o contato físico! Que gosto tem de beijar pelo celular? Dá para abraçar um amigo ou um familiar? O absurdo disso tudo é as pessoas acreditarem que Deus tem celular e vai ficar incomodado em você não enviar aquelas mensagens fofas de compartilhamento. Nossa, a minha sorte não está no trevo de quatro folhas! Eu não compartilhei a última mensagem para as 20 pessoas que eu conheço. Será que é por isso que eu não arrumo namorado? 

Deficiente No Supermercado

- O que esta garota faz aqui? 

- Quem é ela? 

- Será que ela consegue? 

- Ela vai é derrubar tudo. 

Pensamentos de quem acha que todo deficiente é incapaz. Temos as nossas limitações, mas não somos diferentes de qualquer pessoa. Eu me chamo Clarisse Da Costa, sou poetisa e artesã em Biguaçu, no estado de Santa Catarina, recentemente estudante de designer gráfico. 

Aprendi hoje que eu não sou deficiente, tenho minhas limitações, mas deficiente é aquele que olha torto e acha que sou incapaz. Peguei a cesta, coloquei as coisas que eu queria e fui até o caixa sem deixar alguma coisa cair. Pode parecer bobo, mas isso me deixou com a certeza de que eu posso muito mais que penso. 

Quando eu escrevo, eu viajo pelos cenários de cada história e de certa forma esses pequenos detalhes da vida me fazem viajar. Crer que sou capaz é fundamental para eu sempre seguir em frente. E vamos pensar desse jeito... É um soco na cara de quem não tem consideração pelo deficiente físico. 

Eu passava no corredor do supermercado e as pessoas pareciam perdidas enquanto eu estava no lugar certo. Elas não sabiam se davam passagem pra mim ou se esperavam eu pedir. Chego em casa, tomo o meu café. E aposto que aquelas pessoas ainda estão se perguntando. 

Fonte: Samuel da Costa

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