quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Jaqueline Machado (O papel de parede amarelo, de Charlotte Perkins Gilman)

O Papel de Parede Amarelo, da autora Charlotte Perkins Gilman, é um símbolo da luta feminista. Porém, na época em que foi lançado, fim do século XIX , ele não foi interpretado como um conto feminista, escrito na intenção de colaborar com a luta pelos direitos iguais entre homens e mulheres. Nesse período, as mulheres viviam submissamente sob a égide do patriarcado machista. E muitos dos leitores reconhecem esta obra como sendo uma história de terror.

O livro conta a história de uma mulher que está sofrendo de problemas ligados à psique. Emocionalmente fragilizada. o marido, que é médico, a leva para passar uns tempos em uma casa de campo com a finalidade de tratá-la. É orientada a se dedicar ao repouso absoluto. Não se preocupar com os deveres de casa, falar pouco e, principalmente, não escrever. Afinal, o ato de escrever liberta o imaginário e isso poderia fragilizá-la ainda mais mentalmente e dar-lhe impulsos a devaneios.  Contudo, o conto é contado em forma de um diário que ela mantém, escondida do marido.

O quarto que foi escolhido para seu repouso e tratamento, tinha sido, anteriormente, um quarto de criança. Na parede havia um papel de parede amarelo, cheio de trinques e manchas em determinadas partes, e esse papel tragou-lhe a atenção.
 
Ela começa, então, a “estudar” o papel e passa a achar que ele está influenciando sua melhora. Ela acha que tem uma mulher no papel, que sai de manhã e volta à noite e fica “rastejando” ao longo da parede.  

"...Por muito tempo fui incapaz de distinguir o que era aquela coisa em segundo plano, aquele subpadrão indistinto, mas agora estou bastante certa de que se trata de uma mulher.“ - Disse ela depois de um período de contemplação.
 
Nessa época, a palavra do marido, assim como é ainda hoje em algumas circunstâncias, era equivalente à palavra de Deus. Por isso, a mulher segue sem cogitar as orientações do esposo, que subestima a sua cura, a deixando confinada de toda sociedade, sem perceber que isso pioraria a sua doença,

Ela provavelmente passava por um período de ansiedade ou depressão, embora no século XIX não se falasse de tais problemas como em dias atuais. Ainda assim, a conclusão da mensagem é: mulheres são seres frágeis e devem permanecer, sadias ou doentes, sob a tutela do pai, dos irmãos e, por fim, do marido.

Para dar um pouco de sossego a sua mente, escrevia escondida. Se fosse descoberta, seria repreendida como se repreende uma criança...

Fonte:
Texto enviado pela autora.

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