sábado, 24 de fevereiro de 2024

Gislaine Canales (Glosas Diversas) LXIX


VERGONHA...
 
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MOTE
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A vida anda tão tristonha...
pobreza... fome... agonia...
que eu chego a sentir vergonha
de, às vezes, ter alegria!
Amália Max
Ponta Grossa/PR, 1929 – 2014

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GLOSA
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A vida anda tão tristonha,
com tantas atrocidades
que quase ninguém mais, sonha...
Só vemos desigualdades!
 
É triste encontrar no mundo
pobreza... fome... agonia...
e sentir, quanto é profundo,
o poço da nostalgia!
 
Se a sorte é pra mim risonha,
 sinto tão forte a emoção
que eu chego a sentir vergonha
de ainda ter coração!
 
A miséria dói na gente,
vai marcando o nosso dia...
que eu sinto uma dor pungente
de, às vezes, ter alegria!
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VIDA – POESIA
 
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MOTE
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Faço poesia na vida
mas procuro em cada dia
como rima preferida
fazer da vida poesia...
Euclides Cavaco
Ontário/Canadá

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GLOSA
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Faço poesia na vida
que ajuda o tempo passar.
Transformo cada partida,
num doce e terno voltar!
 
Eu sou feliz, poetando,
mas procuro em cada dia
ir, meus sonhos realizando,
e afastar a nostalgia!
 
Não quero a rima perdida
para rimar meu viver,
como rima preferida
vou a ventura, escolher!
 
Eu vivo  com emoção,
muita paz, muita alegria,
só porque, consigo, então,
fazer da vida poesia!
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TE ESPERAREI...
 
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MOTE
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Eu te quero às escondidas
e se esta espera durar,
te esperarei quantas vidas
for necessário esperar!...
Eugênia Maria Rodrigues
Rio Novo/MG, 1946 – 2003 

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GLOSA
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Eu te quero às escondidas
desde a nossa juventude,
meu amor é sem medidas...
Não te aceitar, como pude?
 
Vivo da tua lembrança
e se esta espera durar,
não perderei a esperança
de um dia te reencontrar!
 
Mesmo em meio a despedidas,
minha tristeza eu abrando,
te esperarei quantas vidas
eu viver, sempre te amando!
 
Espero com emoção,
e sei, irei superar
o tempo, todo, que então,
for necessário esperar!…
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OUTONO DAS TARDES...
 
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MOTE
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No outono das tardes mansas,
com teu amor me acolhendo,
ressuscito as esperanças
que aos poucos foram morrendo!
Florestan Japiassú Maia   
Rio de Janeiro/RJ, 1915 – 2006

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GLOSA
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No outono das tardes mansas,
eu revivo o meu verão,
com um sol só de lembranças
carregado de emoção!
 
Me torno feliz, contente,
com teu amor me acolhendo,
ao ganhar teu beijo quente
vou meu inverno aquecendo!
 
Nessas minhas relembranças
volto à doce mocidade,
ressuscito as esperanças
e vivo a felicidade!
 
Dos sonhos,  junto os pedaços
e o que era mau esquecendo
dou vida nova aos espaços
que aos poucos foram morrendo!
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TROFÉU DO MEU FRACASSO...
 
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MOTE
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Meditando em meu cansaço
não me entristeço nem rio...
Os troféus do meu fracasso
valorizam meu vazio.
Humberto Del Maestro
Serra/ES

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GLOSA
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Meditando em meu cansaço
sigo só, o meu caminho,
é muito lento o meu passo,
pois meu seguir é sozinho...
 
Em completa solidão,
não me entristeço nem rio...
meu dormente coração,
não sente calor, nem  frio...
 
Recebo, neste compasso,
ao findar a caminhada,
os troféus do meu fracasso
premiando, assim, o meu nada...
 
São prêmios que dizem tanto,
relembram, horas a fio,
dos meus nadas, e entretanto
valorizam meu vazio.
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TEU SORRISO
 
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MOTE
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Quando ris, tenho certeza
que Deus, tão sábio e preciso,
exagerou na beleza,
quando fez o teu sorriso!
José Tavares de Lima
Juiz de Fora/MG

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GLOSA
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Quando ris, tenho a certeza
que a felicidade existe,
pois mesmo a maior tristeza,
ao teu riso, não resiste!
 
O teu sorriso feliz,
que Deus, tão sábio e preciso,
fez, com carinho, nos diz,
que é coisa do paraíso!
 
Deus fez linda a natureza,
e te fez mais bela ainda,
exagerou na beleza,
ao tornar-te, assim, tão linda!
 
Eu fico, amor, extasiado,
ao contemplar-te e analiso:
Estava, Deus, inspirado
quando fez o teu sorriso!

Fonte> Gislaine Canales. Glosas Virtuais de Trovas XI. In Carlos Leite Ribeiro (produtor) Biblioteca Virtual Cá Estamos Nós. http://www.portalcen.org. Setembro de 2003.

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