sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Ângela Togeiro (Momento Poético)


JUNTANDO AS METADES

Sou mulher,
por mais que evitemos
ser o que somos,
por mais que nos cubram de panos
para nos esconder,
ou que nos dispam para nos admirar,
por mais que nos mutilem o físico,
ou a alma, para nos anular,
por mais que nos espanquem
para mostrar
a força bruta da inferioridade,
por mais que nos desvalorizem
em piadas grosseiras,
será apenas
quando nos respeitarmos,
como seres que se completam,
que evoluiremos.
Homem e Mulher, Mulher e Homem,
Nosso destino é um só.
Fora isso,
fingimos evolução,
reconhecimento de direitos
criando mais desigualdade,
na falsa igualdade.
Somos mulheres perdidas
nos descaminhos da humanidade
mas sempre
Mulheres.

MULHER

Sou mulher,
sou todas as mulheres:
sou Afrodite, Amélia, Angela, Eva, Diana, Joana,
Madalena, Maria, Raquel, Rita, Sara,
Salomé, Tereza, Vênus, Zênite...
Tenho na genética
a herança dos tempos,
que me dá todos os nomes,
que me tira todos os nomes,
quando me desdobro em outra mulher.
Nasci em todas as raças,
tenho todas as cores puras e miscigenadas.
Pratico todos os credos.
Nasci em todos os cantos deste planeta.
Vivi em todas as eras.
Registrei meus gritos em todos os rincões,
mesmo se expulsos da alma
no mais profundo silêncio.
Vim de todos os lugares,
nasci em berço de ouro, em choupana,
na rua, nas matas, hospitais, templos...
Fui vestida, fui enrolada,
despida, jogada.
Gerada num útero que me amou,
ou num que me recusou.
Pouco importa, se rica ou pobre,
se esculpida no Belo ou no Feio,
preciso cumprir meu destino,
meu destino de Mulher.

Fonte:
Boletim Guatá

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