domingo, 11 de setembro de 2011

Ialmar Pio Schneider (Livro de Sonetos IV)


SONETO ENEASSILÁBICO 1

Sol, bendito Sol que me alumias
quando permaneço solitário,
e sinto que transcorrem meus dias
como as contas bentas de um rosário...

Ouvindo o gorjeio de um canário,
vou lembrando velhas fantasias,
com as quais fui formando um hinário,
a minha bagagem de poesias.

E quando meu espírito for
pairando leve em outras esferas,
não esquecerei jamais do amor

que vivo cantando neste mundo,
nos invernos e nas primaveras,
com ânimo total e profundo !

SONETO ENEASSÍLABO 2

Apesar de só, me contenho
para não turvar o dia claro;
pois, há muito tempo meu empenho,
é conseguir na luz, amparo.

Sei o quanto ser feliz é raro
e por isto humildemente venho
pedir a Deus o clarão de um faro,
que me conduza a um bom desempenho.

Amei e fui amado e por isso
acredito no amor, no feitiço
que representa esta Divindade...

Vou morrer um dia, não sei quando,
mas, minh´alma vai viver sonhando,
que só no sonho há felicidade !

SONETO HENDECASSÍLABO

Às vezes sinto vontade de viver
os velhos tempos que não voltam jamais
e nesse sentimento parece haver
a saudade dos cândidos madrigais.

Versos simples, juvenis, tristes demais,
quando lia nos poetas o prazer
de lançarem ao mundo sentidos ais
que os faziam lamentar e padecer...

Por esta estrada em que segui caminhando,
encontrei algumas rosas com espinhos
que me feriram, mas me deram amor...

Se por muitos momentos passei sonhando
e tive desgostos e também carinhos,
eu fui apenas um escrevinhador...

SONETO 15073

Eu recordo dos tempos de criança,
quando me apaixonei perdidamente,
por uma linda jovem, de repente,
bem assim como nasce uma esperança...

Porém, não tive sorte, pois somente
tivemos uns olhares de confiança,
e neste mundo louco, em contradança,
nos perdemos na vida, totalmente...

E nunca mais nos vimos depois disso;
entretanto, conservo seu feitiço
no pensamento como a cicatriz

que fica sempre na alma de quem sofre;
porque meu coração é um velho cofre
que guarda os sonhos em que fui feliz !

SONETO 15063

A vida teve muita solidão,
enquanto suscitava um grande amor;
e que chegou em forma de paixão,
para um dia qualquer do sonhador...

Por isso é que dizemos, a ocasião
é que faz conseguir-se mais ardor
para chegar ao beijo de ladrão
e que sempre terá melhor sabor.

Lembranças vão e voltam num momento,
assim como levadas pelo vento,
que faz tremer a rama da folhagem...

Quando nós encontramos quem nos falta,
os versos fluem e a poesia assalta
o coração que sofre sem coragem.

SONETO 15060

Um dia ela passou em minha vida
e me disse a sorrir: - Triste poeta,
por que fazes dos versos tua lida?
O que tua alma tanto desinquieta?

Eu vi que era uma musa preferida
que me fez esta pergunta indiscreta,
e no instante ficou sendo a escolhida
para viver no sonho que me inquieta...

Entretanto, depois de tudo isso,
não tive a glória de viver com ela,
quem sabe, por ter sido tão remisso

de não acreditar ter vindo dela
a frase que me disse e que o feitiço
que me fez, foi de uma sereia bela !...

SETE DE SETEMBRO

Dia sete de setembro, dia de glória,
Dia em que o Brasil festeja radiante,
Que o sol é mais risonho e mais brilhante
E a nossa vida é menos merencória !

Dia de ouro para nossa bela história,
Pois neste dia que já vai distante,
Dom Pedro ergueu um grito trepidante,
Um grito de grandeza e de vitória...

Um brado ressoou pelo infinito,
Desde o extremo sul ao extremo norte,
Rasgando as nuvens este enorme grito

Retumbou num alarme grande e forte
Que transformou-se num ditoso mito
Da frase da “Independência ou Morte”.

PATRIARCA DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

José Bonifácio – Nascimento em 13.6.1763 - Morte 6.4.1838

Foi o Patriarca da Independência,
homem sábio e romântico poeta,
cujos versos “Teu Nome”, com paciência,
cantaram sua musa predileta...

Nobre cultor de escrita tão correta,
trilhou pelos caminhos da ciência,
e logrou atingir a sua meta
ao longo de fantástica existência...

Mas também teve sua frustração,
quando o nome da musa se apagou
nos troncos e nas praias e na estrela...

“Murchou nas flores”; e na solidão
por horas infelizes mergulhou,
e talvez nunca mais pôde revê-la…

Fonte:
Sonetos enviados pelo autor

Um comentário:

ialmar pio disse...

SONETO A BOCAGE, na data do seu aniversário
- 15 de Setembro

Ialmar Pio Schneider


Bocage, que chorastes vosso pranto
nos versos cruciais e derradeiros,
dos sonetos de dor e desencanto,
tão realistas quanto aventureiros!...

Mas, fostes o poeta que no canto
lírico dos amores verdadeiros,
soluçastes e padecestes tanto,
pelas Musas dos sonhos mais fagueiros...

Lamentando d´Elmano a triste sorte,
conseguistes galgar os graus da fama,
de magno sonetista português...

E não sei se houve alguém de altivo porte,
que vos pudesse suplantar na gama,
porque creio que assim ninguém o fez!

Porto Alegre, RS, 15 de setembro de 2010

Jornal de Novo Hamburgo
em 15.9.2010

http://ialmarpioschneider.blogspot.com/
em 15.9.2010
http://www.sonetos.com.br/sonetos.php?n=19348

http://ialmar.blog.terra.com.br/

em 15.9.2011