quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

José Carlos Dutra do Carmo (Manual de Técnicas de Redação) Parte III


BRANCO.

Em caso de dar branco, procure relaxar e tente escrever qualquer coisa, desde que dentro do assunto e com um mínimo de sentido.

CABEÇALHO.

Não há pontuação após os dados do cabeçalho.

Faça o cabeçalho de sua redação completo, com todos os dados indispensáveis, dentro da estética, ou seja, organizado, perfeitamente alinhado um embaixo do outro e no centro do papel.

CACOFONIA OU CACÓFATO.

É o encontro de sílabas que formam palavras de sentido ridículo ou obsceno, com a produção de som desagradável.

ORAÇÕES COM CACÓFATOS .......ESCREVA-AS ASSIM
Meu coração por ti gela............................Meu coração gela por ti.

Vou-me já para casa................................Já estou indo para casa.

O noivo beijou a boca dela. ....................O noivo beijou-a na boca.

Nunca gaste dinheiro com bobagens.....Jamais gaste dinheiro com bobagens.

CALIGRAFIA.

Escreva com capricho e nitidez, procurando tornar sua grafia clara, uniforme e bem legível.

Se tiver a grafia ruim, faça de tudo para melhorá-la, porque uma redação escrita com capricho e grafia bonita impressiona favoravelmente.

Não invente traços novos nas letras e não enfeite demais as maiúsculas, pois o leitor do texto pode não compreender o que você está escrevendo.

CARACTERÍSTICO.

Observe os seres no que têm de mais característico. Procure traduzir essas impressões ou os fatos sem se alongar em considerações desnecessárias, que nada acrescentem de importante à cena ou ao fato.

Ombros curvados, cabelos escuros que o pente mal vira, passos arrastados – um homem ainda moço, levando consigo a carga de uma pesada e infeliz vida.

Em um canto, calada, estava Maria, com seus grandes olhos negros, cabelos que caíam em cascata pelos ombros, dona de uma beleza intrigante e misteriosa. Para ela tudo era novo e assustador.

CARTA.

É uma das formas de comunicação da língua escrita, usada desde a antiguidade. Por meio dela você (remetente) pode dizer às pessoas (destinatários) o que faz, o que pensa, o que deseja.

A primeira carta de que se tem registro foi escrita há 4 mil anos, na Babilônia e se tratava de uma correspondência amorosa.

CENA.

Para descrever aspectos de uma cena, veja se deve empregar pronomes indefinidos ou adjuntos adverbiais, de modo a ordená-la.

A escada já lhe era conhecida. No entanto, uma passadeira nova cobria os degraus desgastados, tentando trazer um pouco de claridade e alegria ao ambiente envelhecido e quase sem vida.

Uma mulher ainda jovem procurava o endereço que trazia nas mãos. Seu olhar vagava aflito. Quem a observasse poderia confundir aquela expressão ansiosa... Na verdade, o que ela esperava é que, realmente, o tal endereço não existisse.

CHAVÕES, CLICHÊS, FRASES FEITAS, JARGÕES, LUGARES COMUNS, MODISMOS.

Evite-os, pois empobrecem o texto e demonstram a ausência de originalidade, falta de imaginação e de bom gosto.

A inflação galopante, rigoroso inquérito, vitória esmagadora, astro-rei.

Caixinha de surpresas, nos píncaros da glória, encerrar com chave de ouro, nos primórdios da humanidade.

Não é fácil falar a respeito de… Bem, eu acho que… A esperança é a última que morre. …um dos problemas mais discutidos da atualidade.

CLAREZA.

Redija frases curtas e, portanto, use ponto à vontade.

Escreva com toda a simplicidade e clareza, sem embolar o assunto. Ser claro é ser coerente, conciso, não se contradizer.

São inimigos da clareza: a desobediência às normas da língua, os períodos longos e o vocabulário difícil, rebuscado ou impreciso.

O segredo está em não deixar nada subentendido, nem imaginar que o leitor sabe o que se quer dizer. Evidencie todo o conteúdo da escrita. Lembre-se de que está dando uma opinião, desenvolvendo idéias, narrando um fato. O mais importante é fazer-se entender.

TEXTO EMBOLADO—CONFUSO
Participei de um campeonato tirei segundo lugar em ping-pong e ganhei medalha de prata.
CORREÇÃO
Participei de um campeonato de “ping-pong”, no qual tirei segundo lugar, tendo ganhado uma medalha de prata.

NOTA: “Ping-pong”, entre aspas, por ser estrangeirismo.

TEXTO EMBOLADO—CONFUSO
Comemoramos o aniversário de meu pai que foi uma surpresa para ele, fizemos um churrasco com muitas bebidas.
CORREÇÃO
Comemoramos o aniversário de meu pai e, como surpresa para ele, fizemos-lhe um churrasco com muitas bebidas.

TEXTO EMBOLADO—CONFUSO
Na hora de ir embora nós fomos pela canoa, a mesma começou a balançar, eu na ponta da canoa fazendo a danada balançar, teve uma vez que a canoa quase emborcava, eu tomei um choque.
CORREÇÃO
Na hora de voltarmos, viemos numa canoa que começou a balançar, sendo que eu, que estava na ponta da canoa, fi-la balançar mais ainda. Houve um momento em que ela quase emborcava, quando tomei um grande susto.

ATENÇÃO: “Tomar um choque” é receber uma descarga elétrica. Portanto, a expressão está usada indevidamente. No caso, a expressão adequada é “tomar um susto”.

COERÊNCIA.

A coerência entre todas as partes do texto é fator primordial para se escrever bem. É necessário que elas formem um todo, ou seja, que estabeleçam uma ordem para as idéias, se completem e formem o corpo da narrativa. Explique, mostre as causas e as conseqüências.

Em muitas redações fica patente a falta de coerência. O candidato apresenta um argumento e o contradiz mais adiante. As idéias contidas no texto devem estar interligadas de maneira lógica. O vestibulando não pode expor uma opinião no início do texto e desmenti-la no final. Deve-se ter cuidado redobrado para não se cometer esse tipo de erro.

Em vestibular da FUVEST, o candidato saiu-se com a seguinte frase: “...a palidez do sol tropical refletia nas águas do rio Amazonas”. Convenhamos que o sol tropical pode ser acusado de muitas coisas, menos de palidez. O riso provocado pela leitura do texto poético é derivado de um caso de incoerência no uso da imagem.

COESÃO.

A falta de coesão provoca a redundância. Fica-se dando voltas num assunto, sem acrescentar-lhe nada de novo. É típico de quem não tem informação suficiente para compor o texto.

Em lugar de: Comprei sorvetes. Dei os sorvetes a meus filhos.

Deve-se usar: Comprei sorvetes. Dei-os a meus filhos.

Fonte:
http://www.sitenotadez.net

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