quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Luiz Damo (Trovas do Sul) XI


Alguns lados têm a vida
e a moeda só dois tem,
esta, pra ser convertida,
deve aquela ser também.
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A perda de um familiar
que na vida amamos tanto,
é difícil superar
sem antes secar o pranto.
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Até parece verdade
tudo o que o falso nos diz,
nada sobre a falsidade,
mas nada de ser feliz.
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A terra ficou molhada
sob a chuva que caía
e a relva toda orvalhada
co'a chuva se confundia.
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Bom se no fim da jornada
revendo as suas 'raízes',
todos deixassem a estrada
plenos de paz e felizes.
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De cinismo e hipocrisia
este mundo está repleto,
causando a paralisia,
de todo e qualquer projeto.
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Do além não temos regresso
para ele caminha a vida,
tem uma porta de acesso
mas nenhuma de saída.
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Ecos de paz bem queremos
todo o momento escutar
e assim também poderemos
num grito a manifestar.
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Em Deus me sinto no meio,
Ele em mim faz a morada,
é meu guia e grande esteio
nesta longa caminhada.
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Encher o mundo de flores
talvez um sonho impossível,
mas abrandar muitas dores,
nos parece ser possível.
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Figueira que não dá figo
no fim deve ser cortada,
tem a morte por castigo
numa sentença marcada.
- - - - - –
Galopa o tempo sem upa,
pelos campos da existência,
nele vamos na garupa
laçar na eterna querência.
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Magistral facho suspenso
às mãos do vasto universo,
sol brilhante, forte e imenso,
tal um fogaréu disperso.
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Nada tem que seja eterno
a não ser a eternidade,
todo o ser é subalterno
em nível de "humanidade".
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Nada tem que tanto esquente
quanto ao fervente quentão,
mas o chocolate quente,
também causa tentação...
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Nas esquinas do passado
deixo um pedaço de mim,
por alguém vai ser juntado
depois de chegar meu fim.
- - - - - –
Na vida quem não caminha
pode ser 'atropelado'.
Acelera ou sai da linha,
que atrás vem um apressado!
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Nem sempre a lágrima traz
traços dum gesto amoroso,
não raras vezes se faz
por um golpe doloroso.
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O poeta reproduz
nos seus brilhantes poemas,
um pouco da sua luz
tendo a sombra como temas,
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Os passarinhos encantam
quando cantam nas florestas,
o astral humano levantam
na cadência das serestas.
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Os tempos passam velozes
cometendo atrocidades,
atrás, uns rastros atrozes,
que chamamos de saudades.
- - - - - –
Ouça a voz do coração
para enfrentar um dilema,
seja sempre a solução,
nunca parte do problema.
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Pedra solta, rola imersa,
na água turbulenta e fria,
rija, impune e controversa,
companheira à travessia.
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Poucas florestas existem
porque foram devastadas,
algumas delas resistem
pois à lei são preservadas.
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Quando a vida nos parece
no abismo se fragmentar,
possamos ter numa prece
a coragem de enfrentar,
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Se houvesse fraternidade
a guerra não nasceria,
no mundo, a felicidade,
com certeza afloraria.
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Sentimentos de ternura
pode a lágrima expressar
e a dor que o tempo não cura
também faz extravasar.
- - - - - –
Sorriso triste no rosto,
rugas na fronte e na mente,
mostram à luz do desgosto
sombras dum sonho pendente.
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Surge a vida no horizonte
sendo rota ao próprio ser,
quanto mais longe da fonte
mais perto do entardecer.
- - - - - –
Todos mantêm a esperança
de ao chegar na eternidade,
poder pôr sobre a balança
algum fruto de bondade.
- - - - - -
Vestígios estão presentes
entre os sonhos do passado,
são linhas que mesmo ausentes
seguiremos seu traçado.
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Vida: maior obra d'arte,
que devemos proteger,
se fizermos nossa parte
mais vida vemos crescer.

Fonte:
Luiz Damo. A Trova Literária nas Páginas do Sul. Caxias do Sul/RS: Palotti, 2014.
Livro gentilmente enviado pelo autor.

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