segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Carla Rejane Silva (Silêncio absoluto)


Estranho este silêncio vindo de dentro para fora. Não escuto nada, nem mesmo as batidas do meu coração. Logo ele, que vivia em festa... Em desespero, procuro sair deste marasmo infundado, busco escapar desta loucura-lamúria que me deixa surda de sentimentos. Quisera eu, simples mortal, quisera poder entender, ao pé da letra, o que vai dentro de minha alma.

Meu ser tenebroso me tira toda aquela vontade de escutar. Meu coração silencioso, derrama lágrimas de sangue por mim.  E me pergunto, a toda hora: quando terei paz? Me questiono, a toda hora, em que momento da minha vida, me sentirei plena e realizada?

Eu, que outrora fui cheia de alegria e contentamento abundante... Que vivia com um sorriso largo e contagiante bailando nos olhos, um sorriso  que transbordava até a  boca, de repente... Do nada, me vi vazia de tudo.

E a minha boca, hoje, esta boca que só tinha palavras sinceras e verdadeiras, que declamava a vida em versos, se fechou. Por algo incompreensível, ela se tornou muda, atrelada a uma surdez sem tamanho.

Este estilhaçar sentimental e cruel, me tirou tudo, me roubou o essencial. Até mesmo o prazer que eu tinha, de ouvir aquele som maravilhoso que me fazia delirar, em forma de brisa leve... Se esvaiu...

Enfim, tudo o que bailava, até então, dentro do meu ‘outro eu’, ou seja, aquele recôndito escondido, que conservava um imenso amor, um grandioso querer, quase abissal, se quedou igualmente inerte.

De repente, sem motivo algum, o sombrear das mazelas da vida, me tiraram o meu desejo de viver entre os mais esfuziantes  e perfeitos. E pior, de conviver com os  eternos, ao som mavioso do uivar da louca e desenfreada paixão.

Fonte:
Texto enviado pela autora

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