CINZAS
Foi pisando nas cinzas do passado
que entre as cinzas dos sonhos tropecei!
Tantas cinzas de sombras ao meu lado,
que aos encantos das cinzas me abracei!
Sobre as cinzas do chão já castigado,
eu nem sei quantas sombras eu beijei;
mas ao ver, de saudade, o chão bordado,
a tristeza da infância, eu disfarcei!
Ante as cinzas do tempo envelhecendo,
meu passado distante foi morrendo
como quem diz adeus, à primavera...
E eu sozinho, naquela solidão,
vi nas cinzas tristonhas do meu chão,
minha infância, nas cinzas da tapera!
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MÃE
Eu procuro nas línguas pelo mundo,
desde o tempo da escrita cuneiforme,
um só termo, que diga e que me informe,
a grandeza de mãe, num só segundo!
Esse amor que a mãe sente, é tão fecundo,
que em palavras, por mais que se reforme,
há um espaço tão grande e tão enorme,
que na vida, o que eu penso, eu me confundo.
Ninguém diz, eu não sei nem ninguém sabe,
o lugar que se esconde e onde é que cabe,
a grandeza do amor, que é tão sublime...
E que a mãe tem no peito um relicário,
e as três letras são chaves de um sacrário,
onde guarda esse amor, que a dor redime!
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MEMÓRIA
Esta dor que me fere e me magoa
quando lembro da minha mocidade,
pouco me importa que ela tanto doa,
se doendo, não cura esta saudade.
Melancolicamente eu vou lembrando,
de saudade em saudade eu vou vivendo,
mas não posso esquecer de quando em quando,
que em teus braços, aos poucos vou morrendo.
Nesta luta sem trégua, em desatino,
eu me agarro nas rédeas do destino
dos arquivos ingratos da velhice,
mas não posso esquecer que fui criança,
guardarei para sempre na lembrança
a saudade feliz da meninice!
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OFENSAS
Eu não quero jamais, que chegue o dia,
dessa triste e cruel desilusão;
em que o povo mantenha a mão vazia,
sem poder apertar mais outra mão.
Eu nem penso na triste covardia,
de outro alguém machucar meu coração;
é que eu vejo, na Luz que me irradia,
a ternura do olhar de um outro irmão.
Por ser justo, ao mal feito, eu não me rendo,
e se alguém me bater, eu não me ofendo
nem procuro as razões dos oprimidos...
Que entre mágoas, ofensas e rancores,
a vergonha maior dos ofensores
é escutar o perdão dos ofendidos!
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SAUDADE
Se a saudade de alguém chega a ferir
e, sem pena, maltrata e faz chorar,
é porque, no silêncio, espera ouvir
o que a voz do silêncio quer falar.
A saudade é um disfarce e, em seu olhar,
traz o brilho da luz que quer pedir;
mas nem pede licença para entrar
nem sequer, permissão para sair.
A saudade é a pior das inquilinas,
mas de todas as sombras femininas,
é irmã gêmea do pranto de quem chora...
E essas cruzes de dor, entre os escombros,
tirarei todas elas nos meus ombros,
se essa velha inquilina for embora!
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SENTIMENTOS
Quando o dia se apressa e vai embora,
num silêncio que fere e que angustia,
a tristeza me invade e me devora,
nas horas sepulcrais, do fim do dia.
Como quem diz adeus e triste chora,
vai-se o sol delirando de agonia,
e a cortina da noite, Deus decora,
com luz tênue, de vã melancolia.
Distante, bem distante, muito além,
a tristeza me acena, como quem
se despede de alguém, que já morreu,
Fontes:
– Professor Garcia. Poemas do meu cantar. Natal/RN: Trairy, 2020.
Livro enviado pelo autor.
– Sonetos “Memória” e “Sentimentos” – obtidos em Ademar Macedo. Mensagens Poéticas 691 e 666.
– Professor Garcia. Poemas do meu cantar. Natal/RN: Trairy, 2020.
Livro enviado pelo autor.
– Sonetos “Memória” e “Sentimentos” – obtidos em Ademar Macedo. Mensagens Poéticas 691 e 666.
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