A principal versão do conto "A pequena sereia", de Hans Christian Andersen, diz que no fundo do mar havia um reino, com um rei, uma rainha e seis irmãs: as princesas do mar. As sereias eram livres para irem onde quisessem, menos para um lugar: a superfície. Exceto, no 15o. aniversário, quando teriam permissão para se aventurar na superfície. Mas só por um dia.
Na data certa e com a devida permissão, a pequena sereia emerge das águas e vê um príncipe que está a naufragar. Salva sua vida. Sim. Neste conto, a princesa salva o príncipe. E se encanta por ele. A partir deste momento, passa a desejar ter pernas, ser humana.
Ao acordar, o príncipe se depara com outra princesa ao seu lado, e pensa ter sido salvo por ela. Então, arrasada, a sereia nadou até às profundezas do oceano onde vivia a bruxa do mar. E falou do seu amor e da sua vontade de ter pernas para ser feliz com seu príncipe. A bruxa concede o desejo. Mas alerta: se ao chegar à superfície e não for capaz de encontrar o verdadeiro amor, você se transformará em espuma do mar. A pequena sereia concordou. A promessa foi forjada. O elo, feito. Mas ao encontrar seu príncipe, descobriu que seu coração ainda pertencia à mulher da beira da praia, com quem ele escolhera casar.
Este conto nos remete a refletir sobre relacionamentos familiares, de amizades e, principalmente, amorosos. Eis que a sereia sublime em seu habitat, em sua beleza, em seu cantar, se deixa encantar pelas coisas de um mundo que não a pertence. E acaba por ignorar todas as próprias riquezas e poderes, para conquistar o coração de um humano, que não foi capaz de perceber que ela havia salvo sua vida e ainda dá seu coração a outra.
Com isso, a Pequena Sereia, por amor a alguém, perde-se, e vira espumas do mar.
A mensagem de Andersen é muito clara ao que se refere a sonho, ingratidão e falsos amores. Vem para nos lembrar que a protagonista do conto era mais livre sem pernas, como sereia, porque essa era a sua natureza, e que somos o nosso próprio reino, e que mesmo quando perdidos de amor, não podemos nos abandonar, nos anular, nem permanecer em longas esperas, caso contrário, corremos o sério risco de deixarmos de ser quem de fato somos, e virarmos espumas do mar…
Fonte: Texto enviado pela autora
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