quinta-feira, 13 de junho de 2024

Vereda da Poesia = 32 = ARRUMANDO POESIAS





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Soneto de São Paulo/SP

FILEMON FRANCISCO MARTINS

MORTE DA ÁRVORE
(Lendo o soneto ÁRVORE MORTA, do Padre Saturnino de Freitas)

Árvore triste, que ontem foi bonita,
Não tens mais ramos, frutos e nem flores,
Dos pássaros não és mais favorita
E não abrigas mais tantos amores.

Neste teu tronco já ninguém habita,
Sequer amantes loucos, sonhadores,
Que outrora segredavam na mesquita
De suas folhas vivas, multicores...

Quantas vezes ouviste namorados
Em carinhos e beijos, descuidados,
Como se o tempo não fosse passar.

Hoje, teus galhos secos, ressequidos,
São lembranças de sonhos esquecidos,
Que nunca mais, na vida, vão voltar!
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Glosa de Fortaleza/CE

NEMÉSIO PRATA

MOTE:
Numa espera doce e mansa, 
qual zelosa tecelã 
bordo rendas de esperança 
pra enfeitar nosso amanhã!
Jeanete de Cnop 
Maringá/PR

GLOSA:
Numa espera doce e mansa, 
tecendo a minha saudade, 
cada segundo que avança 
parece uma eternidade! 

Nos bilros, busco consolo; 
qual zelosa tecelã 
vou tecendo, no rebolo, 
minhas rendas com afã! 

Na almofada da lembrança 
com seus tear multicor 
bordo rendas de esperança 
esperando o meu amor! 

De rendeira, fiz a trama, 
minha espera não foi vã, 
hoje a peça cobre a cama 
pra enfeitar nosso amanhã!
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Spina de Belém/PA

ANA MEIRELES

Comigo ninguém pode 

Comigo ninguém pode,
Maria era dessas
sem firulas, falava. 

Sentia, dizia, palavras saíam quentinhas.
O Amigo Moura sabia, presenteou-lhe
com simbólico colar que personificava
uma força interior quase inabalável 
de fragilidade, fortaleza, se temperava.
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Soneto de Porto Velho/RO

VESPASIANO RAMOS
(Joaquim Vespasiano Ramos)
Caxias/MA, 1879 – 1915, Porto Velho/RO

Soneto da Volta

Desde este instante, sem cessar, maldigo,
Aquele instante de felicidade!
Para que tu vieste ter comigo,
Meu amor! Minha luz! Minha saudade?!

Dês que te foste, foram-se contigo
Todos os sonhos desta mocidade...
A tua vinda — fora-me um castigo;
A tua volta — uma fatalidade!

Dês que te foste, dentro em mim plantaste
A ânsia infinita dos desesperados
Porque voltando, nunca mais voltaste...

Correm-me os dias de aflições, cobertos:
Eu entrei para o amor de olhos fechados
E saí para a dor de olhos abertos!
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