sexta-feira, 14 de junho de 2024

Vereda da Poesia = 33 = FAZENDO




Sextilha de Caicó/RN

PROFESSOR GARCIA

No momento da triste despedida
todo mundo que fica se apavora,
fica  alguém soluçando na calçada,
na janela, quem fica também chora;
é o instante mais triste desta vida
quando alguém diz adeus e vai embora!
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Trova de Ribeirão Preto/SP

RITA MARCIANO MOURÃO 

Bilhetes de amor... saudade
que a lembrança hoje cultua 
onde a tal felicidade
era o carteiro da rua!...
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Glosa do Rio Grande do Sul

GISLAINE CANALES
Herval/RS, 1938 – 2018, Porto Alegre/RS

Carnaval Fantasia

MOTE:
Meu carnaval mais risonho,
foi aquele em que eu vesti
as fantasias de um sonho
que até hoje eu não vivi…
Elisabeth Souza Cruz 
(Nova Friburgo/RJ)

GLOSA:
Meu carnaval mais risonho,
cheio de felicidade,
eu lembro hoje entressonho,
numa forma de saudade.

Foi um tempo de alegria,
foi aquele em que eu vesti
a minha alma de poesia…
Disso, nunca me esqueci!

A todos, hoje eu proponho
viver muitas fantasias…
as fantasias de um sonho
não deixam as mãos vazias…

Quisera realizar
tudo aquilo que senti
e a grande emoção de amar
que até hoje eu não vivi…
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Aldravia de Vitória/ES

MATUSALÉM DIAS DE MOURA

paradoxo:
frente
fria
aquece
minha
alma
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Soneto do Rio de Janeiro

DANTE MILANO
Rio de Janeiro/RJ, 1899 -1991, Petrópolis/RJ

O espectro

O canto não imita a realidade
Como as palavras. Fica sobrevoando,
E da boca feroz se libertando,
Como o vôo de um pássaro, se evade.

Desaparece sem deixar saudade,
Perde-se na existência, como quando
A água de uma carranca borbotando
Se irisa em trêmula diafaneidade.

Não quero o sentimento que da treva
Do ser traz qualquer coisa de aflitivo,
Que quer ser voz e a voz profunda eleva,

Despertando um espírito latente
Que estilhaça os cristais num vingativo
Riso de espectro lívido e estridente.
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Triverso do Rio de Janeiro/RJ

MILLÔR FERNANDES
(Milton Viola Fernandes)
1923 – 2012

Não tem nexo
Tudo é apenas
Reflexo
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Spina de Francisco Beltrão/PR

RICHARD ZAJACZKOWSKI

Violações 

Sedentos pela fonte,
ignoraram as leis.
Selaram seus destinos.

Emoções à flor da pele,
era tudo que eles anelavam.
Via-se que são bem ladinos.
Retiam eles, arte da astúcia
em enlevos de seres libertinos.
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Dobradinha Poética de Bandeirantes/PR

LUCÍLIA ALZIRA TRINDADE DECARLI

Fuga

De mim mesma eu quis fugir,
deixar a vida desdita,
mas sem saber aonde ir
curvei-me à sorte prescrita…

Fugir de insípida vida
por não ver outra saída,
quantas vezes desejei...
Fugir da espera sofrida,
do desamor, da partida,
aos quais não me acostumei.

Fugir, mas fugir de tudo,
do sofrimento desnudo,
do amor que em mim acordei..
Fugir da infelicidade,
deixar atrás a saudade,
que, sem querer, preservei.

Fugir de alguém que não vem,
que embora seja o meu bem,
nem sabe o quanto eu o amei.
Fugir da desesperança,
apagar toda lembrança
que em minha mente gravei.

Fugir desta solidão,
da amarga desilusão,
dos segredos que guardei.
Fugir do tempo inclemente,
do meu destino incoerente,
mas para onde?!... Não sei.

(Ninguém consegue fugir de si mesmo, 
nem da própria sorte.)
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