quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Poesia no Ônibus (Canoas/RS)

O projeto visa a divulgação dos poetas de Canoas, possibilitando a visibilidade dos trabalhos junto a população através da exposição de suas obras nos veículos de transporte coletivo da empresa Sogal. Os trabalhos selecionados foram impressos em cartazes no formato A4 que estão colocados no interior dos ônibus da empresa. Além da Sogal o projeto conta com o apoio da SMTSP - Secretaria Municipal de Transportes e Serviços Públicos.
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INSTANTE DE AMOR
Affonso Romano de Sant´Ana

Não me ame apenas
no preciso instante
em que me amas.

Nem antes,
nem depois.
O corpo é forte.

Me ame apenas
no imenso instante
em que te amo.
O antes é nada
e o depois é morte.
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Affonso Romano de Sant´Ana (1937 -)
Nasceu em Belo Horizonte, no dia 27 de março de 1937. Durante os anos 60 teve participação ativa nos movimentos que transformaram a poesia brasileira, sempre interagindo com grupos inovadores e construindo sua própria linguagem e trajetória. Considerado pela Revista Imprensa um dos dez jornalistas que mais influenciam a opinião de seu país, por desempenhar atividades no campo político e social que marcaram o país nos anos 60.Ele é considerado também pelo crítico Wilson Martins, como o sucessor de Carlos Drumonnd de Andrade. Seus textos e poesias,tem forte conteúdo social.
Seu primeiro livro,foi lançado em 1962, "O Desemprego da Poesia".
O poeta era tido como um ser boêmio, romântico, fora de época.
Cursou a faculdade de Letras de Belo Horizonte.
Casa-se, em 1971, com Marina Colasanti, escritora e jornalista, segundo ele sua melhor crítica e também musa inspiradora.
Nos duros anos na ditadura militar, Affonso Romano de Sant'Anna publicou corajosos poemas nos principais jornais do país reativando a reação do poeta com a vida política e social. Poemas como "Que país é este?" e "Sobre a atual vergonha de ser brasileiro" foram transformados em posters em todo o país. Também fez várias experiências sobre utilização da linguagem poética para a televisão.
Atualmente escreve colunas aos sábados para o JornalO Globo aos sábados e domingo no suplemento "Em cultura" do Jornal Estado de Minas
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LÁGRIMA
Ana Clades T. da Silva

Não esconda o sentimento
de uma lágrima tão preciosa
de tristeza ou contentamento.
Ela é igual ao orvalho da rosa,
ela é feita como a chuva.
Fertiliza, apaga a poeira,
molha a terra, nasce a uva
que dá vida à parreira.
Feliz é aquele que chora,
dizia o mestre Jesus.
A tristeza vai embora
e tudo se enche de luz.
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Ana Clades T. da Silva (1950)
Nasceu em 18/8/1950, em Cachoeira do Sul, RS, e reside em Canoas. Acadêmica da Faculdade de Letras do Unilasalle. Obteve o 1° lugar na categoria Trova Literária, pelo Grupo Cultural Mona Lisa de Esteio e o 2° lugar na categoria Conto, no 5° Concurso Nacional de Literatura da Fundação Cultural de Canoas.
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MARIA
Ana Lúcia Costa Batista


Ah! Minha doce Maria!
Não tenho mais a agonia,
pois tenho uma irmã
para comigo fazer folia.

Tenho-a no pedestal.
Uma amiga assim – eu não vi igual,
pois sei que é um amor celestial,
cujos anjos fazem o maior festival!

Ah! Minha linda Maria!
Nunca esqueças de mim,
pois uma amizade sincera
não pode jamais ter fim.
Eis que nosso Criador
quer que sejamos fraternos – assim!
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Ana Lúcia Costa Batista (1959)
Nasceu em 1°/12/1959, em Porto Alegre, RS, e reside em Canoas. Bacharel em Direito. Participou da I e da II Coletânea da Casa do Poeta de Canoas (2003/2005).

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INVERNO
Ancila Dani Martins


Chuvas aqui, ciclones, vendavais acolá.
Neve na serra... atração turística,
lareira, chocolate quente, hotéis finos.

Sob marquises, enovelam-se mendigos
em fino colchão, cobertor de papelão.
Comércio louco, lãs, peles e couro.
Crianças na rua à mercê dos ventos
virando lixo, buscando sustento.
Que responsabilidade tem a sociedade
por este desproporcional acontecimento?
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Ancila Dani Martins
É natural de Flores da Cunha, RS, e reside em Canoas. Graduada em História pela Unisinos, pós-graduada em Métodos e Técnicas de Ensino, pelo Unilasalle, com especialização em História do Rio Grande do Sul. Atua no ensino público estadual. Co-organizadora da I Coletânea Nas Asas da Poesia, dos alunos da EJA/SMEC/Canoas.
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SEREI
Benoni Couto

Nas lições da vida estão
Agruras de sentimento,
Incertas glórias que são
Reminiscência, lamento.

Queres revelar belezas
De não esquecer-se jamais
Com sonhos e sutilezas
Quando nascem os imortais.

Serei destino errante,
Serei glória, despedida,
Desejo alucinante.
Serei chegada, partida,
Serei começo de tudo,
Serei também fim da vida.
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Benoni Couto (1931)
Benoni Alves do Couto nasceu em 29/5/1931, em Cêrro Branco, RS, e reside em Canoas há 45 anos. Autor de Fagulha ( Poemas e Contos).
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CARTA DE UM ADMIRADOR
Bia Clos

Vai ser fácil esquecer você.
Basta não olhar o céu,
basta não pensar no mar,
nas estrelas e nos rios.

Vai ser fácil esquecer você.
Basta não pensar na alegria,
desistir da simpatia,
abandonar a ilusão e começar viver só.

Vai ser fácil esquecer você.
Basta não lembrar da cor de seus olhos,
não pensar no amor, na vida.

Vai ser fácil esquecer você.
Basta não sentir, não olhar, não viver.
Vou multiplicar momentos roubados
e felicidades impossíveis,
então, será fácil esquecer você!
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Bia Clos
Bia Clos reside em Canoas. Bacharel em Turismo pela Pucrs e graduada como Assistente Social pela Ulbra. Recebeu o 1° lugar (poesia livre) no 1° Concurso Nelson Fachinelli de Efemérides (Capori) e Menção Especial em concurso literário da Capolat - Casa do Poeta Latino-americano. Participou da II Coletânea da Casa do Poeta de Canoas (2005).
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GUERREIRO
Canabarro Tróis Filho


Quero levar minhas canetas
Agasalhadas no bolso
(aljava)
meu arco tenso
(rebeldias, indignações)
para caçar
com flecha d´agua
os sonhos falhados
(pássaros fugidios)
sobre o oceano
do Tempo e dos Ventos.
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Canabarro Tróis Filho (1926)
Antônio Canabarro Tróis filho nasceu em 27/11/1926, em São Francisco de Assis, RS, e reside em Canoas. Escritor, editor e jornalista, possui 12 obras publicadas. Co-fundador dos jornais O Momento e O Timoneiro. Foi redator e cronista da Folha da Tarde e co-diretor da revista Signo. Patrono da Feira do Livro de Canoas, em 1999. Participou da I, II e III Coletânea da Casa do Poeta de Canoas, sendo o poeta homenageado na II Coletânea (2005).
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PERCA UM MINUTO
Carmen Kennis

Perca um minuto da sua vida
para sentir o sol da manhã.
Quando abrir a janela
e ouvir o canto dos pássaros,

ao sentir o sol batendo no seu rosto,
você sentirá que a vida é maravilhosa
e que o mundo é belo.
Até o canto frágil dos pássaros
construindo seus ninhos,
no afã de poder viver,
assim tão livres.
Também o homem fica pequenino
ao admirar a tudo com carinho,
e se sente um gigante do Saber!
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Carmen Kennis
Carmem Maria Kennis nasceu em Camaquã, RS, e reside em Canoas. Aposentada. Participou da II e da III Coletânea da Casa do Poeta de Canoas - Poesia, Crônica e Conto (2005 - 2007).
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LUA
Diane Josair Straus Paz


Num dia estava tão cheia,
Noutro dia se encolheu.

Depois veio com preguiça
E, por fim, se escondeu.
Mas, pelo tempo que passou,
Meu amor por ti
Nada mudou.
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Diane Josair Straus Paz (1942)
Diane Josair Straus Paz nasceu em 23/9/1942, em Novo Hamburgo, RS, e reside em Canoas. Foi funcionária pública e atuou em trabalhos voluntários durante 8 anos no FAC São Cristóvão. Integra o Grupo de Teatro Sonho e Prosa. Participou da II e III Coletânea da Casa do Poeta de Canoas - Poesia, Crônica e Conto (2005 / 2007).
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A SAUDADE
Eva de Souza Rodrigues

A saudade é dor pungente
que faz sofrer intensamente
enlouquecendo o coração
que pula enfurecido de paixão.

A saudade aguça e aquece
a vontade louca
de beijar tua boca,
e, ao mesmo tempo, entristece.

O pensamento voa
em busca de tua imagem.
Em vão, procura à toa
encontrar-te nessa viagem.
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Eva de Souza Rodrigues (1946)
Eva de Souza Rodrigues nasceu em 21/8/1946, em São Miguel das Missões, RS, e reside em Canoas. Artista plástica e escritora. Possui três livros publicados: “Pampa e Romantismo”, “Arco-Íris de Luz” e “Scooby, o Cãozinho Fujão”. Participou da II e da III Coletânea da Casa do Poeta de Canoas - Poesia, Crônica e Conto, em 2005 e 2007
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GRADES DE PAPEL
Fernando Lima

Tardes de sol vistas de uma janela.
Prisão aberta,
grades de papel.

Coração ferido
de tantas esperas,
coração sofrido
de tantas quimeras.

Pensamentos sóbrios
em dias de muito sol.
Será o trabalho uma forma de escravidão?

Busco um modo de transcender ao tempo,
fazer com imagens a minha história
para que o futuro revele meu profundo ser
tornando viva minha memória.
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Fernando Lima
Fernando Lima reside em Canoas. Formado em Letras pelo Unilasalle e acadêmico de Artes Visuais na Feeevale. Artista plástico, desenvolve trabalhos em pintura, desenho, escultura e fotografia. Participou das três Coletâneas da Casa do Poeta de Canoas, em 2003, 2005 e 2007.
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Fonte:
http://www.casadospoetas.com.br/

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