segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Salman Rushdie (Sinopse de Alguns Livros)

Harun e o mar de histórias

A imaginação de uma criança depende do quanto ela possa nadar, boiar, brincar, chapinhar no enorme “mar de histórias”.

“Harun e o mar de histórias” é a primeira história escrita por Salman Rushdie, num dos lugares onde esteve refugiado depois de ter sido condenado à morte, após ter escrito Versículos Satânicos.

Em “Harun e o mar de histórias”, Salman Rushdie conta-nos a história de Harun, um menino, cujo pai era um famoso contador de histórias no mítico país de Alefbey. Um dia a mãe de Harun decide fugir com um crítico do trabalho do marido. (”Para que servem as histórias, se nem sequer são verdade?” dizia ele. Harun revoltado com a fuga da mãe faz a mesma pergunta ao pai, Rashid. Este com o coração partido, perdeu a alegria de viver e o dom da palavra, não conseguindo contar nem mais uma história. Abria a boca e nada saía.

Harun descobre que o pai, magoado, tinha cancelado o seu contrato com a “água das histórias” situada numa segunda lua da Terra cuja órbita é tão rápida que até hoje não foi detectada pelos satélites.

Uma noite, Harun ouve um barulho. Vai ver. Era o génio Iff, vindo da lua de Kahani, a desligar a canalização da água de histórias. Conversam os dois e Harun começa a fantástica aventura na procura das palavras para devolver ao pai, viajando com o génio até à lua de Kahani. Vamos com ele até ao momento em que deslumbra a superfície desta lua, e vê que ela é coberta pelo Mar de Fios de Histórias: Harun olhou para a água e viu que esta era feita de milhares e milhares de correntes diferentes, cada uma de sua cor, que se entrelaçavam como uma tapeçaria líquida, de uma enorme complexidade. E Iff explicou que aqueles eram os Fios de Histórias, e que cada fio colorido representava e continha uma única narrativa. Nas diferentes áreas do Mar havia diferentes tipos de histórias, e como todas as histórias que já foram contadas e muitas das que ainda estavam para ser inventadas se podiam encontrar ali. O Mar de Fios de Histórias era, na verdade, a maior biblioteca do universo. E como as histórias ficavam ali guardadas em estado líquido, elas conservavam a capacidade de mudar, de se transformar em novas versões de si mesmas, de se unirem a outras histórias. Assim, ao contrário de uma biblioteca, o Mar de Histórias era muito mais do que um depósito de livros. Não era um lugar morto. Era um lugar cheio de vida.

Harun percebe então que o mar está cheio de peixes “milbocas” que engolem histórias e em cujas entranhas “acontece um milagre”: um bocadinho de uma história junta-se com uma ideia de uma outra e pronto! Quando os peixes cospem as histórias, elas já não são as mesmas, são outras novas. Nenhuma história vem do nada; elas nascem das velhas. São novas combinações que fazem com que elas sejam novas.

Escapando de muitos perigos, Harun conseguirá vencer as tenebrosas forças da escuridão e do silêncio.

O mar de histórias é uma metáfora para a textura narrativa. Quanto mais complexa, colorida e diversa é essa textura, mais vivo estará o mar.

Salman Rushdie dedicou esta história ao seu filho Zafar, então com nove anos. Uma narrativa com humor, uma defesa da criação, da fantasia e da liberdade. Uma celebração da alegria de contar histórias e do prazer de ouvi-las e lê-las.

“Há milhares de fios de histórias, há milhares de peixes de “milbocas”, a vitalidade da narrativa está simbolizada nesta história de Rushdie. Quanto mais histórias forem contadas, ou contadas por um maior número de pessoas, maiores são as possibilidades de recriação, logo de maior vitalidade imaginativa. A imaginação de uma criança depende do quanto ela possa brincar, nadar, boiar, chapinhar no enorme “mar de histórias”.
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Shalimar, O Equilibrista (Brasil) ou Shalimar, o Palhaço

É uma obra de ficção de Salman Rushdie publicada em 2005 e que conta a história do personagem Shalimar, da infância à morte, da sua carreira como artista a assassino profissional, tendo em foco em quatro personagens fundamentais: Índia/Cachemira, Boonyi, Max, e o próprio Shalimar. O livro não segue a ordem cronológica dos eventos e inicia-se com um misterioso assassinato que se desvenda ao longo do romance.

O lançamento mundial do livro teve como principal evento a Festa Literária Internacional de Paraty, no Brasil, em 2005, com a presença do autor.
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O Chão que Ela Pisa

Publicada em 1999. É um romance viciante. 575 páginas que assustam quem olha por fora e suspendem quem olha por dentro. Mas, do início então. "O Chão que ela pisa" é a história do casal Ormus e Vina, contada por Ray.

Ormus e Vina formam o núcleo artístico e pensador do VTO, uma banda de rock que vende bilhões de discos, incomoda a ordem vigente com suas letras e que é o veículo de expressão do amor louco de Ormus por Vina, e vice-versa.
Ray é fotografo, amigo de Ormus, amante de Vina. É ele quem conta a história depois de todo o desastre.

O romance é a recriação do mito de Orfeu e Eurídice. No mito, Orfeu desce ao inferno para buscar Eurídice, morta por uma picada de cobra. Nesse romance, Vina, tragada por um terremoto, é o caminho do inferno para a dupla Ormus/Ray, mas, a certa altura, o interlocutor questiona: "Será que o fracasso de Orfeu em resgatá-la é uma prova do destino inevitável do amor (ele morre); ou da fragilidade da arte (ela não é capaz de levantar os mortos); ou da covardia platônica (Orfeu não morre para estar com ela; não é nenhum Romeu, ele); ou da dureza dos, digamos, deuses (eles enrijecem o coração contra os amantes) ?".

O pano de fundo da história é o rock and roll e a nascente industria de celebridades. A certa altura Ray contempla:

"Por que a gente gosta de cantores? Onde se esconde o poder das canções? Talvez se origine da mera estranheza de se existir canto no mundo. A nota, a escala, o acorde; melodias, harmonias, arranjos, sinfonias, ragas, óperas chinesas, jazz, blues: o fato de essas coisas existirem, de termos descoberto os intervalos mágicos e as distâncias que produzem o pobre punhado de notas, todas ao alcance da mão humana, com as quais construímos nossas catedrais sonoras, é um mistério tão alquímico quanto a matemática, ou o vinho, ou o amor. Talvez os pássaros tenham nos ensinado. Talvez não. Talvez sejamos, simplesmente, criaturas em busca de exaltação. Coisa que não temos muito. Nossas vidas não são o que merecemos. De muitas dolorosas maneiras elas são, temos de admitir, deficientes. A música as transforma em outra coisa. A música nos mostra um mundo que merece os nossos anseios, ela nos mostra como deveriam ser os nossos eus, se fôssemos dignos do mundo".

O "Chão que ela pisa" é romance contemporâneo, clássico, vivo, instigante e inteligente. É uma história de amor, morte e rock and roll. É cultura popular global. É obrigatório. E, ah, claro, Salman Rushdie é, sim, autor dos Versos Satânicos, e a canção do VTO, letra de Ormus, que dá titulo ao livro, The ground beneath her feet, foi definido por Toni Morrison como uma obra global. O título inspirou uma canção homónima da banda irlandesa U2.

Fontes:
http://www.screamyell.com.br/literatura/chaoquelapisa.htm
http://pt.wikipedia.org
http://www.interescolas2006.esel.ipleiria.pt/?p=129

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