Bandeira de Guiné-Bissau
Raiar
Desabrochei nas vésperas do cântico da liberdade
Cresci pueril emaranhado nos ecos de uma epopéia
Acreditando por ser acreditar a grande verdade
Entoei os cânticos de louvor à morte da centopéia
O tempo emprestou-me a tenacidade da dúvida
E do tempo, aliado me fiz e da dúvida a espada
Segui os rastos da vontade de entender tal vida
A realidade vislumbrou-me uma dureza pasmada
Questionei os dogmas para saber mais além
Cruzei saberes e dissabores na alma atormentada
E do além ainda distante, do saber muito aquém...
Exorcizei com versos a tormenta alimentada
No presente, nada mais é do que o não adquirido
Nada mais se disfarça para dúvidas semear
No presente, não mais vago é o caminho escolhido
Ladeando a realidade sim, com o sonho no limiar
---------------------------------
Despertar
Ergui a taça do vinho e num só gole
Traguei a essência das palavras, engoli
Gota-a-gota as frases deslizaram-se adentro
Sereno, repudiei as faces carentes de alento
Ergui a voz e soltei as frases dilacerantes
As palavras que ansiavam, escutaram, inertes.
Os gestos imobilizaram-se, olhares húmidos!
Do verbo, deslizei-me então nos gerúndios:
Querendo, lutando, acreditando, negando
Provoquei, invocando o medo sonegado
Dos murmúrios pedi barulho, agitação
Dos olhares vagos se projetaram ação
Ergui o olhar e vislumbrei um céu nebuloso
O prenúncio de uma noite no fundo do poço
Invoquei as divindades num parco discurso
E fez-se luz! Escolhemos outro percurso!
-----------------------------------
ÍMPAR
Certezas são âncoras de um forte querer
razões que me levam a não seguir por aí
a seguir distante de tudo, perto de mim
PODER!
poder é não hesitar e partir
enfrentar os trilhos da indiferença
que rotulam os desalinhados e ser
SER!
ser assim e daqui distante
estar aqui sem unanimidade
ser singular para não rimar
QUERER!
querer o impossível e realizar
abraçar o diferente sem medo
na presença entre iguais, ser ímpar!
--------------------------------
Iniciação do Ser
Rasga os pergaminhos
Rompe com os mesquinhos
Inverte esta desordem
Cães ruidosos não mordem
Vento, sopra de avesso
Sem poeira nem arremesso
Todo esse querer é livre
Livre, com garras de tigre
Entoa o tal cântico
Que desafia o mítico
Atravessa o deserto
Vai, destino incerto
Revoluciona o tal verbo
Da palavra, torna-te servo
Do horizonte, fita o futuro
Por fim, salta do muro!
------------------------------
Murmúrios
Dizem que são murmúrios os ecos
que chegam do fundo deste mar
São palavras soltas aos ventos
frases melódicas para somar
Murmúrios que escondem feitiços
segredos e estórias por desmontar
São lamentos de cores mestiços
São sombras desenhadas ao luar
No fundo deste mar o silêncio fala
grita e clama como a força das marés
Não longe essa voz alguém embala
Não longe os ecos se escutam no convês
No fundo deste mar há tormentos
Há vontade de um silêncio romper
Querer e vontade não são lamentos
No fundo, este mar esconde um poder!
-------------------------------------
Desabrochei nas vésperas do cântico da liberdade
Cresci pueril emaranhado nos ecos de uma epopéia
Acreditando por ser acreditar a grande verdade
Entoei os cânticos de louvor à morte da centopéia
O tempo emprestou-me a tenacidade da dúvida
E do tempo, aliado me fiz e da dúvida a espada
Segui os rastos da vontade de entender tal vida
A realidade vislumbrou-me uma dureza pasmada
Questionei os dogmas para saber mais além
Cruzei saberes e dissabores na alma atormentada
E do além ainda distante, do saber muito aquém...
Exorcizei com versos a tormenta alimentada
No presente, nada mais é do que o não adquirido
Nada mais se disfarça para dúvidas semear
No presente, não mais vago é o caminho escolhido
Ladeando a realidade sim, com o sonho no limiar
---------------------------------
Despertar
Ergui a taça do vinho e num só gole
Traguei a essência das palavras, engoli
Gota-a-gota as frases deslizaram-se adentro
Sereno, repudiei as faces carentes de alento
Ergui a voz e soltei as frases dilacerantes
As palavras que ansiavam, escutaram, inertes.
Os gestos imobilizaram-se, olhares húmidos!
Do verbo, deslizei-me então nos gerúndios:
Querendo, lutando, acreditando, negando
Provoquei, invocando o medo sonegado
Dos murmúrios pedi barulho, agitação
Dos olhares vagos se projetaram ação
Ergui o olhar e vislumbrei um céu nebuloso
O prenúncio de uma noite no fundo do poço
Invoquei as divindades num parco discurso
E fez-se luz! Escolhemos outro percurso!
-----------------------------------
ÍMPAR
Certezas são âncoras de um forte querer
razões que me levam a não seguir por aí
a seguir distante de tudo, perto de mim
PODER!
poder é não hesitar e partir
enfrentar os trilhos da indiferença
que rotulam os desalinhados e ser
SER!
ser assim e daqui distante
estar aqui sem unanimidade
ser singular para não rimar
QUERER!
querer o impossível e realizar
abraçar o diferente sem medo
na presença entre iguais, ser ímpar!
--------------------------------
Iniciação do Ser
Rasga os pergaminhos
Rompe com os mesquinhos
Inverte esta desordem
Cães ruidosos não mordem
Vento, sopra de avesso
Sem poeira nem arremesso
Todo esse querer é livre
Livre, com garras de tigre
Entoa o tal cântico
Que desafia o mítico
Atravessa o deserto
Vai, destino incerto
Revoluciona o tal verbo
Da palavra, torna-te servo
Do horizonte, fita o futuro
Por fim, salta do muro!
------------------------------
Murmúrios
Dizem que são murmúrios os ecos
que chegam do fundo deste mar
São palavras soltas aos ventos
frases melódicas para somar
Murmúrios que escondem feitiços
segredos e estórias por desmontar
São lamentos de cores mestiços
São sombras desenhadas ao luar
No fundo deste mar o silêncio fala
grita e clama como a força das marés
Não longe essa voz alguém embala
Não longe os ecos se escutam no convês
No fundo deste mar há tormentos
Há vontade de um silêncio romper
Querer e vontade não são lamentos
No fundo, este mar esconde um poder!
-------------------------------------
Sobre o Autor
Waldir Araújo nasceu em 1971, na Guiné-Bissau. Desde muito cedo que mostra interesse pela literatura. Em 1985 vence um prémio literário no Centro Cultural Português de Bissau que lhe concede a sua primeira viagem a Portugal, onde prosseguiu os estudos. Freqüenta o curso de Direito em Lisboa, que acaba por abandonar, para abraçar o Jornalismo. Desde 1996 que é jornalista, exercendo atualmente a profissão na RTP, Rádio e Televisão de Portugal - Canal África.
Em Fevereiro de 2008 publica o seu primeiro livro, uma recolha de contos intitulado "Admirável Diamante Bruto e Outros Contos" que veio apresentar na 27ª Feira de Livro de Brasília. Tem vários textos, prosa e poesia publicadas dispersamente em revistas e jornais literários de Portugal e Brasil.
Fonte:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_africana/
Waldir Araújo nasceu em 1971, na Guiné-Bissau. Desde muito cedo que mostra interesse pela literatura. Em 1985 vence um prémio literário no Centro Cultural Português de Bissau que lhe concede a sua primeira viagem a Portugal, onde prosseguiu os estudos. Freqüenta o curso de Direito em Lisboa, que acaba por abandonar, para abraçar o Jornalismo. Desde 1996 que é jornalista, exercendo atualmente a profissão na RTP, Rádio e Televisão de Portugal - Canal África.
Em Fevereiro de 2008 publica o seu primeiro livro, uma recolha de contos intitulado "Admirável Diamante Bruto e Outros Contos" que veio apresentar na 27ª Feira de Livro de Brasília. Tem vários textos, prosa e poesia publicadas dispersamente em revistas e jornais literários de Portugal e Brasil.
Fonte:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_africana/
Nenhum comentário:
Postar um comentário