SIMPLES ASSIM
Ontem vi uma criança e uma flor,
Foi num jardim destes à beira do caminho,
Sombreado por calvas jovens árvores
E forrado por um esverdeado gramado tímido.
Uma levava a outra
Por entre delicados dedinhos avermelhados,
Com incertos passos pueris,
Sob um brilhante olhar curioso.
Uma era levada pela outra,
Com aveludadas pétalas coloridas
A exalar um suave perfume adocicado,
Permitindo a encantadora magia da descoberta.
Uma completava a outra,
Com o vislumbre das formas e cores,
Com uma inocente gargalhada despreocupada,
Aconchegadas nas próprias existências
A comungar da mesma cena.
Ontem vi uma criança e uma flor…
À PRÓXIMA TEMPESTADE
Atentai-vos a mim, homens, o vosso nobre capitão!
Não vede que seguimos à carenagem?
Machados aos estais, machados ao mastro,
Livrai-nos do excesso, aprumemos a nave!
É de frente e não de lado
que se enfrentam as ondas, jovem timoneiro,
Alinha a proa e reze tua prece,
É de madeira de lei a quilha,
Mas a fé a fortalece!
Às tábuas a firmar, homens!
Aguentai-vos firmes,
Fazei-vos valer, esta é a hora,
Buscai vós na batalha a honra!
Rezai vossas preces,
Não perdeis a coragem!
O choro é para mais tarde.
Força!
Escorai-vos onde puderes,
Segurai-vos como puderes,
E, assim, revezai-vos ao descanso.
Já se aproxima a bonança
e é nela que se trabalha!
Nela não se descansa,
mas se repara e se toma o fôlego;
Tão certo quanto ela é a próxima tempestade
que já se precipita.
PELA JANELA
Há tempos que nesta janela,
Nesta mesma janela,
Ponho-me atendo a tudo observar,
A tudo o que se faz por ela passar.
Há tempos que neste observar,
Especulo os movimentos
e me delicio com as expressões.
Há tempos que destas reações,
Faço minhas imitações sem [é lógico]
esquecer as infundadas deduções.
Há tempos que nesta janela,
Fico a tudo observar,
Sem de mais nada me lembrar.
Há tempos que atrás desta janela,
Ponho-me assim: de tudo protegido e escondido,
De tudo que somente além dela se faz passar.
Hoje, um agradável dia ensolarado,
Como há tempos não fazia,
Pus-me despreocupado pelos passeios a caminhar,
Com um semblante difícil de desvendar,
Sentindo os cheiros e os sabores da paisagem
Há tempos nesta mesma janela a se formar,
Agora comigo por ela a se observar.
ENTREGA
Tantas foram as fantasias em mim vestidas,
Tantas foram as formas por mim assumidas,
Tantos foram os modos de mim investidos,
Tantas foram as culpas a mim atribuídas,
Que nem mais sei...
Tanto foi o que perdi,
Tanto foi o que lutei,
Tanto foi o que me iludiu,
Tantos foram os reveses,
Que nem mais dói...
Já não sei o que foi,
nem o que era para ter sido,
ou o que virá a ser.
Sei apenas que assim continuará,
De um lado para o outro, pra cima e pra baixo,
Trocando, mudando, transformando, inventando!
Mas sempre um eu mesmo [torto],
de todos os tempos e com alguma coisa nova.
E por isso, hoje,
envolto pelas minhas conquistas,
Sigo cantando a minha música,
Dançando a minha dança,
Caminhando o meu passo,
Rindo o meu riso,
Sem de mim perder a criança
que nunca deixei de ser.
Ontem vi uma criança e uma flor,
Foi num jardim destes à beira do caminho,
Sombreado por calvas jovens árvores
E forrado por um esverdeado gramado tímido.
Uma levava a outra
Por entre delicados dedinhos avermelhados,
Com incertos passos pueris,
Sob um brilhante olhar curioso.
Uma era levada pela outra,
Com aveludadas pétalas coloridas
A exalar um suave perfume adocicado,
Permitindo a encantadora magia da descoberta.
Uma completava a outra,
Com o vislumbre das formas e cores,
Com uma inocente gargalhada despreocupada,
Aconchegadas nas próprias existências
A comungar da mesma cena.
Ontem vi uma criança e uma flor…
À PRÓXIMA TEMPESTADE
Atentai-vos a mim, homens, o vosso nobre capitão!
Não vede que seguimos à carenagem?
Machados aos estais, machados ao mastro,
Livrai-nos do excesso, aprumemos a nave!
É de frente e não de lado
que se enfrentam as ondas, jovem timoneiro,
Alinha a proa e reze tua prece,
É de madeira de lei a quilha,
Mas a fé a fortalece!
Às tábuas a firmar, homens!
Aguentai-vos firmes,
Fazei-vos valer, esta é a hora,
Buscai vós na batalha a honra!
Rezai vossas preces,
Não perdeis a coragem!
O choro é para mais tarde.
Força!
Escorai-vos onde puderes,
Segurai-vos como puderes,
E, assim, revezai-vos ao descanso.
Já se aproxima a bonança
e é nela que se trabalha!
Nela não se descansa,
mas se repara e se toma o fôlego;
Tão certo quanto ela é a próxima tempestade
que já se precipita.
PELA JANELA
Há tempos que nesta janela,
Nesta mesma janela,
Ponho-me atendo a tudo observar,
A tudo o que se faz por ela passar.
Há tempos que neste observar,
Especulo os movimentos
e me delicio com as expressões.
Há tempos que destas reações,
Faço minhas imitações sem [é lógico]
esquecer as infundadas deduções.
Há tempos que nesta janela,
Fico a tudo observar,
Sem de mais nada me lembrar.
Há tempos que atrás desta janela,
Ponho-me assim: de tudo protegido e escondido,
De tudo que somente além dela se faz passar.
Hoje, um agradável dia ensolarado,
Como há tempos não fazia,
Pus-me despreocupado pelos passeios a caminhar,
Com um semblante difícil de desvendar,
Sentindo os cheiros e os sabores da paisagem
Há tempos nesta mesma janela a se formar,
Agora comigo por ela a se observar.
ENTREGA
Tantas foram as fantasias em mim vestidas,
Tantas foram as formas por mim assumidas,
Tantos foram os modos de mim investidos,
Tantas foram as culpas a mim atribuídas,
Que nem mais sei...
Tanto foi o que perdi,
Tanto foi o que lutei,
Tanto foi o que me iludiu,
Tantos foram os reveses,
Que nem mais dói...
Já não sei o que foi,
nem o que era para ter sido,
ou o que virá a ser.
Sei apenas que assim continuará,
De um lado para o outro, pra cima e pra baixo,
Trocando, mudando, transformando, inventando!
Mas sempre um eu mesmo [torto],
de todos os tempos e com alguma coisa nova.
E por isso, hoje,
envolto pelas minhas conquistas,
Sigo cantando a minha música,
Dançando a minha dança,
Caminhando o meu passo,
Rindo o meu riso,
Sem de mim perder a criança
que nunca deixei de ser.
Fonte:
http//descemaisuma.blogspot.com
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