sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

José Carlos Dutra do Carmo (Manual de Técnicas de Redação) Parte XVI


PROLIXO.

Linguagem prolixa é aquela desenvolvida através de termos e expressões supérfluas, digressões inúteis, excesso de adjetivos, períodos extensos e emaranhados.

Ser prolixo é ficar “enrolando”, “enchendo lingüiça”, não ir direto ao assunto.

Antes de mais nada, sem mais delongas, permito-me apresentar minhas sinceras e respeitosas discordâncias com relação às proposições que vossa senhoria fez presentes nesse colóquio.

Expressões prolixas: antes de mais nada, muito pelo contrário, por outro lado, por sua vez.

PRONOME.

Cuidado com o emprego ambíguo dos pronomes seu, sua, dele, dela.

Não comece frase com pronome.

ERRADO_____________CERTO
Me dá_______________Dá-me
Me presenteou_________Presenteou-me
Lhe disse isso__________Disse-lhe isso

Evite usar pronomes a todo o momento.

EM VEZ DE________________PREFIRA
Eu brinquei________________Brinquei
Eu estudei_________________Estudei
Eu dormi__________________Dormi

Não empregue pronomes pessoais do caso reto no lugar do pronome oblíquo. Escreva sempre “julgá-lo”, nunca “julgar ele”.

PROSOPOPÉIA.

É a atribuição de qualidades ou sentimentos humanos a seres irracionais ou inanimados.

A Lua espia-nos através da vidraça.
A raposa disse algo que convenceu o corvo.
O tempo passou na janela e só Carolina não viu.

PROVÉRBIO OU DITO POPULAR.

Não utilize provérbios, ditos populares, frases feitas, pois eles empobrecem a redação. Faz parecer que seu autor não tem criatividade ao lançar mão de formas já gastas pelo uso freqüente.

Portanto, nada de ficar usando:

A palavra é de prata e o silêncio de ouro.
Quem com o ferro fere, com o ferro será ferido.

Entretanto, como já diziam os sábios: depois da tempestade sempre vem a bonança. Após longo suplício, meu coração apaziguava as tormentas e a sensatez me mostrava que só estaríamos separadas carnalmente.

QUANTIDADE DE LINHAS.

Não deixe linhas em branco no corpo do texto.

Não faça menos nem ultrapasse o máximo de linhas exigido na redação.

Quando for redigir alguns temas, para efeito de treinamento, escreva 15 (quinze) linhas no mínimo a 30 (trinta) linhas no máximo, pois é assim que são pedidas as redações em vestibulares e concursos.

QUE, DE QUE.

Lembre-se de que os verbos gostar e precisar são transitivos indiretos e, portanto, são sempre precedidos de “de que”.

ERRADO
Outra coisa que gostei.
O livro que precisava era aquele.
Este é o professor que lhe falei.

CERTO
Outra coisa de que gostei.
O livro de que precisava era aquele.
Este é o professor de quem lhe falei.

QUEÍSMO.

É o uso excessivo do “que”, cuja conseqüência é produzir períodos longos. Evite-o.

ERRADO
Aquele que diz que faz que é forte e que tudo pode é que teme que se diga dele que é fraco e que nada pode.
Este é o apartamento que comprei de João, que tinha outros seis imóveis que estavam todos à venda.

CERTO
Quem diz ser forte e tudo poder teme que se revele sua fraqueza e impotência.
Este é o apartamento que comprei de João, dono também de outros seis imóveis. Estavam todos à venda.

RADICALISMO.

Não afirme o que não pode provar.

Evite análises radicais e posições extremistas, injustas e levianas.

Nada como um texto equilibrado. Posicione-se, mas sem exagero.

Todos os deputados são corruptos.
A bem da verdade, nem todos o são, não é mesmo?

Esse tipo de gente merece ser exterminado.

Radical demais, não lhe parece? E até grosseiro!

RASCUNHO.

Jamais deixe de fazer o rascunho. Ele é a primeira versão do texto. Os escritores fazem várias versões de seus livros antes de publicá-los. Não seja você, um iniciante, a querer dispensá-lo. Nele há a possibilidade de melhorar sua redação, alterar palavras, construir melhor os períodos, mudar a posição dos parágrafos, etc.

Para evitar rasuras no texto definitivo, releia o rascunho com muita atenção. Não tenha preguiça nem pressa em passá-lo a limpo. O sucesso do seu texto depende, muitas vezes, de uma leitura atenta e cuidadosa do rascunho.

Ao reler o rascunho, você se torna um leitor crítico do próprio texto. Revise-o com muita atenção: elimine, acrescente, substitua. Questione o seu texto. Esse trabalho irá, certamente, contribuir para a qualidade de seu texto definitivo.

RASURAS, BORRÕES.

Não use borracha.

Não apresente as questões desarrumadas e riscadas.

Não faça rasuras, marcas, sinais e borrões no corpo da redação.

Em caso de erro na redação já passada a limpo, risque o que estiver errado e escreva adiante de modo correto.

REALIDADE.

A realidade pode ser reproduzida literalmente ou, a partir dela, pode-se criar uma outra, com sensibilidade e imaginação.

Dorme a floresta circundante, sem sussurros de brisas, nem regorjeio de aves. Só o urutau pia longe, e uma ou outra suindara perpassa. No centro do terreiro, atado a um poste da canjerana rija, o prisioneiro branco vela.

As lágrimas da cidade enchiam bueiros que não agüentavam e empurravam para fora toda a sujeira interior. Os carros parados, na infinita espera de algo que não iria acontecer, com suas buzinas destoantes do choro de São Paulo.

REDAÇÃO OU COMPOSIÇÃO.

Leia atentamente o que está sendo solicitado.

As provas de redação têm maior peso na maioria dos vestibulares.

Planeje o texto sem utilizar fórmulas prontas. O fio condutor deve ser seu pensamento. Acredite em seus pontos de vista e defenda-os com convicção. Eles são seu maior trunfo. Capriche no conteúdo, não se desviando do tema proposto, e não se descuide da parte gramatical.

Escrever uma redação é como vender um peixe. Você precisa convencer o cliente da qualidade do seu produto. O texto escrito não é para você. Será lido e entendido por outras pessoas. Ninguém vai perder tempo para ler textos confusos e ininteligíveis. Portanto, capriche na escrita, alinhe os parágrafos, escolha bem o vocabulário, mostre organização.

Leia e releia aquilo que escreveu e faça a você mesmo as seguintes perguntas:
será que vão entender minhas idéias?
Fui claro em minhas exposições?
As orações estão bem coordenadas entre si?
Será que os períodos estão muito longos e cansativos para quem irá lê-los?
Escrevi muito e não disse nada?
Houve fuga do tema?
Escrevi o mínimo de linhas exigido pelo vestibular?

REDUNDÂNCIA.

Cuidado com as redundâncias. É errado escrever, por exemplo: “Há cinco anos atrás”. Corte o “há” ou dispense o “atrás”. O certo é “Há cinco anos...”.

Fonte:
http://www.sitenotadez.net

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