Há belezas que perdemos quando estamos longe da natureza. Algo que muitos poucos percebem e muito menos ainda valorizam. '
Perdemos o som doce dos riachos, o canto dos pássaros durante o dia, o pio da coruja, o bater das asas dos morcegos e o coaxar dos sapos no beira dos charcos à noite. Tudo isso perdemos.
Nossa vida é cinza porque perdemos o verde das matas, o azul dos rios ou o dourado dos lagos quando o sol se põe, no final de mais um dia abençoado, Perdemos o azul do céu, mais límpido e das nuvens de algodão, com suas formas tão diversas e agradáveis que poderíamos dizer que elfos descuidados brincam de criar e destruir figuras de animais s pessoas no céu.
Perdemos a noite com sua lua majestosa, tão cantada em prosa e verso, com seus milhares de estrelas, a Via-Láctea, caminho que se estende para os sonhadores, enamorados e estudiosos por ele caminharem.
Perdemos os animais em seu habitat, livres como todos devem ser. Cada qual com seu grupo ou sozinho, com seus amigos e inimigos. Alguns que convivem com o homem. Outros sobrevivem no meio das matas, teimando ainda em superar a ganância e o egoísmo tão humanos.
Perdemos a beleza e o valor das plantas, o perfume que emana das flores, com sua explosão de cores e formas variadas,
Perdemos o sabor de uma fruta colhida na árvore que lhe deu origem, na época certa de sua produção e colheita, o que confere à ela uma doçura incomparável.
Perdemos a sabedoria de pessoas que vivem perto da natureza, numa verdadeira comunhão, que conhecem o segredo de cura das plantas, do clima, das estrelas e da filosofia de vida que contraria o modo egoístico da maioria das pessoas de hoje em dia.
Pessoas que vivem em comunhão com a natureza, ouvindo seus segredos, amando-a e compreendendo-a. Essas pessoas seguem mesmo sem saber, mesmo sem jamais ter ouvido falar deles, os ensinamentos dos grandes avatares da humanidade, como Buda, Jesus, Krishna, e outros, porque vemos em seus ensinamentos o amor pelo natural, pelos seres vivos e, principalmente pela humanidade.
E todos quantos compreenderem que o destino do ser humano depende do destino na terra e dos seres que nela habitam saberão viver em harmonia com o universo, conseguindo a tão sonhada harmonia consigo mesmos, que é a felicidade.
Nossos destinos são interligados. Tudo o que perdemos em uma cidade grande torna-se uma falta imensa a toda a humanidade.
Fonte:
Alba Krishna Topan Feldman e José Feldman. Cavalgada de sonhos: antologia poética. Ubiratã/PR, 2002.
Nenhum comentário:
Postar um comentário