Apesar de tão “machão”
– parece castigo, eu sei -
é comum o “garanhão”
possuir um filho “gay”.
A pobre mulher ventana,
que tanto exibe o assento,
não esconde o ar sacana
e vive a mercê do vento.
Deus nos livre da procela,
que lança tudo para o ar;
faz machão virar donzela
e o pobre do ateu, rezar.
Do relógio, é só o ponteiro
que não para – não me contem! -
horas marca o dia inteiro,
mas as mesmas horas de ontem.
Ele diz que sabe tudo,
sem rever toda parada;
é bom que saiba, contudo,]
que o que sabe é quase nada.
Eram dois gêmeos idênticos,
mas um deles faleceu.
Funga o vivo, em tom jumentico:
– “Foi ele, ou eu quem morreu?!”
Escureceu todo o céu
com tempestade lá fora…
e o apavorado do incréu
bradava: “Nossa Senhora!”
Fico velho a cada dia?!
Isso é coisa boa, ó meu!
Viverei em regalia
mais um dia sendo “eu”.
Há algum homem realizado?
– Bem! Quatro filhos criei,
tenho algum livro editado
e árvores eu já plantei.
Mulher é anjo da guarda,
seiva de vida na terra;
em tudo, sempre vanguarda,
pomba de paz e… de guerra.
Na loja do seu Pafúncio,
sofá quebrado ele vende,
pois na peça está o anúncio:
CUIDADO, FREGUÊS, NÃO SENTE!
“Não há terra mais risonha
do que a terra brasileira”;
aqui se come pamonha
e se planta bananeira.
O escorpião, em seu terreno,
é perigoso também;
mas, não tem ele o veneno
tão mortal que os homens têm.
Olá, soberba vizinha,
sê feliz por onde vais!
Julguei-te, um dia, rainha
– foi engano, nada mais.
O Zé fechou a carranca
e mostrou-se acabrunhado:
Sua trova estava manca
com terrível pé quebrado.
Para matar as bactérias,
esfrega-se álcool na mão;
para limpar as artérias,
é cachaça com limão.
Presta atenção pra me ouvir:
– Quem já traiu uma vez
pode de novo trair,
– traíra não tem talvez!
Quão relativo é o humor:
Muitos há que encontram graça
quando curtem, em si, a dor,
rindo da própria desgraça.
Vê-se aqui degradação
que se estende ao chefe-mor;
castiga-se corrupção
com corrupção bem maior.
Vive aqui um “don juanita”
que se julga garanhão;
tem a cabeça partida
por posar de “bernadão”.
Fonte:
Lairton Trovão de Andrade. Perene alvorecer. Pinhalão/PR: Ed. do Autor, 2016.
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