sábado, 7 de setembro de 2019

Luiz Damo (Trovas do Sul) III


Ao subirmos às montanhas
parece vermos o céu,
escalamos as façanhas
pra buscar nosso troféu.

As aves deixam seus ninhos
e neles voltam jamais,
vulneráveis passarinhos
se tornam presas fatais.

Essa vida não tem preço
pra ser comprada ou vendida,
tendo um único endereço
para Deus é remetida.

Fim de tarde, caminhamos,
ao repouso familiar,
Deus permita que tenhamos
um descanso peculiar.

Muitos sonhos permanecem
na clausura das gavetas,
nelas, presos não merecem,
longe ao toque das trombetas.

Ninguém acha o que procura
nem jamais pode encontrar,
se não fizer da aventura
uma meta a conquistar.

No teatro da existência
todos nós somos atores,
alguns com maior vivência
e outros simples amadores.

O grito será melhor
se de paz e construção,
não tem silêncio pior
do que aquele da omissão.

O homem comete loucuras
e depois fica assustado,
das pretensas aventuras
sem pensar no resultado.

Pai, figura tão brilhante,
que ilumina cada filho,
basta olhar no seu semblante
pra sentirmos todo o brilho.

Quem provar nada temer
não pode dizer que teme,
se o medo lhe faz tremer
nele até o gigante treme.

São tantas premonições
que a vida nos faz sentir,
sem mostrar as soluções
pouco vale as pressentir.

Se alguém diz que desconhece
o caminho a ser seguido,
veja e busque o que carece
pra torná-lo conhecido.

Toda vez que colocamos
em algo um ponto final,
já dizemos que acabamos
de entrar na fase outonal.

Fonte:
Luiz Damo. A Trova Literária nas Páginas do Sul. Caxias do Sul/RS: Palotti, 2014.

Nenhum comentário: