quinta-feira, 7 de maio de 2020

Filemon F. Martins (Poemas Escolhidos) VIII


AMOR MAIOR

O carinho que tenho demonstrado
por tua vida que me inspira verso,
deixa o meu coração encabulado
viver feliz em meio do Universo.

O amor não tem barreiras e é lembrado
pelo desejo de viver imerso
no sonho deste amor equilibrado,
esquecido do mundo tão perverso...

Quero viver a paz que me dispensas
nesta existência de emoções intensas
que o nosso Amor, feliz, já construiu.

E no final da vida bem velhinhos
trocaremos em paz muitos carinhos
que o Amor jamais, na terra, produziu!
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ANTES QUE A NOITE CHEGUE..


Quando o sol se debruça no horizonte
deixando a tarde bela e mais fagueira,
antes que a lua, pelo céu, desponte,
a saudade se achega e faz trincheira.

Ao longe, em tom avermelhado, o monte
transmite uma quietude verdadeira,
trazendo ao coração o som da fonte
que canta, docemente, em corredeira.

Assim, vou recordando os tempos idos,
sonhos fagueiros, lindos e vividos,
que a memória jamais vai esquecer...

E, antes que chegue ao fim essa jornada,
terei, por certo, em minha caminhada
muitos versos de amor para escrever.
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CAMINHOS DO SERTÃO


Eu conheço de perto estes caminhos
onde as águas deslizam pelas grotas,
onde as aves, alegres, fazem ninhos
para depois buscarem novas rotas.

Bons amigos, parceiros e vizinhos,
não há vitórias nem também derrotas.
As árvores acolhem passarinhos
que chegam de paragens tão remotas.

A lembrança me vem ao pensamento,
como era bom viver aquele tempo
em que o sonho embalou o coração.

Eu quisera, de novo, estar desperto
e andar, mais uma vez, de peito aberto
pelos caminhos ínvios do Sertão!
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CONVERSA NO TREM


"Esta vida não faz nenhum sentido,"
dizia o passageiro do meu trem,
"o mundo inteiro, veja, está perdido,
— esperança não há para ninguém."

Assim falava o homem ressentido
das promessas que, feitas por alguém,
sequer foram cumpridas e incontido
ele se lamentava do desdém.

"Mas a vida é assim mesmo," outro dizia,
"a tristeza anda ao lado da alegria
e a calma vem após a tempestade."

Por que, então, meu coração sedento
tem que provar a dor e o sofrimento
para alcançar a tal felicidade?
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CORAÇÃO FELIZ


Meu coração depois de muito tempo
está feliz e vive mais garboso.
O amor, eu creio é um belo sentimento,
quanto mais forte fica, é mais gostoso.

Há doçura no amor, não há lamento,
o mundo é mais bonito e venturoso,
um sonho bom invade o pensamento,
tudo sorri, ficando mais ditoso.

Creio no Amor Maior e já componho
um salmo de ventura e ainda sonho
com um mundo melhor, menos profano.

Por que vou duvidar? Alinha esperança
cresce no peito alegre da criança:
resgatar para o bem o ser humano!
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DESABAFO


Não reclamo da vida turbulenta e triste
que a predestinação me faz levar, talvez,
nem quero levantar a voz ou o dedo em riste
para acusar alguém de tanta insensatez.

A consciência cruel por certo não resiste
fazer o bem, amar, viver com honradez.
É próprio do invejoso que na falta insiste
muito disfarce, engodo, mágoa e morbidez.

O calvário de Cristo nos mostrou o quanto
a Humanidade é mesmo pobre e desprezível,
a ponto de matar um verdadeiro santo...

E desde então as coisas só se complicaram,
o aumento dos Pilatos se tornou visível
e os Judas, com certeza, se multiplicaram!
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INVERNO / PRIMAVERA

O outono já passou, chegou o inverno
trazendo frio e chuva à madrugada.
Meu corpo já não tem teu corpo terno
nem sei se voltarás, minha adorada.

O inverno vai passar e o meu inferno
há de findar ao fim desta invernada.
Vou buscar meu amor feliz, eterno,
quero de volta a paz tão desejada.

Quero sorver o amor que me provocas
teu corpo tão perfeito que me tocas
e com carícias, beijos me seduz...

Mas desejo que chegue a Primavera
e termine, por fim, a minha espera,    ?
quando terei o teu olhar de luz!

Fonte:
Filemon Francisco Martins. Anseios do coração. São Paulo: Scortecci, 2011.
Livro enviado pelo poeta.

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