CONCEITOS
Bem-aventurado o homem
que caminha amealhando sonhos
e bendizendo amanheceres.
Benditos são aqueles que promovem a paz
e reconhecem a igualdade de todos os SERES!
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CULTIVO
No meu caminho tinha uma pedra,
no meu caminho tinha um sonho.
Do meu caminho quebrei a pedra,
no meu caminho fiz um jardim.
Dei corda ao sonho e plantei rosas, plantei jasmins.
Hoje o perfume de cada dia atrai insetos e passarinhos
que na zoeira dos seus deveres
tecem seus ninhos, cumprem seus lemas.
Do meu caminho quebrei a pedra,
do meu caminho fiz um poema.
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O POETA E A POESIA
Mais nua do que Eva lancei-me à vida.
Vesti-me de palavras, da leitura do mundo
e me fiz poeta.
A poesia não pode ser derrotada.
Foi ela quem cantou a mitologia Grega,
as liturgias, os salmos e o culto maior a Deus.
É através dela que o poeta abre a cancela dos sentimentos,
toca suas feridas, macera suas dores
e transforma suas lágrimas em versos.
Foi o encanto da poesia que deu ritmo ao universo.
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POR QUE ESCREVO
Escrevo porque a arte define o amor,
escrevo porque a poesia me completa.
Poetar é minha oração diária,
se não escrevo minha alma dói
e a dor da alma asfixia.
Na poesia exercito os meus sentimentos
e faço de cada momento o registro das minhas metas
sem que eu me sinta exposta.
A vida me consome, quero me definir
em palavras, as palavras me editam.
Em meus poemas, me desnudo, me desbravo
e sem medo deixo fluir meus segredos,
desvarios de um poeta.
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VERSOS (DI) VERSOS
Foi a ti, que entreguei os meus desertos,
despi minha alma e deixei que me habitasses.
Foi para ti que desfiei palavras, teci sonhos
e me fiz poeta.
Quero beber da tua fonte e me aportar em tuas margens.
Nos teus céus me recolherei como um poente
que se entrega aos braços do universo.
Foi para ti que aprendi a fazer versos!
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ARIDEZ
Emprenhada de ilusão vaguei pelo imenso
descampado das promessas.
Não houve parto, houve partida.
Caminho e em meu corpo se enrosca
um cheiro de folhas maceradas.
Ou de um vinho, que já deixou de ser generosa oferta.
Desiludida, não busco mais amor,
apenas me alimento de metáforas.
Sou a anáfora dos meus desertos íntimos,
um cacto à espera do milagre da chuva.
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CONFISSÃO
Meu corpo se propôs a ser barco
para navegar os teus oceanos,
dominar tuas enseadas e com os fios dos meus sonhos,
tecer uma rede para te prender a mim.
No sem fim dos teus segredos,
sem medo quero ancorar o meu barco, farto de emoções.
Na concha das tuas curvas saciarei minha sede,
secura de esperas seculares.
E depois de ti não navegarei outros mares.
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METAMORFOSE
Antes eu sofria de árvore
e cantava o canto delas.
Acompanhava suas floradas,
subia em seus troncos,
comia cajus, pitangas vermelhas
e me via no espelho do rio.
O rio ladeava, eu ladeava com ele
pisando musgos, barrancas encharcadas,
buscando atalhos.
Hoje sou pedra em lapidação
e sofro de cascalho.
Fonte:
Versos (Di) Versos. Disponível no site de Rita Mourão.
https://versosderita.weebly.com/versos-diversos.html
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