quarta-feira, 6 de maio de 2020

Luiz Damo (Trovas do Sul) VIII


Acenamos ao passado
num gesto de despedida,
o amanhã tão cobiçado
nos espera com mais vida.
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A luz do sol no infinito
brilha sem discriminar,
sobre o bom, sobre o maldito,
pois a meta é iluminar.
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A mãe seu filho defende
mesmo antes do nascimento,
quando idosa, mal entende;
por que cai no esquecimento!
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A morte não fora feita
para em pranto se tornar
e a vida pra ser perfeita
deve à morte germinar.
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Ao deixares tua terra
deixa algo na despedida,
uma mensagem sincera
de agradecimento à vida.
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As duras penas impostas
aos de conduta anormal,
talvez sejam as respostas
por ter praticado o mal.
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Castelos são metralhados
durante uma tempestade,
principalmente os telhados
se estilhaçam sem piedade.
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Da janela da existência
vemos o tempo soltar
um grito com insistência:
– Vou pra nunca mais voltar!
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Dentro das prerrogativas
que pela vida são feitas,
tem muitas alternativas,
porém poucas são perfeitas.
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Embora a luz da humildade
não queira nos aquecer,
procuremos na verdade
seu calor para crescer.
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Muita luta e persistência
tal sopro de um vendaval,
varre com tanta insistência
quem lapida o cabedal.
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Nada tem de tão sublime
quanto a beleza da flor,
o seu perfume suprime
o mais intrigante odor.
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Nunca devemos julgar
sob o prisma emocional,
pois podemos condenar,
sem o amparo racional.
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Nunca tente colocar
o carro à frente dos bois,
pra não ter que suportar
uma decepção depois.
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O bom-senso ao ser responde
dentro do senso comum,
mas se vem, não sabe donde
e o leva a lugar nenhum…
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O que a mãe pro filho diz,
é lição alentadora.
Ele, iniciante, aprendiz,
ela eterna educadora.
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Os motoristas peritos
cautelosos e prudentes,
cometem menos delitos
por não serem negligentes.
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Pagando fora do prazo
muito além do vencimento,
pode haver juros do atraso
sem qualquer ressarcimento.
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Para compor uma trova
não tem limite de idade,
nós mesmos somos a prova,
basta criatividade.
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Pedestres e motoristas
devem andar de mãos dadas,
uns no volante, nas pistas,
outros firmes nas calçadas.
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Pequenas luzes dispersas
na vastidão do universo,
guias nas rotas adversas
se o caminho for perverso.
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Quem ama por interesse,
o amor nunca é verdadeiro,
mesmo que se parecesse
não passa de interesseiro.
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Quem cansado à noite deita
de manhã forte levanta
e o dia de luz se enfeita
num brilho que a vida encanta.
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Quem mente lama respira,
nada à verdade condiz
e acreditam ser mentira
aquilo que o falso diz.
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Saiba sempre ler a vida
nas linhas do cotidiano
e assim nunca seja lida
sua morte por engano.
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Sempre o primeiro sintoma
que a doença apresentar,
é como a flor sem aroma
muito prestes a murchar.
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Sobre o leito, o agonizante,
sente a morte se achegar,
sabe que a qualquer instante
seu mundo pode acabar.
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Tanta dor, quanta saudade,
sente aquele que ficou,
de quem foi pra eternidade
e sequer adeus deixou...
- - - - - –

Um grande passo foi dado
na busca do crescimento,
outro, mais acelerado,
visa o desenvolvimento.
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Vagas lembranças gravamos
de um passado tão distante,
trazer às mãos, procuramos,
velhos passos do imigrante.
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Verdes matas da esperança
vastos campos promissores:
tudo temos como herança
dos nossos antecessores.

Fonte:
Luiz Damo. A Trova Literária nas Páginas do Sul. Caxias do Sul/RS: Palotti, 2014.
Livro enviado pelo autor.

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