domingo, 2 de agosto de 2020

Li Bai (Poemas Escolhidos)


ACORDANDO EM UM DIA DE PRIMAVERA
Sonhar viver? Viver um sonho?
        Por que se preocupar?
Viver sempre bêbado,
        Dormir o resto do tempo.
É o que faço. Ao acordar
        eu vi um pássaro cantando entre as flores.
Eu perguntei: “Que dia é hoje?”
        “Primavera”, responderam.
“O currupião canta”. Eu suspirei.
        Aquele canto me tocava.
Eu me servi um copo
        e cantei esperando
        que a lua aparecesse.
No fim de minha canção,
        estava tudo esquecido.
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ADEUS A MENG HAORAN


A oeste do pavilhão da Grua amarela,
          Despedimo-nos, velho amigo.
Entre as flores e a bruma de março
          desces rumo à aldeia de Yang.
A vaga silhueta de tua solitária vela
          desaparece no espaço esmeralda,
E só resta o Grande Rio
          Que corre para o infinito do céu.
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BEBENDO SOZINHO SOB O LUAR


Entre as flores
         um jarro de vinho
        bebo sozinho
Ergo o copo,
        convido a lua,
Com minha sombra e eu
        já somos três.
Mesmo que a lua
         não saiba beber
e que minha sombra
         em vão me acompanhe,
eu me alegro
          festejando a primavera
          neste instante.
Eu canto,
        a lua me acompanha.
Eu danço,
        e minha sombra tropeça,
        e me estende o braço.
Ainda sóbrio,
         que a festa prossiga!
Bêbados,
        cada segue seu caminho!
Ligados para sempre
        simples amigos,
na Via-Láctea,
         Um ao outro,
Nos esperaremos.
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DIÁLOGO SOBRE A MONTANHA


Há quem me pergunte
         por que eu vivo
         nestas verdes colinas,
sem responder, eu sorrio,
        com o coração sereno:
flores de pessegueiro
         flutuam na água:
tudo vai embora e se apaga.
        Aqui é outra, a terra.
e outro, o céu.
        Nada em comum
com o mundo dos humanos
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NA CASA DA SENHORA XUN


Hospedo-me
         ao pé da montanha dos Cinco Pinheiros.
Profunda solidão
          e nada para me alegrar...
Rude é o trabalho
         dos camponeses
         no outono.
Ouço a mulher
            da fazenda vizinha
            socar o trigo
           no frio da noite.
A mulher que me hospeda se ajoelha
          para me oferecer
          um prato suculento
          de arroz.
A comida no prato
          brilha como pérolas
          sob a lua.
Perturbado,
          eu me lembro daquela lavadeira
          que ofereceu à sua visita
         um prato de arroz.
Agradeço três vezes,
           mas não consigo
engolir um só bocado.
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PENSAMENTOS


Diante de minha janela
        O brilho do luar.
Ou é a geada
         cintilando no chão?

Levanto a cabeça
        E contemplo a lua.
Baixo a cabeça -
        Saudades de minha terra natal!
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VISITA AO MONGE TAOÍSTA

Os latidos do cão se perdem
         no barulho da água
         depois da chuva,
A flor do pessegueiro
         se cobre de orvalho.
No fundo da floresta
         vez em quando
        um cervo.
Perto da torrente,
        ao meio dia,
        nenhum bater de sino.
A ponta fina dos bambus perfuram
        a névoa azulada
A cascada se agarra
        ao pico esmeralda
Ninguém sabe dizer
        onde ele foi,
E eu aqui, triste
        apoiado
ao tronco do pinheiro.

Fonte:
Sérgio Capparelli e Sun Yuqi

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