ACORDANDO EM UM DIA DE PRIMAVERA
Sonhar viver? Viver um sonho?
Por que se preocupar?
Viver sempre bêbado,
Dormir o resto do tempo.
É o que faço. Ao acordar
eu vi um pássaro cantando entre as flores.
Eu perguntei: “Que dia é hoje?”
“Primavera”, responderam.
“O currupião canta”. Eu suspirei.
Aquele canto me tocava.
Eu me servi um copo
e cantei esperando
que a lua aparecesse.
No fim de minha canção,
estava tudo esquecido.
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ADEUS A MENG HAORAN
A oeste do pavilhão da Grua amarela,
Despedimo-nos, velho amigo.
Entre as flores e a bruma de março
desces rumo à aldeia de Yang.
A vaga silhueta de tua solitária vela
desaparece no espaço esmeralda,
E só resta o Grande Rio
Que corre para o infinito do céu.
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BEBENDO SOZINHO SOB O LUAR
Entre as flores
um jarro de vinho
bebo sozinho
Ergo o copo,
convido a lua,
Com minha sombra e eu
já somos três.
Mesmo que a lua
não saiba beber
e que minha sombra
em vão me acompanhe,
eu me alegro
festejando a primavera
neste instante.
Eu canto,
a lua me acompanha.
Eu danço,
e minha sombra tropeça,
e me estende o braço.
Ainda sóbrio,
que a festa prossiga!
Bêbados,
cada segue seu caminho!
Ligados para sempre
simples amigos,
na Via-Láctea,
Um ao outro,
Nos esperaremos.
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DIÁLOGO SOBRE A MONTANHA
Há quem me pergunte
por que eu vivo
nestas verdes colinas,
sem responder, eu sorrio,
com o coração sereno:
flores de pessegueiro
flutuam na água:
tudo vai embora e se apaga.
Aqui é outra, a terra.
e outro, o céu.
Nada em comum
com o mundo dos humanos
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NA CASA DA SENHORA XUN
Hospedo-me
ao pé da montanha dos Cinco Pinheiros.
Profunda solidão
e nada para me alegrar...
Rude é o trabalho
dos camponeses
no outono.
Ouço a mulher
da fazenda vizinha
socar o trigo
no frio da noite.
A mulher que me hospeda se ajoelha
para me oferecer
um prato suculento
de arroz.
A comida no prato
brilha como pérolas
sob a lua.
Perturbado,
eu me lembro daquela lavadeira
que ofereceu à sua visita
um prato de arroz.
Agradeço três vezes,
mas não consigo
engolir um só bocado.
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PENSAMENTOS
Diante de minha janela
O brilho do luar.
Ou é a geada
cintilando no chão?
Levanto a cabeça
E contemplo a lua.
Baixo a cabeça -
Saudades de minha terra natal!
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VISITA AO MONGE TAOÍSTA
Os latidos do cão se perdem
no barulho da água
depois da chuva,
A flor do pessegueiro
se cobre de orvalho.
No fundo da floresta
vez em quando
um cervo.
Perto da torrente,
ao meio dia,
nenhum bater de sino.
A ponta fina dos bambus perfuram
a névoa azulada
A cascada se agarra
ao pico esmeralda
Ninguém sabe dizer
onde ele foi,
E eu aqui, triste
apoiado
ao tronco do pinheiro.
Fonte:
Sérgio Capparelli e Sun Yuqi
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