Viver é uma graça, con-viver é graça imensamente maior. “Não é bom que o homem esteja só”, ensinou o Criador na inauguração do paraíso. “No man is an island” (nenhum homem é uma ilha), adicionou o poeta John Donne. Ser com os outros. Porque sem os outros não somos.
Em tudo e para tudo somos interdependentes. Sirva de exemplo isto que estou fazendo agora, dez horas da noite. Esta crônica não tem um autor, tem coautores. Senão vejamos: se escrevo, é porque aprendi a escrever com alguém, desde minha primeira professora até cada uma das pessoas que, de algum modo, me ajudaram a conhecer as letras, formar palavras, frases, organizar ideias.
É também porque alguém inventou a máquina de escrever, depois alguém criou o computador. Alguém me ensinou a datilografar, digitar, colocar o escrito no papel ou na tela.
Até chegar a você, meu texto passará por não sei quantas ferramentas postas à minha disposição por não sei quantos profissionais. Se pela internet, chegará mais rapidamente. Se pelo jornal, passará pelo editor, pelo paginador, pelo impressor, pelo correio, pela banca de revistas, pelo entregador, e só terá razão de ser se você completar a operação como leitor.
Uma lâmpada (sem a qual eu agora estaria no escuro) ilumina a sala onde me encontro escrevendo. Do inventor da lâmpada a todos os que a fizeram chegar até aqui, muita gente trabalhou em meu benefício.
E ainda há os que construíram a hidrelétrica de onde vem a energia, e todos os que, neste instante, realizam algum serviço a fim de garantir a presença da luz neste ambiente. Não posso imaginar quantos estão me ajudando.
As próprias energias do meu corpo são devidas a não sei quantas pessoas. O pão, o leite, o feijão, o frango, a salada, o arroz, as frutas, tudo o que comi e bebi hoje foi produto do trabalho de gente que nem conheço. E acrescentem-se os que fabricaram os remedinhos indispensáveis a pessoas da minha idade. Sem isso eu não poderia estar escrevendo.
Alguém fez também esta cadeira em que estou sentado, a mesa em que estou trabalhando, a roupa que estou vestindo, os óculos que me facilitam a visão, os chinelos que me protegem os pés, o copo em que acabo de beber a água que alguém fez chegar à minha casa. Isso sem falar de todas as gentilezas que recebo de minha família em todas as horas.
Viver é uma graça, con-viver é graça imensamente maior. Eu não sou. Você não é. Nós somos. Todos nós somos, cada um ajudando cada outro a realizar seu papel na história. Deus quer assim, para que vivamos fraternalmente.
Quantas pessoas nos deram as mãos para que chegássemos a esta altura da vida em condição de continuar fazendo algo de útil pelo bem da humanidade?
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(Crônica publicada no Jornal do Povo – Maringá – 09-12-2021)
Em tudo e para tudo somos interdependentes. Sirva de exemplo isto que estou fazendo agora, dez horas da noite. Esta crônica não tem um autor, tem coautores. Senão vejamos: se escrevo, é porque aprendi a escrever com alguém, desde minha primeira professora até cada uma das pessoas que, de algum modo, me ajudaram a conhecer as letras, formar palavras, frases, organizar ideias.
É também porque alguém inventou a máquina de escrever, depois alguém criou o computador. Alguém me ensinou a datilografar, digitar, colocar o escrito no papel ou na tela.
Até chegar a você, meu texto passará por não sei quantas ferramentas postas à minha disposição por não sei quantos profissionais. Se pela internet, chegará mais rapidamente. Se pelo jornal, passará pelo editor, pelo paginador, pelo impressor, pelo correio, pela banca de revistas, pelo entregador, e só terá razão de ser se você completar a operação como leitor.
Uma lâmpada (sem a qual eu agora estaria no escuro) ilumina a sala onde me encontro escrevendo. Do inventor da lâmpada a todos os que a fizeram chegar até aqui, muita gente trabalhou em meu benefício.
E ainda há os que construíram a hidrelétrica de onde vem a energia, e todos os que, neste instante, realizam algum serviço a fim de garantir a presença da luz neste ambiente. Não posso imaginar quantos estão me ajudando.
As próprias energias do meu corpo são devidas a não sei quantas pessoas. O pão, o leite, o feijão, o frango, a salada, o arroz, as frutas, tudo o que comi e bebi hoje foi produto do trabalho de gente que nem conheço. E acrescentem-se os que fabricaram os remedinhos indispensáveis a pessoas da minha idade. Sem isso eu não poderia estar escrevendo.
Alguém fez também esta cadeira em que estou sentado, a mesa em que estou trabalhando, a roupa que estou vestindo, os óculos que me facilitam a visão, os chinelos que me protegem os pés, o copo em que acabo de beber a água que alguém fez chegar à minha casa. Isso sem falar de todas as gentilezas que recebo de minha família em todas as horas.
Viver é uma graça, con-viver é graça imensamente maior. Eu não sou. Você não é. Nós somos. Todos nós somos, cada um ajudando cada outro a realizar seu papel na história. Deus quer assim, para que vivamos fraternalmente.
Quantas pessoas nos deram as mãos para que chegássemos a esta altura da vida em condição de continuar fazendo algo de útil pelo bem da humanidade?
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(Crônica publicada no Jornal do Povo – Maringá – 09-12-2021)
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Texto enviado pelo autor.
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