quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Luiz Poeta (Poemas Escolhidos) 7

AFETOS  INOCENTES


Não preciso te mostrar... tão amorosa...
Para quem fique infeliz com a alegria
Luminosa que celebra a fantasia
De quem sabe cultivar botões de rosa.

Nosso muro de amor guarda um jardim...
Beija-flores já nos bastam... polinizam
Nossas cores indeléveis que harmonizam
Esse amor que mora em ti e habita em mim.

Já não somos como dois  adolescentes,
Mas a nossa  sublime felicidade
Sempre brota com a pureza das sementes

Que eclodem frágeis, porém resistentes
E mesmo ante a dor de uma adversidade,
Nossos sonhos são afetos inocentes.
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A MAGIA DA PRESENÇA

A nossa triste solidão mais egoísta
tira da lista os amigos mais fiéis...
É sempre assim que a gente perde o que conquista,
pois nossa lista passa a ter poucos viés.

São tão cruéis as solidões propositais,
Tiram a paz de quem escolhe o abandono
e ter um pouco só de amor nunca é demais,
porque a dor é que nos faz perder o sono.

Por mais que a voz chegue gritante ou digitada,
nunca diz nada, comparada à  companhia,
porque a magia da presença inusitada

é iluminada  pelas cores fraternais
que são capazes de enfeitar de fantasia,
essa alegria que nos torna tão... iguais.
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APENAS ISSO...

Mais que nunca, somos seres tão pequenos
Ante tudo que é  divino que Deus faça...
Todos buscam, do Senhor, alguma graça,
Preocupando-se  com  bens fúteis, terrenos.

Só vaidade - alguma vezes necessária
À  tristeza ante a cara no espelho...
Xô, Narciso ! Grita alguém... mas o conselho
É repleto de uma inveja tão... hilária...

Precisamos de amparo... apenas isso!
...que é  tão fácil... basta somente  um abraço
Ou palavra...um olhar afetuoso,

Ou carinho que  se dê... sem compromisso
Com  emoção, quando o amor tornou-se escasso,
num silêncio que ainda grita... de teimoso.
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DOM QUIXOTE DE MIM MESMO

Dom Quixote de mim mesmo, cruzo a  estrada,
Sancho Pança não é mais meu escudeiro
Percebeu, na minha saga tresloucada,
Que um moinho não agride um cavaleiro,

Sou poeta, minha pena é minha lança,
Minha espada, meu escudo e armadura,
Sigo o sonho e onde minha vista alcança,
O amor move a esperança... com ternura.

Meu enredo é  muito  simples: sou herói
De mim mesmo, busco ser original
E até quando uma dor qualquer me dói,

Faço dela uma nova alegoria,
Onde ponho o meu sonho ideal
E transformo  um Dom Quixote... em poesia.
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MIOPIA DE POETA

Um poeta enxerga a vida como a Lua,
Olha os homens, quando a noite é mais escura...
A ternura de um olhar na face nua
Faz brilhar o outro olhar que se procura.

A nenhuma criatura interessa
Pôr as peças na engrenagem da razão,
Porque, quando um coração não se confessa,
Ele mostra o quanto é livre a emoção.

Um poeta tem miopia, quando sonha,
E é no verso, mais lírico que ele componha,
Que repousam os olhos de um sonhador

Entretanto, se ele enxerga a fantasia,
Seu sonhar brinca de amar com a poesia
E extasia a sensação do próprio amor.

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