segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Cláudio de Cápua (Florilégio de Trovas)



 A derrota não me importa,
cumpro com o meu dever.
Do destino forço a porta,
sempre luto pra valer.
- - - - - -
Ah! Se eu tivesse saber,
se fosse poeta, escritor...
do poente ao alvorecer,
terias versos de amor...
- - - - - -
Ah! Você não vem! Não volta...
Eu, na saudade tropeço,
em noite que me revolta,
esperando o seu regresso.
- - - - - –
A métrica pondo à prova,
quatro versos eu componho
ao fazer mais uma trova
com tinta, papel e sonho!
- - - - - –
Ante a hora da partida,
nossa tensão se agiganta
e a despedida é contida
na voz presa na garganta.
- - - - - –
Ante ao talento me ajoelho…
E o teu talento invulgar,
tanto me serve de espelho
como me serve de altar.
(uma homenagem a Carolina Ramos)
- - - - - –
Ao ensinar Filosofia,
Sócrates, de vida sã,
ao fundar a Academia
fundou um novo amanhã.
- - - - - -
Ao faltar sua presença,
por amar muito você
a saudade cresce intensa
e dói, como não sei quê!
- - - - - –
Avisto do alto da serra
a pujança do sertão
e sinto orgulho da terra
que mora em meu coração!
- - - - - –
Busco a mulher, a beleza,
em meus delírios risonhos
trovador da natureza,
vou navegando em meus sonhos.
- - - - - -
Camafeu, nobreza pura,
seu retrato de perfil
tem no adorno da moldura,
clássico tom juvenil.
- - - - - -
Certo bispo ouve uma “história”
de um padre chamado Hilário
e grava, assim, na memória
um bom “Conto do Vigário”
- - - - - –
Chora a dor dos pinheirais,
no céu a estrela cadente,
são lágrimas siderais,
ante o machado inclemente.
- - - - - –
Com mensagem sempre nova,
transpondo mágoas e dor,
pelos caminhos da trova
planto sementes de amor.
- - - - - -
Da luz quero a beleza,
da lagoa quero o encanto,
das aves delicadeza,
de você, o acalanto.
- - - - - -
De “mau jeito” o Zé Baleia,
pescador de sorte estranha,
noivou com uma sereia,
casou com uma piranha..
- - - - - –
De união a nos dar prova,
cultivando novas flores,
cada dia cresce a trova
no canto dos trovadores!
- - - - - -
Do seu lar fazendo um templo,
menino, velho ou rapaz,
faz da vida um belo exemplo
quem trabalha pela paz!
- - - - - –
Em noite alta... madrugada,
contemplo a lua contrito
- Barca de prata aportada
nos segredos do infinito.
- - - - - -
É neste “Canto que eu Canto”
belezas que a vida tem
que ao meu mundo dão encanto
e tanto me fazem bem!
- - - - - –
Essa vida se resume
para o poeta, trovador
em essência de perfume
quando faz versos de amor.
- - - - - -
És meu aroma, ventura...
E nem sei bem mais o quê!
Só esse perfume em mim dura,
é porque o extrato é você.
- - - - - -
Esta foto é mais um fato,
que nos traz para o presente,
através deste retrato,
lembranças de antigamente.
- - - - - –
Êta... que coisa mais louca,
quero ter explicação:
Por que boca na boca
acelera o coração?!
- - - - - –
Eu cansei de minha andança,
fui banhar meus pés no mar
e voltei a ser criança,
Santos agora é meu lar...
- - - - - –
Eu faço uma descoberta,
sempre que vejo você,
é meu peito porta aberta
eu nem sei bem o porquê.
- - - - - –
Eu fico muito feliz,
quando escrevo a letra V
escrita, a lápis ou a giz,
pois o V... lembra você!
- - - - - -
Eu que te dei muitos beijos,
te fiz até suspirar,
agora sinto desejos
dos beijos que faltou dar!
- - - - - –
Há muitos dias de dor
e bem poucos de alegria:
se a vida não tem amor,
pode ser noite o meu dia.
- - - - - –
Imensidões veneráveis,
que me fazem navegar,
céu e mar, inseparáveis,
na linha do meu olhar.
- - - - - –
Jovem... tenha fé na terra,
seja valente e viril,
suba monte, desça serra,
não desista do Brasil!
- - - - - –
Lembrando minha lembrança,
vou escrevendo meus versos,
buscando alguma esperança
dentro dos meus Universos.
- - - - - -
Maldosa como ninguém,
boa figura na igreja,
acrescenta sempre "Amém"
quando aos outros mal deseja…
- - - - - –
Na angústia das mais estranhas,
estão chorando as cascatas:
são murmúrios das montanhas
refletindo a dor das matas.
- - - - - –
Na lágrima do meu verso,
nesta madrugada calma,
ao contemplar o universo
a brisa me embala a alma.
- - - - - -
Não te sintas ultrajada,
quando te olho tanto... o intuito
é provar que és muito amada
e que eu te desejo muito!
- - - - - -
Naquela ponta de galho,
com luz pura e fulgurante,
uma gotinha de orvalho,
brilha mais que um diamante!
- - - - - –
Nasci em dia abençoado
no charmoso oito de março
da mulher enamorado
meu orgulho não disfarço.
- - - - - -
Natal! E nessa Babel,
em que ninguém mais se entende,
onde está Papai Noel,
se brinquedo só se vende?!
- - - - - -
Nesta ilha tão formosa,
prisioneiro de ti vivo.
E que vida venturosa...
vivo em teus braços cativo!
- - - - - -
Nesta noite prateada
minha sombra, junto à tua,
vai trilhando a mesma estrada,
tendo por cúmplice a lua.
- - - - - –
Nestas trovas nosso aceno,
ao leitor desta revista,
e um ano bem mais sereno,
e muito mais otimista.
- - - - - -
No céu, estrelas e brumas,
alvo luar envolvente.
No mar...reprises de espumas
a embalar sonhos da gente...
- - - - - -
No dia a dia... na lida,
eu sustento a minha fé
na caminhada da vida,
mantenho o ideal de pé.
- - - - - -
Num momento...num segundo...
sob a luz... desse sorriso,
vivo bem longe do mundo,
bem perto do paraíso.
- - - - - -
O delegado Pereira…
Êta Pereira bacana,
- É de pouca brincadeira,
não dá pêra, só da “cana”!…
- - - - - –
O garçom ganha gorjeta,
o político propina.
Nesta terra de mutreta,
só tem ave de rapina.
- - - - - -
O joão-de-barro é um exemplo.
pode não saber gorjear,
Com tão pouco faz um templo,
ao erguer seu próprio lar.
- - - - - –
Olha! A noite é uma criança,
diz o refrão popular -
que sacode e balança
presa às tranças do luar.
- - - - - –
Palhaços de profissão?
Ah, Como é bom, fazem bem.
O triste é ter coração
e ser palhaço de alguém!
- - - - - –
Poeta de sonhos diversos,
vivo momentos tristonhos,
mas, ao escrever meus versos,
entro no mundo dos sonhos.
- - - - - –
Quando cantava o sertão,
nossa Inezita Barroso
encantava o coração
cantando num tom gostoso.
- - - - - -
Quando o amor se tem por lema,
numa trova que se lê,
mais belo fica esse tema,
se a trovadora é você.
- - - - - -
Quando o rei sol estorrica,
tortura, com seu clarão,
mais forte é aquele que fica
e dá valor ao seu chão!
- - - - - –
Quando tão bela, ela passa,
elegante, indiferente,
sua graça é uma desgraça,
tira a paz de muita gente.
- - - - - –
Querendo muito ganhá-la,
vivo para bem-querê-la...
No seu desejo de amá-la
sentindo o prazer de vê-la.
- - - - - -
Reflexo do nosso mundo
meus olhos, de tons instáveis,
guardam amor lá no fundo
de momentos memoráveis.
- - - - - –
República portuguesa,
ao ler a história descubro:
foi grande a tua proeza!
E viva "Cinco de Outubro!”
- - - - - -
Sempre alerta mocidade,
em permanente vigília,
defenda a brasilidade,
ame a Deus, Pátria e Família.
- - - - - –
Sempre feliz, a pulsar,
meu coração é um celeiro,
tem muito amor para doar,
nele cabe o mundo inteiro.
- - - - - –
Servidor da tributária,
bem “Severo”, sem igual,
ergue a saia à secretária,
por ser, de “rendas”, fiscal.
- - - - - –
Sobrevoando terras... mares...
Vinte e três de outubro - França!
Santos Dumont vence os ares
e une povos em aliança.
- - - - - -
Só por descuido é que a Helena
acabou por se casar…
Pois, pensou que Cibalena
fosse a pílula… Que azar!
- - - - - –
Só tem sorte, verdadeira,
o que vence frustrações,
e rompe a própria fronteira
em busca de soluções.
- - - - - –
Sou poeta e trovador,
a inspiração me transporta
às nuvens e, com amor,
nas nuvens minha alma aporta.
- - - - - –
Surpresa está na investida
de cada dobra de esquina,
na caminhada da vida
o destino nos ensina.
- - - - - –
Unindo a seresta ao verso
quero compor na amplidão.
Sou menestrel do universo,
em tardes de solidão.
- - - - - –
Voando entre nuvem...montanha...
sou Poeta e Aviador!
Minha ambição é tamanha,
navego em busca do amor!
- - - - - -
Você, mulher escolhida,
da rosa tem o perfume
e, no palco desta vida,
é minha musa, meu lume.
- - - - - –
Vou plantar, da frente ao fundo,
um belo quintal em flor,
o maior jardim do mundo,
pra perfumar nosso amor.

Fontes:
Revista Santos Arte e Cultura
Cláudio de Cápua. Retalhos de Imprensa. São Paulo: EditorAção, 2020.
http://www.de-capua.com/publicacoes.html (desativado)
Carolina Ramos (coord. e redação) A Trova: Raízes e florescimento - UBT. Santos: 3D Estúdio Editoração Gráfica, 2013.

Nenhum comentário: