domingo, 3 de agosto de 2008

Rosangela Aliberti (Ao Espírito da Floresta)

uma chuva fina
bateu no dorso do cerrado
a fome é fria

A saudade da terra quente forçou a descida dos silvos no arbusto. Rosto metade onça metade índio, pode assentar os olhos noutro ser... há um estalo sequioso no centro da língua; urutu-cruzeira, continuará desprendendo parte de ssseu encanto aosss desencantadosss, novas formas de ferraduras irão brilhar. Cascas como sandálias arrastam-se no banhado serpeando o tempo circular... o fundo castanho-escuro se mistura às folhas.

Espírito da Floresta... rastro de coice de espingarda é passado não se pode alimentar o luxo de abraçar okyyse*, não se pode ter receio do cheiro do lixo, não se prende qualquer serpente em frasco de vidro... nem se passa por cima de ninho com tanque de transporte URUTU sem ouvir o eco (cobras sempre haverão de chiar), nada adianta lamentar a coita que em luas passadas deram trela para a má intuição... inventando de sair do centro-oeste para caçar ao sul, se as preás por lá foram insufi_cientes, terão outros pegas prá capar!!! Não adianta fugir do veneno não adianta se esquivar do... aperto de dentes. Ruídos roem as cordas acordando os acordes no vegetar ...a fome, forma socos nos ventres na vegetação

uma chuva fina
bateu no dorso do cerrado
a fome é fria

Fontes:
http://recantodasletras.uol.com.br/
http://olhares.aeiou.pt (imagem)

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