terça-feira, 19 de março de 2013

Antônio Carlos Ferreira de Brito [“Cacaso”] (Madrigal Para Um Amor)

"A maior pena que eu tenho,
punhal de prata,
não é de me ver morrendo,
mas de saber  quem me mata."
(Cecília Meireles)


        Luz da Noite Lis da Noite
        meu destino é te adorar.

        Serei cavalo marinho
        quando a lua semi fátua
        emergir de meu canteiro
        e tu tiveres saído
        em meus trajes de luar.

        Serei concha privativa,
        turmalina, carruagem,
        Mas só se tu, Luz da Noite,
        teu delírio nesta margem
        já quiseres desaguar.

        (Não te faças tão ingrata
        meu bem! Quedo ferido
        e meus olhos são cantatas
        que suplicam não me mates
        em adunco anzol de prata!)

        E quanto nós nos amamos
        em nossa vítrea viagem
        de geada e de serragem
        pelo meio continente!

        Luz da Noite Lis da Noite
        meu destino é te seguir.

        Meu inábil clavicórdio
        soluça pela raiz,
        e já pareces tão farta
        que nem sequer onde filtra
        meu lado bom te conduz:
        Minha amiga vou fremindo
        embebido em tua luz.

Nenhum comentário: