domingo, 17 de março de 2013

Paulo Vinheiro (Impedância)

Nosso dia é meio quente ou meio frio... às vezes nem sei o que é bom disso.

Irrelevante, irreal, translúcido, quebradiço
O dia se faz pasmo, letárgico, sombrio
Sob a luz do sol do meio-dia o amor passeia
Lágrima nos olhos e a calma conformada
A palidez se oculta no luto e no rubor solar
Espesso o ar nos faz um pouco mais lentos
E a marcha dobra e os joelhos doem

Quem fechará as portas dos sentimentos?
Quem cantará entre lágrimas tormentos?
Há quem conte estrelas nos céus do dia
Há que sonhe com que seu amor se levante
Assim antecipando o dia do juízo final
Mas é só amor demais que nos prende
Há que se deixar livre, solta, a ave que voa

Sob estrelas as lágrimas correm e só
O dia renasce e tinge o mundo de luz
Nada a fazer, mais nada a fazer...
O orgulho se quebra e conforme vamos
Nada a dizer... um sorriso talvez, talvez
Um tapa no orgulho e os olhos no chão
A resistência à elétrica descarga

E o choque esvai entre os olhares
As coisas no mundo retomam o seu lugar
E um lugar vazio se enche... tomara de luz
Nada morre, tudo se transforma
A inteligência, o sorriso, há de prevalecer
O mundo não abraça o luto com afeição
Não existem corvos, a não ser os que criamos

*Pelo passamento de Lídio Pinheiro

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