terça-feira, 12 de março de 2013

O Nosso Português de Cada Dia (Pegadinhas do Português) Parte 1

Pegadinha 1

Desculpem o transtorno.


O verbo desculpar é transitivo direto e indireto, isto é, ele possui dois objetos: um direto e outro indireto. A ordem em que esses objetos figuram na oração é indiferente.  Pode vir primeiro o objeto direto, depois o indireto, ou vice-versa. Trocando em miúdos, quem desculpa, desculpa alguém por alguma coisa. O objeto direto é sempre uma pessoa e o indireto é alguma coisa. Seria muito desagradável, neste caso, procurar o transtorno para desculpá-lo por alguma coisa que tenha feito de errado. Será que foi o transtorno quem escreveu essa frase?

O correto seria escrever:

Desculpem-nos pelo transtorno.
––––––––––––––––––––

Pegadinha 2

Agradecemos a preferência.


Vamos aprender a agradecer em bom português. Muita gente boa agradece mal aos seus clientes por falta de conhecimento de transitividade verbal. O verbo agradecer, nessa construção, possui outra regência, que o transforma num transitivo indireto acompanhado de um adjunto adverbial de causa. Na frase errada, acima, o agradecimento é dirigido à causa (= a preferência) e não ao seu agente (= o cliente ou os clientes).

Para agradecer, corretamente, deve-se escrever assim:

Agradecemo-lhes pela preferência.

ou

Agradecemos aos nossos clientes pela preferência.
––––––––––––––––––––

Pegadinha 3

São os banqueiros que acabam lucrando.


Neste tópico de dicas de português para concursos, a expressão é que não é genuinamente um verbo. Trata-se simplesmente de uma locução de realce, que a usamos, evidentemente, para dar destaque à ideia expressa na frase. Por tratar-se de um mero adorno frasal, essa locução é totalmente dispensável sem prejuízo para o sentido da oração. Exemplo:

É os banqueiros que acabam lucrando. = Os banqueiros acabam lucrando. (A igualdade é de significação, é lógico.)

Mais exemplos:

Só nós dois é que sabemos o quanto nos queremos bem. (Letra de canção portuguesa.)
Seria ridículo dizer: Só nós dois somos que sabemos o quanto nos queremos bem. A frase original pode ser escrita, sem nenhum prejuízo para a sua significação: Só nós dois sabemos o quanto nos queremos bem.

É eles que representarão o presidente. Essa frase está correta. Estaria incorreta se fosse escrita assim: São eles que representarão o presidente. Se eliminarmos do contexto a expressão de realce é que, veremos que o sentido é o mesmo: Eles representarão o presidente.

Muito cuidado! Nas questões de português, sobre concordância verbal, as organizadoras de vestibulares e concursos públicos costumam usar, de vez em quando, frases desse tipo, induzindo o vestibulando ou concursando a considerá-las incorretas.

Concluindo, indicamos como escrita correta da frase do topo a seguinte construção:

É os banqueiros que acabam lucrando. - ou

Os banqueiros é que acabam lucrando.

Lembrar: é que – é uma locução de realce.

Fonte:
126 Pegadinhas em Língua Portuguesa. www.softwareebookecia.com.

Nenhum comentário: