sábado, 16 de março de 2013

Wagner Marques Lopes (MG) (Fábula: As duas fofoqueiras)

Duas inveteradas fofoqueiras se espetavam:

- Eu sou a maior fofoqueira do mundo!...

 - Você se engana. Você é minha referência. Assim sendo, procuro estar sempre na sua frente. Na sua falta, o que será de mim?!... Imagino o dia que eu partir e o mundo acabar à sua volta!... Com quem você há de fofocar?!... Acredito que você irá chamar o Tédio, e depois de arengar com ele sobre a falta de graça da existência, entrará no mundo do Aborrecimento e ali, desastradamente, você irá fofocar, com seus próprios ouvidos, sobre a aridez, a obtusidade e a estupidez da própria vida!...

- Chega!... Terei que passar por tudo isso?!...

- Sim... E tem mais: finalmente você conhecerá o Desgosto... O vazio, um vale psíquico difícil de ser atravessado!...

- Seu discurso está me causando enfado... Deixe-me ir.

- Enfado maior é o provocado pela fofoca – pensou a outra.

         O Dicionário Houaiss, com três acepções, assim faz referência ao tédio:

1    sensação de enfado produzida por algo lento, prolixo ou temporalmente prolongado demais.
2    sensação de aborrecimento ou cansaço, causada por algo árido, obtuso ou estúpido.
3    sensação de desgosto, ou vazio, sem causas objetivas claras.

           Moral

No seu destino cruel
de remanso traiçoeiro,
a fofoca tem papel
de engolir o fofoqueiro...

Fonte:
O Autor

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