Sebastião Cícero dos Guimarães Passos
Nasceu: 22 de março de 1867, Maceió - AL
Faleceu: 9 de setembro de 1909, Paris - França
Aos 19 anos foi para o Rio de Janeiro, se juntou aos jovens boêmios da época, onde se alinhavam Paula Ney, Bilac, Coelho Neto, Luís Murat, José do Patrocínio e Artur Azevedo. Era a idade de ouro da boemia dos cafés, e não poderia haver melhor ambiente para o espírito do poeta.
Foi um dos parnasianos do grupo de Olavo Bilac e viveu no Rio de Janeiro à época da transição política da monarquia para a República. Com o advento desta perde seu emprego de funcionário público e torna-se adversário do regime, no que é perseguido pelo governo de Floriano Peixoto, exilando-se em Buenos Aires.
A par disto, Guimarães Passos teve uma vida agitada, dividida entre a boemia, os versos, e um casamento infeliz. No entanto, apesar das atribulações cotidianas, o poeta era um homem de humor fino, sempre fazendo blague com a própria desgraça - e a dos outros. É o que nos conta Laudímia Trotta, em sua biografia O Poeta Boêmio - Guimarães Passos.
Paulo Barreto, mais conhecido como João do Rio, conta, com a graça costumeira dos seus textos, como se deu a vinda desse alagoano para o Rio:
“(...) um jovem poeta de Maceió resolveu acompanhar a bordo três amigos, que de viagem se faziam para a Corte, capital do império. O poeta era belo mancebo tropical. Alto, elegante, bíceps gigantes, largo busto, com o desabrocho da cintura estreita, longas mãos, cabeleira crespa formavam-lhe a beleza máscula; e quando ria, um riso jovial, entre a ironia satisfeita e a ingenuidade irônica, (...) Era forte, era são, esse mancebo amável. Chamava-se Sebastião Cícero dos Guimarães Passos''.
O moço poeta entrou para o navio com as melhores disposições de voltar a terra uma hora após. Como sempre foi e ainda é costume, apenas nas viagens por mar, afogar as despedidas numa bebida, qualquer bebida em comum, o poeta e os três viajantes abancaram no convés em torno a uma pequena mesa. A conversa animou-se.
Quando ela ia mais animada, Sebastião dos Guimarães Passos ergueu-se, estreitou nos braços os três amigos e, com o seu passo solene - o passo heráldico, como vieram depois denominá-lo -, encaminhou-se para o portaló. Aí viram seus olhos mover-se à paisagem e no oceano. O navio singrava havia meia hora e dentro em pouco estaria em alto-mar. Sebastião sorriu e voltou aos amigos.
Esse poeta da boemia, da época áurea da boemia dos cafés, tem vida e morte divididas em quatro navios: esse que o levou de Maceió para o Rio; aquele que o deixou no exílio em Buenos Aires, para se livrar de Floriano Peixoto; o terceiro, que o conduziu à Ilha da Madeira em busca de curar a tuberculose, que o mataria em Paris, a 9 de setembro de 1909, aos 42 anos; o quarto, e último navio, que repatriou os seus restos mortais, em 1922, por iniciativa da Academia Brasileira de Letras.
FONTE:
Academia Brasileira de Letras
Faleceu: 9 de setembro de 1909, Paris - França
Aos 19 anos foi para o Rio de Janeiro, se juntou aos jovens boêmios da época, onde se alinhavam Paula Ney, Bilac, Coelho Neto, Luís Murat, José do Patrocínio e Artur Azevedo. Era a idade de ouro da boemia dos cafés, e não poderia haver melhor ambiente para o espírito do poeta.
Foi um dos parnasianos do grupo de Olavo Bilac e viveu no Rio de Janeiro à época da transição política da monarquia para a República. Com o advento desta perde seu emprego de funcionário público e torna-se adversário do regime, no que é perseguido pelo governo de Floriano Peixoto, exilando-se em Buenos Aires.
A par disto, Guimarães Passos teve uma vida agitada, dividida entre a boemia, os versos, e um casamento infeliz. No entanto, apesar das atribulações cotidianas, o poeta era um homem de humor fino, sempre fazendo blague com a própria desgraça - e a dos outros. É o que nos conta Laudímia Trotta, em sua biografia O Poeta Boêmio - Guimarães Passos.
Paulo Barreto, mais conhecido como João do Rio, conta, com a graça costumeira dos seus textos, como se deu a vinda desse alagoano para o Rio:
“(...) um jovem poeta de Maceió resolveu acompanhar a bordo três amigos, que de viagem se faziam para a Corte, capital do império. O poeta era belo mancebo tropical. Alto, elegante, bíceps gigantes, largo busto, com o desabrocho da cintura estreita, longas mãos, cabeleira crespa formavam-lhe a beleza máscula; e quando ria, um riso jovial, entre a ironia satisfeita e a ingenuidade irônica, (...) Era forte, era são, esse mancebo amável. Chamava-se Sebastião Cícero dos Guimarães Passos''.
O moço poeta entrou para o navio com as melhores disposições de voltar a terra uma hora após. Como sempre foi e ainda é costume, apenas nas viagens por mar, afogar as despedidas numa bebida, qualquer bebida em comum, o poeta e os três viajantes abancaram no convés em torno a uma pequena mesa. A conversa animou-se.
Quando ela ia mais animada, Sebastião dos Guimarães Passos ergueu-se, estreitou nos braços os três amigos e, com o seu passo solene - o passo heráldico, como vieram depois denominá-lo -, encaminhou-se para o portaló. Aí viram seus olhos mover-se à paisagem e no oceano. O navio singrava havia meia hora e dentro em pouco estaria em alto-mar. Sebastião sorriu e voltou aos amigos.
Esse poeta da boemia, da época áurea da boemia dos cafés, tem vida e morte divididas em quatro navios: esse que o levou de Maceió para o Rio; aquele que o deixou no exílio em Buenos Aires, para se livrar de Floriano Peixoto; o terceiro, que o conduziu à Ilha da Madeira em busca de curar a tuberculose, que o mataria em Paris, a 9 de setembro de 1909, aos 42 anos; o quarto, e último navio, que repatriou os seus restos mortais, em 1922, por iniciativa da Academia Brasileira de Letras.
FONTE:
Academia Brasileira de Letras
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