terça-feira, 19 de março de 2013

Aureliano Lessa (1828 – 1861)

(Diamantina MG, 1828 - Conceição do Serro MG, 1861)

Iniciou, em 1847, o curso de Direito em São Paulo; no entanto, formou-se bacharel em Direito pela Faculdade de Olinda PE, em 1851.

Em São Paulo, conviveu com Álvares de Azevedo e Bernardo Guimarães.

Trabalhou com procurador fiscal da Tesouraria Geral de Minas, em Ouro Preto MG,  e advogado em Diamantina e Conceição do Serro MG.

Não publicou livros em vida; seus poemas foram reunidos no volume Poesias Póstumas, publicado em 1873, com nova edição em 1909.

Poeta da segunda geração do Romantismo brasileiro, Aureliano Lessa, segundo o crítico Augusto de Lima,  “escrevia principalmente para o povo, se é que ele não se preocupava simplesmente com as suas próprias impressões, dando-lhes a forma que mais convinha ao meio simples em que veio viver”.

Sabe-se que foi autor de modinhas, somente editadas por familiares após seu falecimento. Uma delas, "Lembranças do nosso amor", editada em 1865, foi muito cantada em Minas, rendendo duas versões: a de Laurindo Rabelo, "À minha mulher", é tida como previsão da própria morte desse compositor. Outra versão é a engraçada paródia de Bernardo Guimarães, publicada em 20 de junho de 1867, no jornal "Constitucional" de Ouro Preto.

Vês lá na encosta do monte,
Mil casas em grupozinhos,
Alvas, como cordeirinhos
Que se lavaram na fonte ?!...
Não vês deitado defronte
Qual dragão petrificado
Aquele serro curvado
Que mura a Cidadezinha,
Pois essa cidade é minha
É meu berço idolatrado!...

Ali meus olhos se abriram
À Luz matinal da vida,
Lá primeiro à Mãe querida
Meus lábios de Amor sorriram ...
Lá seu nome proferiram
Antes do nome de Deus !...
Lá tentei os passos meus
Da vida na estrada rude
Lá aprendi a Virtude
Minha Mãe, dos lábios teus.


Olha como ela se inclina
Pela esmeralda do monte
Molhando os pés numa fonte
De água fresca e cristalina.
Olha como ela domina
Esses serros alcantis
Com seus ares senhoris
Com seu cofre de Diamantes
No meio de seus Amantes
Distribuindo rubis.


Salve Atenas tão risonha
Da verde e saudosa Minas
Rainha dessas colinas
Que banha o Jequitinhonha
Teu vassalo; ele nem sonha
Quebrar-te o jugo real...
E vem, a um leve sinal,
Com seus Rubis, com seu Oiro
Derramar no teu tesoiro
O seu tributo anual.


Feliz quem no seio teu
O sopro da Providência
Faz brotar a Inteligência,
Pérola fina do Céu,
Como da Noite no véu
Faz mil pérolas fulgir
Tu tens ó rival de Ofir,
Outras jóias, outros brilhos
Teu tesoiro são teus filhos,
Tua glória é seu porvir.

Seu Porvir, sim, que amanhece
Lá nos longes do Futuro,
Não o meu, que um Fado escuro
De negros fios só tece...
Pátria! tudo me falece
Para erguer teu esplendor
Mas do pobre trovador
Terás o óbolo pobre
No peito um Coração nobre
Na lira um canto de Amor!...


Fontes:
http://www.jayrus.art.br/Apostilas/LiteraturaBrasileira/Romantismo/Aureliano_Lessa.htm
http://passadicovirtual.blogspot.com.br/2009/12/aureliano-lessa.html

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