quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Mara Melinni (Da Urgência)


Algumas coisas vão sempre ficando pra depois... Ou porque o dia está cheio ou porque parece que o tempo foge depressa, como se estivesse disputando uma corrida com a gente. Por uma razão ou outra, algo - importante - sempre fica de fora. Pra amanhã, pra depois de amanhã, pra semana que vem, quem sabe!

Aí, livrados da urgência, acomodamos tudo no nosso calendário. O horário do trabalho, a vaga no salão, uma viagem, o dia de sair com as amigas, um aniversário, a hora do pilates, fazer compras... Compromissos, datas. Mas não damos conta, mesmo...

E, no meio dessa correria toda, eu percebi uma urgência. E ela justifica as minhas lacunas. De tanto fazer planos e de eles não caberem no meu tempo, perdendo-se no meio do caminho, vi que o mais essencial estava sendo deixado de lado: Me olhar, me admirar. No sentir, no cuidar e... Até no espelho!

E quando me permiti fazer isso, eu pude me esvaziar daquela corrida maluca com as horas e deixar meus pés sentirem a calmaria do chão, descalços, despidos, suavemente. Pude sonhar acordada, sem relógio e, sem cautelas, rabiscar novos projetos, fazer aposta no meu talento, sentir algo diferente, achar beleza no meu sorriso.

Eu fiz, de mim, a minha urgência.

E eu me senti tão plena, que tudo se acomodou melhor e ficou mais prazeroso.

Apaguei as notas do planner e escrevi um só compromisso: Ser feliz!

Fonte:
Blog da autora.

3 comentários:

Mara Melinni disse...

Obrigada por divulgar sempre e tanto os nossos versos e inspirações, querido Feldman! Gratidão... Um abraço.

Jota Feldman disse...

Mara
Eu que agradeço poder compartilhar suas palavras. Ás vezes me sinto deprimido, por não importa o quanto eu me esforce para oferecer o melhor de si para os outros, recebo mais críticas e tão raros elogios. Mas, daí lembro de suas palavras:

"Nem sempre seremos vistos por nossas qualidades e aptidões. Não é fácil ser reconhecido pelo que somos, aqui dentro. Nunca foi fácil para mim. Nem é para muita gente, eu sei...! Levar a vida defendendo o que se acha certo, é para poucos. E sou dessa minoria. Sou desse bloco, dos que se mostram sem ter vergonha, dos que se expressam com a alma leve porque defendem a bandeira da boa-fé, sem interesse nenhum a não ser o de fazer o bem. Às vezes, falho; no entanto, é, dos meus, baixar a cabeça quando for preciso. Assim como é o fato de, depois de uma dolorosa queda, saber limpar os joelhos feridos, secar o pranto e seguir em frente, ainda que a poeira, áspera e insistente, permaneça no caminho.

Eu queria poder ser vista pelo valor interior que tenho, pelos meus esforços, meus empenhos em prol dos outros, minhas lutas gratuitas que travo, sem esperar nenhuma contrapartida. E queria, ainda, saber não sofrer quando os outros (que só enxergam a si mesmos) desmerecessem o meu valor. Mas entendi - depois de um último embate - que eu sou vista, sim... E de forma suficiente... Límpida... Por aqueles que, verdadeiramente, me respeitam e me reconhecem como eu sou."

Então eu enxugo as lágrimas que escorria por minha face, me ergo de novo e prossigo adiante, com a certeza de que mesmo não podendo agradar a gregos e troianos, alguns poderão se sentir abençoados e mesmo no silêncio posso perceber o sentimento de gratidão. Então, minha amiga, meu muitíssimo obrigado.

Mara Melinni disse...

A vida é um livro longo, com passagens alegres e outras bem pesadas. Mas tenho aprendido, com humildade e resiliência, a entender melhor a forma de escrever esse livro. Não quero que o escrevam por mim. Quero fazê-lo, mesmo no risco de errar. Mesmo sem garantia do que virá amanhã. A caneta com a qual escrevo se chama PRESENTE, HOJE, AGORA. Realizar feitos diários, amar quem sou e o que tenho, buscar o que não tenho, agradecer, equilibrar. Das nossas lutas, só nós conhecemos. Mas elas se tornam mais leves, quando passamos a saber viver de outro modo. Que sejamos felizes no agora!! Abraços.