Ao contrário da mentira,
é reta a sinceridade;
aquela desperta a ira,
esta, a credibilidade.
Ao político a advertência
- muito bom lembrar de novo:
Que jamais perca a consciência
de que o Poder é do povo.
Aproveita a solidão
medita nos males teus!
Coloca-te em oração
e, assim, encontrarás Deus.
A razão pura do amor
que surge no coração,
cura sintomas de dor,
apaziguando a paixão.
A sabedoria diz,
até parece um revés:
"A inveja de um, que maldiz,
é como o elogio de dez".
Assim diz o pensador:
"O tempo passa veloz".
Mas, eu digo, meu senhor,
velozes passamos nós.
Assim se porta o covarde,
com ares de valentão,
ao percorrer toda parte,
com escopeta na mão.
A trova que, num repente.
surge livre no meu ser
diz o que minh’alma sente
naquele instante a viver.
A trova, toda alegria,
ao colorir sua rima,
propaga nova harmonia,
criando até obra-prima.
A vida é o luzir veloz,
encanto em fugaz momento,
apenas um sonho atroz
nas asas sutis do vento.
Canto sempre a natureza
e as rosas do meu caminho;
nestas flores há realeza,
apesar de muito espinho.
Com seus voos de condor,
recriando alma florida,
trova que fala de amor
é a melhor trova da vida.
Contemplo o rio da cidade
da minha terra natal...
e vejo calamidade
sobre agonia fatal...
Corre a tristeza salgada
numa cruel soledade,
e a desventura é calada
na lágrima da saudade.
Elevo meu pensamento
em delírio natural;
meu pátrio devotamento
é a minha terra natal.
Em sendo o "fiel da balança",
a Justiça é protetora;
dos povos - a segurança,
e dos maus - a vingadora.
Grande síntese é a trova:
concentra numa quadrinha
o muito que se comprova
até na mera entrelinha.
Há muita autobiografia
que está longe da verdade;
mostra farta fantasia,
cobrindo falsa deidade.
Meras conquistas terrenas,
inúteis preciosidades,
deixam nossas almas plenas
de tolices e vaidades.
Meu coração franciscano
vive feliz neste aprisco;
tenho a UBT por arcano,
co'a bênção de São Francisco.
Minha mãe deixou-me, sim,
mergulhado em soledade;
mas ressuscitou, enfim,
no coração da saudade.
Muitas vezes, a vaidade
lembra o manto colorido
que disfarça a nulidade
de um caráter iludido.
Na ideia de eternidade,
relógio não há, pois sim;
perante Eterna Verdade,
a hora ali é sem fim.
No íntimo mais profundo,
fingindo santa inocência,
quem mostra o porão imundo
da sua própria consciência?
No lume que a trova leva
rebrilha a literatura,
dissipando a inculta treva
que inda ocultava a cultura.
O rio, outrora galante,
tristonho, já sem beleza,
parece um velho arquejante,
expulso da natureza.
Quem é vazio de interior
não suporta a solidão;
quer convívio, quer amor,
mesmo que seja o de um cão.
Se tivesse inspiração,
escreveria um poema;
certamente, com razão,
amor seria o meu tema.
Um país equilibrado
ruma firme para o norte;
tem povo politizado
com salário digno e forte.
Fonte:
Lairton Trovão de Andrade. Perene alvorecer. 2016.
Livro enviado pelo autor.
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